Capítulo Dois - Disfarçando

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( Sábado, 24 de Junho )

KATE BLANK:

Já faz alguns meses desde o dia em que Ethan me pediu em namoro e me fez a promessa de que nunca iríamos abandonar um ao outro nas rochas de Angra. E também já faz algumas semanas que Brian partiu de volta para os Estados Unidos - logo após comprar um celular, é claro!

Novidades à parte: Carol e Brian voltaram a ficar juntos no mesmo final de semana que estivemos em Angra, embora não tenham admitido ou assumido alguma coisa. É! Parece que aquela viagem serviu para todos nós resolvermos um pouquinho dos nossos "problemas".

Mesmo que Sasha e Mike sejam meu 'casal de amigos' preferido até então, infelizmente não pude contar a eles sobre a minha relação com Ethan, então, por mais que esteja fazendo dois meses já, nada foi oficial. Até porque: notícias correm rápido!

Ás vezes ele sente a necessidade de demonstrar um pouco de carinho em público, mesmo que seja arriscado. Ethan fica chateado por não poder gritar pro mundo que nós dois namoramos, mas não tenho muito o que reclamar, já que ele permanece quieto e tenta ser compreensível.

Helena desconfia sériamente de tudo, assim como a Zilda. Mas, como juramos que só Brian, Noah, Cecília e mais tarde Mike e Sasha saberiam, não contamos à elas ainda.

- Querida, parece que seus pais estão te chamando! - A cabeça de Zilda surge diante da porta do meu quarto. Agradeço pela informação e pisco o olho. Levanto da cama com aquela preguiça e cambaleio até a porta.

Desço as escadas na ponta dos dedos e os vejo, novamente arrastando as malas para o quarto.

- Oi. - Resolvo dizer, enquanto acaricio o meu próprio cotovelo.

- Oi filha! - Minha mãe se vira e mostra um sorriso ao me ver. - Que saudade que eu senti de você! - Ela me puxa para um abraço e beija a minha testa. Pelo jeito ela está de bom humor! Vamos ver quanto tempo isso vai durar...

- Nós trouxemos chocolate aos montes para você! - Diz papai, tentando fazer com que eu vibre de alegria, como costumava fazer à uns anos atrás.

- Que bom! - É tudo o que digo, com um sorriso forçado.

Não passa muito tempo e logo sou chamada novamente para o almoço. Enquanto cortava um pedaço de carne com a faca de porcelana, decido perguntar:

- Quando será a próxima viagem? - Minha voz me trai e falha, demonstrando a minha fraqueza e o meu medo. Eles pousam seus olhares sobre mim, e Manfred pigarreia, como se estivesse querendo mudar de assunto. Minha mãe me olha triste.

- Será no dia 2, querida... - Diz angustiada. Eu suspiro sarcástica e falo visivelmente irônica e chateada:

- Que legal né!? Bom... desejo que vocês dois aproveitem!! - Tiro o guardanapo, largo os talheres com força e saio. Saio correndo. Tranco a porta e me jogo na cama.

Merda, merda, merda, merda... Por que essas coisas só acontecem comigo?

Não é a primeira vez que eles faltam o meu aniversário. Pra ser muito mais clara, do tamanho do problema: eles não estavam na minha festa de 15 anos. E para ser ainda mais dramática, assim que eu soube que eles não estariam por aqui, pedi para que cancelassem tudo.

Essa é a prova de que não tenho tanta importância assim. Do que adianta uma festa se seus pais, que deviam estar comemorando com você mais um ano de 'amadurecimento' não estão?! Aí depois, quando o assunto é do interesse deles, eles me botam seguidamente contra a parede, para saber se vou seguir a faculdade de administração. Pra mim ficar com a empresa. Pro peso todo passar para as minhas costas. Daí eles voltam com chocolates e sorrisos falsos. Não sei porque ainda me importo e me machuco com tão pouco.

Quando eu tento achar um jeito indireto de dizer que não quero ficar com as ações que pertencem a eles, fazem com que eu me sinta culpada. Os seus rostos levam consigo uma expressão sofrida, desapontada e até mesmo ofendida. Isso é jogar sujo.

A verdade é ainda mais dolorosa se eu me arriscar a pensar nos detalhes dos próximos anos: irei depender do dinheiro deles para uma futura faculdade. É bem provável que até lá eles me façam sentir culpada o suficiente para mim assumir. Ou que façam um tipo de chantagem emocional. Ou simplesmente me proíbam de fazer qualquer outro tipo de faculdade que não seja essa! Não sei mais do que eles são capazes, e sinceramente: acho melhor não bancar a durona e tentar descobrir.

Quando o telefone do meu quarto toca, limpo as lágrimas e engulo com dificuldade antes de atender.

- Alô?! - A minha voz sai melosa e chorosa demais, e sinto uma vontade enorme de jogar a porcaria do telefone contra a parede.

- Kate?? - Reconheço a voz no mesmo instante.

- Ethan!! - Chamo seu nome enquanto limpo porcamente o restante das lágrimas na minha própria camiseta. 

- Ei!? O que houve? - Pergunta do outro lado da linha. Consigo imagina-lo tirando o seu lindo sorriso do rosto. - Por que está chorando?

- E-Eu nem sei bem o motivo. - Digo entre os soluços. - Eu já n-nem devia mais me importar...

- 'Importar' com o que, Lady? - Sua voz está nervosa e preocupada.

- Meus pais não vão estar aqui no dia 4... - Faço uma pausa. - Eles não vão estar aqui no meu aniversário, Eth! - Enquanto pronuncio as palavras, alguns gemidos são murmurados involuntariamente. Sinto o silêncio. Ouço sua respiração. Provavelmente ele deve estar procurando as palavras certas para me consolar. Ou não:

- Escuta! - Sua voz sai firme e me obriga à parar de soluçar. - Se eles não vão estar aqui, dane-se eles! Eu vou estar aqui. Eu vou estar aqui com você! E não importa o resto. Problema é deles se eles não sabem ficar ao lado da filha deles, porque eu sei!

Um sorriso alegre escapa, mesmo o meu rosto estando totalmente destruído pelas lágrimas anteriores tristonhas.

- E Lady, por favor... Pare de chorar! Você me deixa... - Ele respira pesado e procura a palavra certa.

- Neurótico... - Digo com um sorriso fraco.

- Isso. É! Neurótico. - Posso imaginar ele com o seu sorriso de sempre. - Eu queria te ver, mas pelo visto não vai dar certo. Bom, só de poder ouvir a sua voz, já vale a pena!

- Obrigada.

- Pelo que?! Por te fazer sorrir ou por...

- Por se preocupar comigo!

- Kate, você é minha. Entendeu? Minha! M-I-N-H-A. Eu tenho a obrigação de me preocupar com você. - Pronuncia. - Te vejo segunda?

Murmuro alguma coisa. E então nos despedimos e desligamos.






❤️

Então gente, aqui estou eu em mais um capítulo para vocês... ( O típico capítulo meloso de início de namoro que chega à dar vontade de vomitar de tão fofo e meigo )


Desculpem a minha demora, estou tentando terminar de olhar umas temporadas de uma série na Netflix antes da volta às aulas. Espero que me entendem mesmo sem uma desculpa muito importante.


Beijos, Fra...

Dona Do Meu PensamentoOnde histórias criam vida. Descubra agora