[POV Calum]
Ia levar a Hope a um concerto. Um concerto. O que raio tinha na cabeça quando pensei nisso? Não ia poder falar com ela assim tanto. Talvez fosse isso que eu queria porque estava demasiado nervoso com este encontro mas se não falássemos este encontro ia correr tão mal.
Não podia alterar tudo agora porque tinha de ir buscá-la dentro de 10 minutos.
Ashton: Olha só para ti. Todo janota, até vestiste a tua melhor t-shirt. – disse rindo enquanto a Gemma me observava atentamente. Era bom ver duas pessoas de quem gosto tanto a dar-se bem novamente.
Eu: Não me chateies.
Gemma: Oh. Meu. Deus. Tu estás tão nervoso!
Eu: Como não hei-de estar? Eu convidei-a para ir comigo a um concerto! Mal vamos ter oportunidades de falar um com o outro.
Ashton: Concertos são românticos e podes sempre levá-la a jantar depois disso.
Gemma: Isso é uma ótima ideia, devias levá-la ao novo restaurante que abriu na Gresham St. Acho que se chama The Red Herring. – a ideia deles tinha sido tão boa que me atirei para o sofá caindo em cima deles agradecendo-lhes vezes e vezes sem conta.
Ashton: Compraste-lhe flores, certo? – senti o meu coração a tentar sair do peito ao perceber que me tinha esquecido de comprar flores. – Meu Deus, tu não lhe compraste flores.
Gemma: Eu disse-te. Pelo menos eu sou inteligente o suficiente e comprei flores no caminho para cá, elas estão na cozinha. – agarrei-a e beijei a sua cabeça repetidamente.
Eu: Obrigada por me salvares. Agora eu tenho de ir. – passei pela cozinha e agarrei as flores antes de me dirigir à porta.
Gemma: Divirtam-se!
Ashton: E tenta não ficar muito nervoso! – era fácil falar. Ele já não se sentia nervoso ao ir sair com a Ana porque já era habitual mas para mim não, nunca saí com a Hope sem que os rapazes estivessem por perto. Nunca consegui ter uma conversa com ela que durasse mais de 15 minutos porque eles acabavam sempre por nos interromper.
Saí de casa e dirigi-me ao meu carro. Ao sentar-me no lugar do condutor pousei as flores, que tinham um tom rosado que desvanecia para branco, no assento do passageiro. Comecei a minha viagem de dois quarteirões até à casa da Hope, enquanto conduzia os meus dedos dançavam à volta do volante devido a não conseguir estar completamente quieto por culpa dos meus nervos.
Assim que cheguei saí do carro e agarrei as flores colocando-as atrás das costas. A Hope saiu antes de eu chegar a metade do corredor de pedra que levava à sua porta. Ela estava a usar uma t-shirt branca quase transparente, um casaco de cabedal preto e umas jeans azuis com botas pretas. Ela estava a usar algo simples mas eu gostava, era assim que ela era; simples.
Estava demasiado ocupado a olhar para ela que nem reparei que ainda estava a andar e quando dei por mim tropecei caindo para a frente aterrando em cima dos meus braços e da minha cara. A Hope correu na minha direção e agachou-se ao meu lado perguntando se eu estava bem, simplesmente levantei a mão que segurava as flores e ela agarrou-as.
Eu: Espero que gostes. – disse ainda com a cara no chão.
Hope: São lindas, Calum. – ela agarrou o meu braço e ajudou-me a levantar, senti a minha cara arder e ela passou os dedos levemente pela minha bochecha. – Acho que precisas de desinfetar esses arranhões. – disse baixinho. – Anda, eu trato disso num instante. – ela agarrou a minha mão e arrastou-me para dentro da sua casa. Ela colocou rapidamente as flores num jarro com água e depois levou-me até à casa-de-banho; ela tirou álcool e algodão da prateleira e agarrou a minha cara com cuidado. – Isto vai arder mas tenta ficar quieto, okay? – acenei com a cabeça e ela passou o algodão ensopado em álcool pela minha bochecha fazendo-me sentir uma grande ardência na zona da ferida, simplesmente mordi o meu lábio tentando não me mexer e não gritar.
Assim que ela acabou de desinfetar as minhas feridas ela começou a guardar o algodão e o álcool. A minha cara finalmente parou de arder e reparei na dor que sentia no meu braço esquerdo, olhei-o e vi o sangue que escorria de um corte aberto. A Hope virou-se e ao reparar no meu braço o seu queixo caiu.
Eu: Nós não vamos conseguir ir ao concerto, pois não? – ela abanou a cabeça e eu suspirei, não tinha planeado as coisas assim.
Hope: Acho que precisas de ir ao hospital levar pontos. – ela pegou numa toalha e enrolou-a à volta do meu braço. – Eu conduzo.
Eu: As chaves estão no carro.
Hope: Boa, vamos. – ela agarrou a minha mão e guiou-me até ao carro depois de trancar a porta de casa. Olhei para as nossas mãos enquanto andávamos e pensei no quanto não me importava de segurar a sua mão até ao resto da minha vida.
Sentei-me no lugar do passageiro enquanto a Hope ligava o carro. Depois de algum tempo apenas a ouvir a música do rádio é que começámos a falar, era bom falar com ela sabendo que ninguém nos ia interromper. Sentia que lhe podia contar tudo porque para além de ela ser a rapariga de quem gosto ela também era minha amiga.
Hope: Nunca tive de levar o meu par ao hospital durante um encontro.
Eu: Sabes como sou; imprevisível.
Hope: E parvo.
Eu: Estou magoado e tu insultas-me, como te atreves Cooper?
Hope: Não me chames isso, estou a levar-te ao hospital. Tens de ser simpático comigo, podia ter-te deixado a sangrar.
Eu: Não farias isso.
Hope: Quem disse?
Eu: Disse eu. Eu sei que não farias.
Hope: Tens razão, gosto demasiado de ti para te deixar nesse estado. – senti as minhas bochechas ficarem vermelhas e aposto que ela reparou nesse detalhe pois começou a sorrir para si mesma.
[POV Calum]