Capítulo Quarenta e Quatro - 100% do meu coração

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Passei em casa, peguei a minha mala - já preparada à dois dias atrás, dei um beijo em Zilda e falei com titia Morgan.

- Lembre-se das aulas de etiquetas! Nunca acorde tarde, sempre fique em postura, amarre o cabelo quando for comer e sempre quando descer para o café, dê bom dia! - Diz.

- Tudo bem. - Dou um sorrisinho fraco. Assim que à abraço e dou as costas, reviro os olhos. Seguir regras é chato. Quando estou prestes à ir embora, ela me chama.

- Sei que não liga, mas seus pais voltarão em três dias. - Comunica. - Ficarão só durante uma semana.

- Não poderei vê-los. Estarei viajando para Ilhabela... - Dou as costas, mesmo sabendo que a expressão de tristeza na cara da tia Morgan só podia ser por um motivo mais intenso. E então, ela solta aquela bomba nuclear: - Pode ser a última vez que irá vê-los esse ano, e talvez nos próximos também... Não estará aqui para a ceia de Natal, muito menos para o réveillon.

A ficha parece cair um pouco mais. Mas antes de conseguir pensar direito sobre isso, meu corpo reage, já involuntário: dou de ombros. Como se nada fosse. Como se eu realmente deixara de me importar. E talvez seja isso... Quem dera se realmente fosse isso...

Mas lá no fundo, eu sabia que só não estava chorando porque já havia cansado chorar. Se eu quisesse, se eu realmente estava disposta à isso, eu teria que repreender as minhas emoções, tinha que fingir que estava tudo bem, e que eu com certeza superaria.

Sem nenhuma lágrima, sem absolutamente nada, eu saí. Deixando uma reação mais forte à desejar.

Pego Barney logo na saída, e entro dentro do carro do Heiter.

- Demorei muito?? - Dou um sorriso, me aproximando para dar um selinho nele. No mesmo instante uma mensagem chegou em ambos os celulares. Nos afastamos para pegar os celulares, ainda estacionados em frente à minha casa.

- Mike. - Diz.

- O que ele disse??

- Acho que ele mandou para você também. - Reviro os olhos e abro meu chat.

- "Por onde você andou, Natasha está desesperada tentando ligar para você." - Leio em voz alta. Digito em seguida: "Por que?! O que houve?"

Ethan tem uma crise de risos contagiante.

- Que foi? - Pergunto com um meio sorriso, já me preparando para entrar na onda da risada junto.

- Mike me mandou assim: "Cadê a Kate?", "Eu sei que ela tá com você." "Avisa ela que Natasha tá cortando o meu pescoço, porque parece que mesmo estando no comecinho dessa gravidez, os hormônios dela estão à flor da pele" "Anda logo Heiter, não quer ir à um enterro de um jovem de 18 anos, quer?!" "Na minha lápide estaria escrito assim: Aqui jaz Mike Oliver, morto pela namorada grávida Natasha Rachel por conta de uma crise de TPM." "E farei questão de colocá-lo como segundo culpado: Ethan Heiter estava dando uns amassos em Kate Blank - sim, os pombinhos voltaram, e por conta disso, os pedidos de socorro de Mike Oliver não foram atendidos."

Dou risada. Ligo para Mike.

- Finalmente! - Esbanja do outro lado.

- Fiquei sabendo que culpou o Ethan por eu não ter olhado as mensagens. - Coloco no viva-voz.

- Quer dizer que estão mesmo juntos? - Não sei dizer com que tom de voz Mike falou aquilo, se quer consigo imagina-lo me dizendo cara a cara algo do tipo.

Olho para Ethan, Eth não tira os olhos da rua, com o carro em total movimento.

- Estive com ele. Fui no aniversário do Paul.

- Ahh! Tô ligado. Não pude ir por conta da Natasha. - Diz. Ao fundo conseguimos ouvir ela gritando: "Como é Mike Oliver?!". Rimos. - Nada, amor. Só estava dizendo que você precisava falar com a Kate. - "Está falando com o Ethan?" Pergunta ao fundo. Eth dá um sorrisinho. - Não, estava conversando com a própria Kate. Kate! - Volta à falar comigo.

- Que foi?!

- Vou te passar a chata da Natasha, vê se consegue falar com o Ethan por mim, pede para mandar parabéns para aquele pestinha. - "Me chamou de que?!" Normalmente, a velha Natasha não levaria à mal. Ela está realmente de muito mal humor. - Oi! - Mike passa o celular pra ela.

- Como você tá?

- Enjoada, acabada, cansada, e com uma vontade incansável de comer. - Reclama.

- Quer que a gente compre alguma coisa??

- A gente?? - Estranha. Arregalo os olhos e faço uma careta, Eth olha para mim sem tirar a mão da direção e o pé do acelerador.

- N-Não, eu quero dizer eu. Quer que eu compre alguma coisa? - Refaço a pergunta dando ênfase na palavra eu.

- Não. Só quero te dizer que vou ir para Ilhabela, mas por favor não comenta sobre a minha gravidez.

- Fica tranquila. A gente se encontra segunda. - Nos despedimos.

- Parece que começamos tudo de novo. - Ethan deixa escapar um sorrisinho de lado malicioso. Fico confusa. - Sobre a gente. Sobre não contar à ninguém.

- Ahhh... Parece mesmo. - Falo um pouco constrangida. Ele me encara por um longo tempo, depois sorri.

- Não fique mal com o que eu te disse, eu só... - Tenta se explicar.

- Não Ethan, você tá certo. - Digo. - Parece que voltamos à estaca zero. Mas sinceramente eu não sei se vale à pena a gente se apegar um ao outro ainda mais, porque no fim, cada um vai ir para um lado. - Digo, um pouco chorosa demais. Ethan estaciona na frente da sua casa.

- Não quero sair desse carro vendo você triste por uma coisa inconveniente que eu disse. - Fica me encarando ao meu lado.

- Não vou ficar, prometo. - Dou um sorriso fraco. Ele toca meu rosto com a sua forma única e delicada.

- Você sempre diz que vai ficar bem, mas sério, me fala o que tá sentindo...

- Tô me sentindo fraca Ethan. Fraca diante de tudo o que tá acontecendo. - Ele tranca novamente as portas do carro e me beija, enquanto acaricia as mechas do meu cabelo.

- Não tá sozinha. - Cochicha para mim. Me aproximo ainda mais dele, sentindo meus pés ficarem sobre o banco encolhidos junto com as minhas pernas, o beijo de novo. - Kate... Você sabe que estamos na frente da minha casa... Sabe que podemos subir aquelas malditas escadas...

- Cala a boca Heiter! Que graça teria namorar você na cama? Precisamos deixar o script de lado só um pouquinho e fazer uma doideira de vez em quando. - Ele dá um sorriso malicioso.

- Você tem razão, Blank.

- Eu sempre tenho razão Sr. Heiter... - Seu sorriso se alarga, e ele começa à se aproximar ainda mais de mim, num carro até que espaçoso, falta ar. Os beijos nos deixam ainda mais quentes à ponto de ligarmos o ar condicionado para que os vidros não fiquem embaçados, deito minha cabeça no seu ombro, e penso com mais clareza nos meus problemas. O pego me observando:

- Puta merda. Três dias dormindo junto com a garota da minha vida.

- Ãh, correção: a garota que é sua paixor adolescente. Sabe que estamos destinados à nos distanciar. Não posso ser a garota da sua vida, mas posso fazer parte dela.

- Você tem 100% do meu coração, Lady.

- Assim espero, Ethan. Neurótico... - Damos um sorriso.

#%#
Atualizado! ☺️

Beijos, Fran...

Dona Do Meu PensamentoOnde histórias criam vida. Descubra agora