5º Capitulo - Pain is only relevant if it still hurts

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Acabei a minha aula e o meu aluno foi-se embora, o Harry não tinha descido por isso suponho que ele tenha pensado que fosse a Joana a tocar, essa tinha sido uma vantagem de ela ser parecida comigo e querer tocar o mesmo instrumento que eu.

Como não podia ir para o meu quarto eu apenas sentei-me em frente ao piano e comecei a tocar Paradise dos Coldplay. A meio da canção comecei a cantar também sem dar conta disso, quando acabei de tocar o Harry sentou-se em cima do piano.

Harry: Sempre tocaste lindamente e a tua voz não fica nada atrás. E só para que saibas eu sabia que eras tu cá em baixo, fiquei a ouvir a tua aula das escadas. – não lhe respondi. Não queria falar com ele neste momento, ou talvez até quisesse mas simplesmente estava demasiado frustrada comigo mesma para falar com ele. – Não podes ficar zangada comigo porque te beijei, tu também o querias e sabes bem disso.

Eu: Harry, eu beijei-te de volta. Isso foi como trair o Ashton e tu sabes como a coisa que eu nunca aguentei foram traições e tu também sabes bem porquê.

Harry: Mas tu e o Ashton não estão casados, vocês não têm filhos e isto não é como no casamento dos teus pais.

Eu: MAS CONTINUA A SER UMA TRAIÇÃO! – gritei. – Ele vai ficar magoado na mesma. – continuei tentando acalmar-me. Eu não queria gritar com ele, queria gritar comigo.

Harry: Não te importaste se doeu quando me deixaste mas importas-te com o Ashton.

Eu: Importei-me sim. E eu senti-me culpada todos os dias.

Harry: Então volta para mim!

Eu: Não posso! Eu gosto do Ashton e importo-me com ele, ele é meu amigo.

Harry: Mas eu amo-te.

Eu: E eu tenho um namorado… desculpa Harry. – lágrimas deslizaram pela sua face e eu desviei o olhar para não o ver chorar, ele fungou e passou por mim saindo de casa batendo com a porta.

Eu sentei-me em frente ao piano e comecei a chorar, eu queria-o de volta mas eu tinha medo do quanto o amava e eu tinha acabado de trair o Ashton, não podia simplesmente deixá-lo assim.

Joana: Vocês amam-se tanto mas tu és tão casmurra. – perguntei-me há quanto tempo ela devia estar em casa, se é que não tinha estado lá o tempo todo.

Eu: Tu não percebes Joana…

Joana: Percebo que tens medo mas por amor de Deus tu nunca vais amar alguém como o amas a ele. Tu choras todos os dias porque ele já não é teu e agora vais deixá-lo ir embora assim?! Tu não fazes sentido, sabias disso?

Eu: O Ashton é meu amigo.

Joana: Por isso ele vai perceber que te deve deixar ser feliz.

Eu: Não lhe posso fazer isso…

Joana: Pensa, por uma vez na vida, na tua felicidade primeiro. O Ashton disse que vem cá, pensa bem.

Enfiei a minha cabeça entre as mãos e respirei fundo, eu não podia deixar o Ashton, ele é meu amigo e ele sempre me tratou bem. Eu estava numa espécie de dívida para com ele, ou pelo menos sentia que estava.

Pelos vistos o tempo tinha passado sem eu dar por isso e quando dei por mim tinha o Ashton a abanar-me chamando a minha atenção.

Ashton: Ana? Ana? Ana, está tudo bem?

Eu: Unh? O quê? – levantei o meu olhar e vi o Ashton a olhar-me preocupado. – Oh desculpa… estava a pensar.

Ashton: Espero que fosse em mim. – sorriu e abraçou-me.

Eu: Garanto-te que era… – talvez não da melhor maneira e, definitivamente, não da maneira que ele queria mas estava a pensar nele.

Ashton: Tenho um pedido para te fazer.

Eu: Está bem, o quê?

Ashton: Será que tu, umh… será que gostavas de vir comigo a uma entrega de prémios? Os rapazes convidaram-nos e nós podemos levar alguém, por isso… aceitas?

Eu: Ash, eu não sei… eu não sou do tipo que gosta de estar no centro das atenções.

Ashton: Por favor, eu adorava ter lá a minha namorada. Por favor, isto é muito importante para mim!

Eu: Eu vou mas se não gostar posso-me vir embora, certo?

Ashton: Claro que sim mas tenho a certeza que vais adorar. Fico tão contente por ires comigo. – ele sorriu e abraçou-me com imensa força.

Eu: Eu gosto muito de ti Ash, sabes disso certo?

Ashton: Sim sei. – sorriu – E tu sabes que eu também gosto muito de ti, certo?

Eu: Sim, eu sei.

Ashton: Hey, sorri. Eu adoro-te, devias ficar feliz por isso.

Eu: Eu sei e estou. Eu, umh, tenho de ir fazer o jantar. A Joana deve ter fome…

Ashton: Queres ajuda?

Eu: Não é preciso, eu faço num instante.

Ashton: Estás bem? Pareces um pouco distante.

Eu: Ótima. Adorei que me tenhas vindo ver Ash. – beijei a sua bochecha. – Obrigada.

Ashton: De nada, estar contigo é o que mais gosto de fazer. – ele abriu um grande sorriso que derreteria qualquer rapariga mas infelizmente não tinha qualquer efeito em mim.

Eu: Gosto muito, mas mesmo muito de ti Ash. – abracei-o e saí para a cozinha.

Fechei-me na cozinha e encostei-me ao balcão a chorar, eu sentia-me tão culpada. O Ashton era uma ótima pessoa e tinha sempre feito de tudo para me deixar feliz mas mesmo com todos os seus esforços eu não conseguia amá-lo. Ele merecia melhor, eu sabia disso, mas não tinha coragem para dizer-lhe a verdade.

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