Capítulo Trinta e Um - Fim de insistência

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( Quinta-feira, 1º de Outubro )

KATE BLANK:

- Turma, vocês sabem que faltam apenas dois meses para a formatura, e a maioria de vocês já sabem o que vão fazer para comemorar, e como eu sou a conselheira de vocês, cabe à mim organizar alguma festa. Alguém tem alguma ideia?

- A gente poderia fazer uma viajem. - Mary sugere.

- É uma ótima opção. - A professora Laura ergue as sobrancelhas. - Se fosse uma viagem, para onde iríamos?

- Angra. - Diz Rennê. Abaixo a cabeça. Ir à Angra significa lembrar de Ethan, e lembrar de Ethan significa sofrer por estar se afastando, e sofrer por estar se afastando significa concluir minhas conclusões de que eu não sei lidar com tudo isso que está acontecendo.

Tia Morgan me deu uma aula de etiqueta na Segunda-feira. E na Terça-feira ela me ensinou a manter a postura, com uma pilha de livros sob a minha cabeça. Estou ficando louca. Não tenho se quer um dia, em que titia não diz que quer me ensinar algo. Hoje mesmo disse que eu precisava aprender a ter bons modos, já que sou uma pessoa respondona quando não devo respeito. Ela tem razão. Preciso aprender a ter bons modos.

Mas a metáfora apresentada à seguir é: imagine que você precise muito dormir, porém você chegou em casa depois de uma festa com os amigos e é 4:00 horas da manhã, sendo que você precisa acordar às 6:00. Quando o despertador do celular tocar você irá fazer o que exatamente? Opção A) você simplesmente desliga o despertador sem pensar e continua dormindo, ou opção B) você pula da cama cheio de energia e louco pra tomar um banho frio. Acho que sua resposta seria óbvia demais. Então percebi que não é só eu que sinto preguiça e ao mesmo tempo falta de vontade de mudar.

- Ou nós podemos ir à Ilhabella... - Natasha sugere. Me distraio com a ponta da minha lapiseira.

- Gostei! - Professora Laura assentiu. - Acho mais interessante.

- Nós vamos precisar de uma balça? - Pergunta Jack. Mike murmura um sim para ele. - Isso vai ser interessante... - Ergue a sobrancelha e lança para Chloe um olhar pervertido. Dou um sorrisinho discreto e malicioso ao ver a cena.

- Todos concordam em dar uma olhada em uma pousada em Ilhabela? - Todos murmuram um sim nada combinado ou ensaiado e a sala vira uma bagunça por alguns segundos. - Certo, vou ver com a diretoria se eles vão permitir.

- Eles devem permitir né sora!!? Somos maiores de idade, se quisermos fazer uma festa fora da escola nós podemos. Se quisermos beber, legalmente estamos permitidos. - Mike relembra à todos da turma. Assentimos.

O sinal não demora à bater e saio em disparada até o refeitório pra pegar alguma coisa para comer antes de ir para o campo assistir aos garotos. Só espero que aquela garota que esteve aqui e gritou o nome de Ethan não venha desta vez. Já estou farta dela e da vozinha irritante que ela tem.

- Kate, topa entrar no meu time? - Rennê provoca. Olho para Ethan, com os olhos fixos na nossa conversa idiota.

- Eu nem sei jogar Rê. - Digo à ele. Não eu não sei jogar futebol mesmo, faz muito tempo que se quer entro em um campo. E sim, ao mesmo tempo faço cu doce para provocar Heiter.

- Venha, você vai relembrar como se joga. Posso até te ensinar. - Estende a mão para mim, me aproximo e e toco seus dedos. Por incrível que pareça, Rennê, mesmo sendo gato e meio galanteador, fico com um pé atrás toda vez que me aproximo, não acho que ele faria algo como acabar com o meu relacionamento com Ethan, mas ele me faz ficar confusa. Seus dedos são mais gelados que os meus e acabo por quase larga-los.

- Olha, eu não acho uma boa ideia! - Digo.

- Kate, tá tranquilo! - Cochicha pra mim. - Ae galera! Kate vai jogar, ela é do meu time, beleza Ethan? - Provoca Heiter, o mesmo da de ombros, nem aí para Rennê. Seria possível uma armação contra Eth?!

- Ei gurizada! - Cody chega fazendo o toque na mão de todo mundo. - Vocês vão jogar com a alma, né?! Tá acabando o ano, e vocês tão no terceirão. - Diz, meio triste, já que se dá muito melhor com a nossa turma do que com a própria.

- Verdade Cody. - Ethan sorri e o cumprimenta de forma masculina.

- Ethan, seu capeta angelical! - Chama pelo típico apelido. - Entrou esse ano e já tá fazendo história aqui.

- Tá e aí? Vocês vão jogar ou não?! Metade do intervalo já se foi! - Grita Carol da arquibancada.

- Você sabia que as torcedoras não devem se meter no jogo? - Rebate Christian, o ex-gótico.

- Nesse caso elas estão certas, bora? - Ian trás a bola e a coloca no meio do campo.

Ethan continua conversando com Cody até que uma das garotas do primeiro ano surge em campo. Ela corre e o abraça por trás, ele parece estar mais surpreso que eu.

- Ei! Me falaram que você joga bem, se eu não roubasse um abraço seu, o loirinho aí seria capaz de negá-lo. - Diz a garota morena com um piercing no nariz. Ela coloca a mão no rosto de Eth, fazendo com que eu me contorça de ciúmes.

- Não tô com essa bola toda não. - Diz em defesa. Rennê olha a cena e revira os olhos.

- Vai jogar ou não Heiter? - Diz ele, impaciente.

Ethan pega a mão da garota com delicadeza e a tira de seu rosto, e posso vê-la se derreter de longe.

- Adoraria se você ficasse para olhar o jogo. - Fala, tentando dar um jeito discreto de afastar a garota e o seu jeito carinhoso em excesso, dele. Ela corre em passos compridos demais para suas perninhas curtas até as pequenas arquibancadas.

- Preparados? - Todos ficam em posição, e me paro perto de Rennê. - Já! - Anuncia Ian, que curti ser o "juiz" das partidas, por achar que não sabe jogar muito bem. Delírio da cabeça dele.

A bola começa com Ethan, e se tinha uma coisa em que eu era boa em fazer era, sem sombra de dúvidas, tirar a bola dos outros. Eth avança e tento tirar a bola do campo, mas com ele, as coisas são mais difíceis. Consegui fazer esse lance com quase todos na partida, menos com ele. Aquele negócio de que as pessoas que dizem gostar de você facilitam, é pura mentira.

Os gols são feitos por Ethan ou Mike. Rennê até se esforça mas pouco consegue alcançar suas metas. Cody acaba por chutar o meu pé, quando tento tirar a bola dele, e mesmo eu dizendo que estou bem, mal consigo firmar meu pé no chão. Ethan repreende Cody de uma forma paternal e engraçada.

- Cody, tome mais cuidado, olhe o que você fez com ela! - Grita, vindo na nossa direção.

- Desculpe Kate. - Diz entre sorrisos na direção de Ethan. - Você sabe que não foi exatamente a minha intenção.

Rennê para na nossa frente e junto com Ethan os dois avaliam a "condição física" do meu pé. Reviro os olhos diante de tamanho drama. Mostro à eles que consigo caminhar, que não quebrei nada e que eles estão exagerando. Mas ambos querem que eu vá para a enfermaria.

- Eu vou acompanhar ela. - Rennê diz, parando a partida. Ethan abre a boca, mas antes lança um olhar para mim. Aquele mesmo olhar da semana passada, quando lhe disse que não podíamos ficar juntos.

E então eu percebo, que aquilo foi o fim da sua insistência: quando ele não diz mais nada.

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Mais um capítulo!

Beijos, Fran...

Dona Do Meu PensamentoOnde histórias criam vida. Descubra agora