Capítulo Vinte e Oito - Sequestro (Parte II)

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KATE BLANK:

Eu não tinha noção nenhuma à respeito do lugar onde estava. Não me parecia tão ruim, mas seria mais confortável se não estivesse amarrada à uma cadeira.

- Por que não botou o pano na boca dela?! - Pergunta um dos "sequestradores".

- Ela não fala nada Jason! - Diz, já sem paciência. Aquele que acabei de descobrir que se chama Jason, faz uma cara feia. O melancólico que deixou seu nome escapar pela boca, arregala os olhos imóvel.

- Eu queria muito poder te matar agora! Mas eu acho que não vão permitir... - Diz, ajeitando sua roupa.

Fico na minha. Eles são tão sem noção que acabam por soltar informações sem que eu pergunte qualquer coisa, e ainda tenho a vantagem de: além de não gastar saliva, não perco tempo e não tenho minha boca "fechada" de uma maneira violenta. Se bem que gastar tempo seria ótimo agora.

- Melhor ligar logo! - Pede o melancólico, ao olhar pra mim. Tenho a sensação de que ele não queria estar fazendo isso, mas mesmo assim decido não falar absolutamente nada, isso inclui: não apelar para o lado emocional. Ainda.

- É. Está sendo tão fácil as coisas que até eu estou com tédio. - Diz Jason, se referindo à mim. Reviro meus olhos.

Então, eles iniciam uma chamada de viva voz para o meu pai.

- Melhor você abrir a boca, garota! - Ordena Jason.

Não ficarão "preocupados" comigo se eu imitar alguma outra voz, talvez uma bem mais fina. Mas, antes preciso testá-la. E então tento o lado pessoal. O meu lado pessoal.

- Olha... - Começo com a voz. - Eu não sei se vocês sabem, mas a nossa empresa está falindo, papai está jogando a culpa em mim, e eles não ligam nem um pouco para mim! - Para tornar minha incrível encenação mais incrível ainda, decido chorar.

Mas eu realmente não sei se são lágrimas forçadas, ou se eu realmente estava apenas esperando para desabar de forma sigilosa.

- Ela não está em condições de fazer algo como ser machucada e ameaçada. - Se agacha diante de mim. Seus olhos são cinzas, mas ficam mais claros quando ele está próximo da janela. Meu cabelo está totalmente bagunçado. Uma mecha atrapalha a minha visão e sinto-me estranha quando, o melancólico simplesmente toca o meu rosto. Arregalo os olhos. - Calma! Não vou fazer nada com você. - Fala baixo o suficiente para Jason, que havia ido à um outro cômodo à alguns segundos, não escutar.

- Por que está fazendo isso?! - Cochicho no mesmo tom.

- Porque não sou tão ruim quanto você imaginou. - Dá um sorriso. - Acho que as consequências me colocaram aqui.

Dou um sorriso compreensivo. Só consigo ver seus olhos, por conta do seu rosto totalmente coberto, mas de algum modo, eu sei que ele sorri.

- Sabia que você era...

- Fofo?! - Pergunta arqueando sua sobrancelha, deixando com que o tecido que cobre seu rosto se distorça um pouco.

- Não. - Ele parece ficar um pouco chateado, ou está apenas fazendo graça. - Melancólico. - Escuto a voz da sua risada.

- Está se divertindo com a Blank? - Fala Jason, de uma forma nojenta. Ele não está nesta sala, mas o som da sua voz soa repugnante mesmo assim.

- Estou. - Devolve o Melancólico, mesmo que esteja olhando fixamente para os meus olhos.

Após algum tempo, começo a não me sentir mais tão imune quanto antes. Sei que eles estão bebendo ou fumando, ambos estão lá fora, mas a risada de Jason me chama atenção: está tão alta que me parece que já perdeu a consciência.

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