Capítulo Dez - Feliz aniversário

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( Terça-feira, 4 de Julho )

KATE BLANK:

Simpatia. Gentileza. Ansiedade. Tudo em um misto de emoções, que neste momento só a minha barriga consegue sentir. Eu nunca gostei do dia do meu aniversário, embora eu saia me gabando por aí que o meu dia, é também o dia para os Estados Unidos.

Decepções e traumas. É isso que eu me lembro todas as vezes que esse dia chega. À cada 365/366 dias, ele está no meio.

Sinto a frustração desde o momento em que acordo. Ela é tanta, que eu quase esqueço que Ethan prometeu me dar um presente especial hoje.

Kate Blank, até parece que você não aprendeu!? Presentes não significam nada. - Minha consciência consegue acusar mais uma vez.

Mas os do Ethan sim. São os tipos de presentes com valor sentimental. - Rebato meus próprios pensamentos.

Suspiro cansada. Queria poder ter certeza de que esse dia vai acabar bem. Mas eu realmente não tenho.

O mais traumático de todos os meus aniversários, foi, sem dúvida, os meus trágicos quinze anos. Sinto lembrar que decidi escutar os conselhos de todos, e deixei o meu desejo de conhecer um país diferente para outra hora, só porque eu achei que podia ter uma festa igual a da Renata, que estava um ano acima de mim, na escola.

Renata se parecia comigo. Só em termos de pais, empresa e negócios, de resto, nada! Na realidade ela sempre foi o oposto de mim.

Eu: cabelo comprido; Ela: curto.
Eu: meio loira; Ela: totalmente morena.
Eu: olhos claros; Ela: escuros.

Sem contar nas diferenças entre os nossos pais... Apesar de tudo, eles eram amigos e achavam que havia grande possibilidade dos pais dela, investirem na empresa dos meus, porém, isso não aconteceu. Isso afetou propositalmente a amizade e a união entre nossas famílias, e por fim, fomos obrigadas a nos afastarmos uma da outra.

Mas Ok. Voltando ao assunto principal: aniversário. O dela estava incrível. Tinha tudo do bom e do melhor, e sua mãe parecia que estava entrando para a cerimônia do Oscar, de tão elegante.

O meu: nem um pouco. Eu tenho amigos, e acho que sempre tive, - Graças à Deus - mas, meus pais adoram desperdiçar dinheiro por nada. E como sempre, imprevistos são sempre utilizados como pretextos. Eu não imaginava que a desculpa seria a mesma de sempre. Minha vida já não era das melhores, desde o momento em que eu soube que eles haviam aberto uma empresa.

E, sim. Eles faltaram no meu aniversário. Foram viajar para a Austrália, segundo a minha mãe aquilo era "O negócio do ano".

Nem preciso dizer que não teve festa, né?! Eu não queria parecer idiota. Não queria ser a garota abandonada pelos pais. E principalmente: eu morreria de vergonha se soubessem que não eram bons pais. Na realidade, eu pensava como eles há uns anos atrás. Tudo era vergonhoso. Tudo o que era barato demais, não podia ser levado em consideração. Hoje, eu me arrependo tanto de ter sido como eles, mesmo que tenha sido por pouco tempo.

Ontem eu espiei pela janela enquanto eles arrumavam o carro para seguirem até o aeroporto. Minha mãe observava as anotações em seu caderninho, enquanto meu pai ordenava onde, Yuri, deveria colocar as malas. Quando ambos terminaram, minha mãe colocou as mãos na cintura e ficou olhando para a casa, antes de sentar no banco carona. Meu pai olhou diretamente para as janelas, com a sobrancelha erguida. Me joguei para trás da janela para não ser vista e perder toda a vontade de ignora-los. Então, eu só escutei o barulho do motor do carro. Por incrível que pareça, eu não chorei ontem. Simplesmente dormi em cima da minha cama, rezando para que aquela semana passasse depressa.

Acordo com as batidas de Zilda na porta. Esfrego os olhos, enquanto sento na cama. É impossível lembrar de tudo enquanto estamos na nossa cama, recém acordados, então, quando ela entrou cantando parabéns, eu até estranhei. Peguei meu celular e olhei a tela.

É. Dia quatro. Meu dia quatro.

Dei um sorriso fraco, enquanto olhava fixamente para a bandeja que estava em suas mãos. Só havia coisa boa nela e por mais que eu costumasse estar sempre com fome, como todas as pessoas que eu conheço, naquela manhã eu não estava. Mas, sabe quando você vê aquele sorriso. Aquela dedicação. Aquele carinho?!

Minha reação é igual a de todos os seres humanos: me forço a comer pelo menos um pouco.

Desde pequena fui assim. Quando estou com raiva, perco o apetite. Quando estou triste, acontece o mesmo. Quando estou ansiosa ou nervosa demais, a história se repete. Pior ainda se eu estiver prestes a ficar menstruada.

Só o que eu mais desejo nesses dias é chocolate, potes gigantescos de sorvete e netflix.

- Bom dia, meu bem!!! Fiz esse pequeno agrado para você!

- Obrigada Zilda. - Levanto e dou lhe um abraço.

Me arrumei para a escola, logo depois de ficar debaixo do chuveiro por "longos" curtos minutos. Vesti uma calça jeans, uma T-Shirt preta e tênis All-Star.

Arrasto minha mochila e meus pés pela casa inteira. Escovo meus dentes, faço minhas demais higienes e decido finalmente encara o mundo lá fora.

Parece que até o sol debochava de mim, tapado diante de várias nuvens. Não tinha vento, por incrível que pareça, em São Paulo, Julho não estava tão frio assim.

Piso dentro da sala de aula e recebo vários abraços e desejos de felicidade e de realizações. Agradeço à todos, mesmo querendo ignora-los de forma estranha e rude.

- Lady. - Viro-me de costas para dar de cara com Ethan. Ajoelhado diante de mim. Com um buquê de flores. Mais especificadamente lírios.

Vejo todos fazerem "Owwt", e pegarem o celular para tirar uma foto.

Eu estava tão feliz que não queria nem saber em me esconder. Fico tão surpresa que o sorriso de Ethan se intensifica.

- Feliz aniversário! - Fala baixinho.

- Obrigada. - Mexo os lábios, mas não sai som algum. Eu sei que ele entendeu porque me alcançou os lírios e me abraçou.

Sinto vários flashs sendo disparados na nossa direção e mesmo assim, faço o que eu deveria ter feito a muito tempo: puxo seu cabelo loiro para mais perto de mim e o beijo. Seus dedos vasculham as minhas costas e me puxam para ainda mais perto, me fazendo colar em seu corpo.

A turma inteira vibra e aplaude, enquanto me declaro da forma mais singela possível. Até a professora Penny dá um sorriso.

Durante a aula, haviam comentários sobre o nosso beijo em público. Mas não ligo. Na realidade, nem quero pensar nas preocupações. Costumam dizer que em seu aniversário você deve fazer um pedido e ver se ele se torna realidade, não é?! Pois então! O meu se realizou antes mesmo de assoprar as velinhas.

"Eu desejo poder assumir tudo com o Heiter"

E... Tcharan! Aconteceu!

Em um momento indiscreto, mas, aconteceu!

E eu estou sorrindo tanto, que sinto que esse aniversário, vai ser o melhor de todos!

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Oi!
Sim, atrasei o capítulo, sorry! ❤️
Mas agora eu estou aqui, não é!? 😊

Beijos, Fra...

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