Capítulo Vinte e Sete - Sequestro (Parte I)

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ETHAN HEITER

Desço as escadas e vou até a cozinha. Preparo qualquer coisa pra comer, e enquanto isso escuto a porta da frente abrir.

- Tá fazendo o que Ethan?! - Grita Henry.

- Comida. - Resmungo de volta.

- Comida pra você significa o que?! - Rebate. Olho para os ingredientes sob o balcão. Faço um biquinho quase que automaticamente.

- Panquecas. - Respondo em um tom meio triste. Sabendo que precisarei dividi-las.

A cabeça de Henry aparece na brecha da porta.

- Tem chocolate?? - Pergunta. Resmungo alguma coisa em resposta.

- Ótimo, vou sair pra comprar, só se você fizer as panquecas!? - Diz. Reviro os olhos.

- Sabe que isso a mamãe faria se estivesse aqui, certo?!- Falo. Ele assente.

- Cadê a dona Helena?

- Parece que resolveu tirar um dia de folga na casa da Cléo.

Cléo é a nossa tia, ela sempre vai para lá quando quer descansar, deixando a casa em perigo. Uma das vezes em que ela saiu pela porta da frente, queimamos uma comida no microondas. Sim, no micro-ondas. Somos prendados ao extremo.

- Vou fazer as panquecas então. Só não me culpe se a casa pegar fogo! - Aviso. Ele me dá um sorriso meio idiota e caminha até a porta da frente.

Escuto os latidos de Duquesa, mas acho que é só porque algum outro cachorro latiu na rua. E realmente era outro cachorro.

- Ethan, você deu um Golder Retriever filhote pra Kate? - Pergunta meio vago. Olho para a massa da panqueca. Quando me dou conta, já estou diante de Barney, que estava assustado e nunca o tinha visto tão tristonho. Dei água à ele, e sabia que ele estava ali por algum motivo, Kate e eu podíamos estar "brigados" um com o outro, mas ela ama esse presente de aniversário, e jamais o abandonaria.

- O que te trás aqui? - Pergunto meio bobo.

- Você sabe que o cachorrinho não vai te responder, né?! - Pergunta Henry, ao meu lado, como um tapa na cara de realidade.

- É... Eu sei.

- O que pretende fazer?! - Pergunta depois de um bom tempo.

- Se ele tivesse fugido, ela já teria me avisado. Não fugiu. Talvez não por conta própria. Ela pode tê-lo deixado escapar...

- E por que ela faria isso? - Ergue suas sobrancelhas escuras. Infelizmente sua pergunta me pega de surpresa e não sei o que responder.

- Só vou saber se eu for até a casa dela.

- E o que está esperando?!

- Não estamos muito bem, ultimamente...

- Percebi, só pelo modo que falou Kate. - Dou um sorriso fraco.

Caminho até a casa dela. Yuri não está no mesmo lugar de sempre, invés disso está do lado de fora do portão, preocupado e nitidamente assustado.

- Yuri! - O chamo, ele se vira e me dá um olhar espantado.

- Ethan?! - Quando estava assentindo com um sorriso, ele me pergunta, sem grande enrolação: - Viu a Kate?

- Não. - Digo já temendo algo muito grave. Ele vaga seus olhos para a minha mão, que abriga Barney. Seu rosto empalidece e por um instante acho até que ele irá desmaiar. - Me diga o que aconteceu!?

- B-Barney! - Exclama, meio gago. - Ele estava com ela. Tinham saído para passear.

Olho para o nosso filhotinho. "Como pode?", penso ao me lembrar que ele foi parar na minha porta.

- Ela tinha dito que não iria muito longe com ele. Mas, bem que eu tinha avisado à ela que havia um carro estranho passando seguidamente pela rua.

- V-Você acha que ela pode ter sido sequestrada? - Olho para meus pés, me sentindo culpado de certo modo.

- Eu acredito nessa possibilidade, não vou mentir para você! - Diz. - Preciso que me ajude a procura-la.

Entro na Mansão Blank, para fazer apenas uma coisa: pegar algum objeto, ou até mesmo o próprio perfume de Kate. Seria útil não só para Barney, mas sim caso precisássemos chamar a polícia, o que aconteceu.

Cruzo meus braços, esperando mais notícias dos policiais. Zilda está sendo consolada por uma mulher, que suponho que seja a tia da Kate. Ambas estão chorando.

- Eu avisei pra ela tomar cuidado! - Dizia Zilda, como se estivesse com dor.

Um policial dialoga com outro e então dá as costas indo na direção da minha casa. Levo minha mão à testa.

- Zilda - Vou até ela. - Me deixa subir lá em cima...?

- Pode subir. - Tenta me dar um sorriso.

Subo as escadas e vou na direção do corredor, em que me lembro claramente quando fui arrastado pra lá pela primeira vez, por ela. Sinto saudade. Uma saudade estranha e incontrolável. Não estamos bem há um bom tempo, mas algumas lembranças são mais fortes.

Assim que entro pelo seu quarto, sinto seu cheiro. Aquele perfume que eu adorava sentir em seu pescoço, enquanto distribuía alguns beijos. Sento-me na ponta da sua cama. Olho para todos os lados do seu quarto.

Vou até a bancada dela, na qual à várias lembranças de vários países. As fotos de quando ela era pequena e embaixo a pequena cama de Barney, junto à suas tigelas de comida e água.

Sua cabeceira, lugar onde há um abajur e o carregador do seu celular... Peraí! Se o carregador dela está aqui, e o seu celular não, isso significa que ela saiu com o celular.

Corro na direção dos policiais e conto a nova descoberta:

- Ela levou o celular!

- Como você sabe, garoto?! - Perguntou-me um policial de idade.

Conto à ele o fato do carregador, e ele faz uma careta de insignificância:

- Nem sempre o fato do celular não estar no carregador, significa que ela o levou junto.

- Eu conhecia muito bem a Kate, ela não mantinha o celular em outro lugar à não ser em seu quarto. - Diz Zilda, se aproximando e limpando algumas lágrimas em seus olhos.

Balanço a cabeça, impaciente. Abraço Zilda e Morgan. Falo às duas que vou encontrá-la de qualquer forma.

- Tome cuidado, pelo amor de Deus! - Imploram.

Caminho de volta para casa com Barney e sem nem responder ao questionário de perguntas dos meus irmãos, pego a chaves do carro percorro uma distância considerável, antes de estacionar e digitar: "KATE! SE RECEBER ISSO, ME DIGA ONDE TE ENCONTRAR!"

Onde foi que você se meteu...

-00-
;)

Beijos, Fra...

Dona Do Meu PensamentoOnde histórias criam vida. Descubra agora