Capítulo Setenta - Ilhabela (Parte Final) ~ Revelações

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(Sexta-feira, 7 de Novembro)

KATE BLANK

Sento na ponta da minha cama logo depois de me arrumar. Hoje é tecnicamente nosso penúltimo dia aqui, mas amanhã iremos embora do mesmo...

De repente Mike bate na nossa porta. Quando atendemos ele parece ansioso para contar algo, e então se vira pra mim:

- Kate, você não pode falar pra ele que eu te contei isso. Mas acho injusto você ir embora sem saber que ele também vai.

- O que? - Foi como levar um tiro. Achei por pelo menos algumas horas que poderia esquecê-lo, mas o fato dele ter escondido aquilo de mim doeu muito.

- Ele só tá esperando a confirmação na semana que vem. Mas provavelmente vai para a Inglaterra.

- Fazer o que lá? - Pergunto ficando neurótica.

- Jogar, Kate! Ele é ótimo, você sabe. - Ele responde.

Mais pensamentos veem átona agora. Principalmente da noite na casa do Ethan, na festa do Paul. Quando o caçula ia dizer alguma coisa para os amigos sobre o fato do irmão ir jogar bola "lá fora", e Ethan o repreendeu. Agora tudo fazia sentido. Ele não podia ir comigo. Não que ele não queria... Ah meu Deus, isso tá me deixando confusa!

Talvez ele de fato não queria. Mas isso eu nunca vou saber. Ele não foi verdadeiro comigo, não me contou sobre ele. Ele me viu péssima porque teria que deixá-lo e ao invés de me contar que também iria partir, preferiu me deixar carregar essa dor de me distanciar dele sozinha. Quando percebo, já estou chorando e ambas as meninas, Sasha e Carol, já me consolam.

- E-Eu não consigo acreditar! - Elas me enchem de carinho, não percebem que não estou chorando por estar triste. Estou chorando de raiva. - Como foi que ele pôde fazer isso comigo, c-como... - Não consigo terminar a frase direito, e até prefiro assim depois de algum tempo em silêncio sem conseguir encontrar a palavra certa para uma boa definição.

- Ei, olha só: se você não quiser mais encontrar com ele porque está com raiva, saiba que eu te entendo. - Carol diz enxugando as gotas de água que escorrem pela minha bochecha. Ela encara o teto por um tempo e parece recordar dos momentos difíceis dela também. Só então ela solta um suspiro como quem ri do que já lhe aconteceu. - Mas no final, Kate, se você o ama, nada disso vai importar. Não estou dizendo que precisa reconhecer isso agora, vocês necessitam de um tempo. Ele vai decidir com quem quer ficar e você também. Se o amor de vocês suportar tudo e vocês voltarem, será mais uma prova de que a paixão existe. - Ela comenta. Mesmo que eu queira teimar, queria arrancar os lençóis, rasgar um dos travesseiros, naquele momento não consegui fazer nada além de assentir. Eu queria ter dito que não, que jamais voltaríamos (e que aquilo era uma promessa) mas eu não consegui dizer nada.

- A culpa nunca foi sua Kate. Você tem o direito de ser feliz lá fora... - Natasha diz. - Tem o direito de esquecê-lo se quiser. Mas por favor, não se torne fria, não se isole de nós todos por causa dele. Não se esconda dos seus próprios sentimentos com relação à ele, mas não se permita ser mais machucada do que isso. Ele devia ter te contado, devia ter aliviado sua consciência e a sua saudade, ter feito de você bem mais do que o que ele fez. Devia ter te amado o suficiente para ser sincero o tempo todo. Não devia ter se deixado entregar para a Mary, jamais. Ela não presta, você sim. - Sasha continua me consolando e agradeço mentalmente pelos pouquíssimos amigos que tenho.

No fundo eu sabia o que mais doía: eu ainda achava que tudo voltaria a ser como era antes, achava que ele teria um bom motivo para o beijo com Mary. E meu Deus, onde eu estava com a cabeça ontem à noite quando sonhei com ele me acariciando de novo? Por que eu perdoaria uma traição? Aquilo era impossível. Mas se antes já era inaceitável, imagina agora. Tudo parecia desmoronar e pela primeira vez na vida eu soube o que era se apaixonar, amar e ter seu coração partido por ter criado expectativas demais por alguém que se quer se importava com você.

Me senti uma tremenda idiota. Era impossível ser fria naquele momento. A minha humanidade, os meus sentimentos não podiam ser substituídos por total ódio. Não naquele momento. Podia jurar que senti a mão dele nas minhas costas, a boca dele colada na minha orelha, mas eu balanço a cabeça e penso comigo mesma: "preciso ser forte por pelo menos só mais até o Natal, depois eu posso me acabar. Posso me sentir derrotada, mas não na frente de todo mundo".

Parecia ser invadida de lembranças e tudo ia acabando comigo aos poucos. Puxei os joelhos e me encolhi, escondendo minha cabeça e meu rosto.

- Você pode encontrar alguém melhor que ele. - Carol resmunga, mas Natasha e Mike pigarreiam de maneira estranha e interrupta.

Eu limpo minhas lágrimas, respiro fundo e encaro o teto, pedindo um tempo de paz, um tempo para pensar. Mas contra os meus próprios pensamentos, resolvo levantar da cama e abrir as cortinas da nossa sacada, deixando todos ainda sentados me encarando.

- Preciso aproveitar isso aqui. Quem vem comigo? - Dou um sorriso me virando na direção deles, todos assentem.

Encaro a praia, tão maravilhosa. Mas mesmo querendo manter o foco na areia, meus olhos se movem rápido demais para a sacada mais barulhenta do outro prédio e o encontro lá. Meu coração acelera na hora em que escuto os acordes tristes do violão (que eu nem sabia que ele havia trazido), e pra variar era uma música do Charlie Brown Júnior. "Meu novo mundo". O desgraçado além de ter bom gosto, sabia muito bem como me influenciar, eu gostava tanto daquela música e a letra parecia fazer total sentido para nossa situação atual...

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Bommm, desculpem a demora para postar. Emendei uma semana de provas na escola e uns dias só olhando 13RW, então me desculpem...
A minha comemoração hoje vai para os 2K de views!!! Obrigada por terem feito desse livro, algo realmente especial para mim. ♥️

Amo vocês!!


Beijos, Fran...

Dona Do Meu PensamentoOnde histórias criam vida. Descubra agora