Capítulo Desesseis - Orgulho

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(Sexta-feira, 14 de Julho)

ETHAN HEITER:

Duas semanas sem falar direito com Kate. O equivalente à um ano pra mim. Sei que alguma coisa estranha aconteceu com ela, e que ela não quer me falar o que aconteceu.

Quem veio tirar proveito da nossa distância foi, sem duvida, Rennê. Aquele filha da mãe. E ela se quer percebeu. Aliás, fingiu que nada aconteceu.

Ela foi nas arquibancadas do campo, mas desta vez, não foi para me ver jogar. Foi por outro motivo. Ela, Natasha e Carol. O trio fantástico.

Errei vários passes no futebol, e eu tinha certeza que tudo isso estava ligado à Kate. Nunca me deixei abater por isso. Por esse tipo de coisa. Que agora, eu sinceramente não sei definir o que quer que seja. 'Amor' é uma palavra que eu nunca vou ouvir da boca dela. E há alguns meses eu achava que realmente podia mudar isso.

Eu sou patético, medíocre e idiota.

Quando levo Paul ao meu treino, ele fica inquieto. Pergunta várias vezes se pode descer e aprender alguns passos. Mas eu nego. Algumas garotas, que antes até disseram seus nomes, ficaram junto dele.

Se eu não me engano, a loira se chamava Jennifer. Ela vibra a cada passo que eu dou e Rennê fica um pouco incomodado com isso. Aliás, hoje é um daqueles dias em que devemos demonstrar o nosso talento para possivelmente ser aceito e jogar num clube no exterior.

Justo hoje, que não tenho nem mesmo uma inspiração para jogar. Olho para o banco. Meu irmão está com um sorriso no rosto. Ele acredita em mim. Talvez ele seja o único. Preciso fazer isso por ele.

Meu treinador não pega leve com ninguém, mas quando o desobedecemos, como "punição", devemos fazer flexões. Maycon, um amigo, quando chegou aqui tinha uns quinze anos, ele era gordinho e por conta das dificuldades que encontrava para correr, era punido com frequência. Hoje ele é o mais magro e sarado de todos aqui.

Há presidentes de alguns clubes importantes aqui. Tenho chance de ir para um lugar melhor. Meus planos eram os mais apaixonados possíveis. Como: livrar Kate de assumir a empresa, me casar com ela na República Dominicana ou em um lugar melhor, ter uma casa gigante com espaço para nossos futuros filhos, e essas coisas que homens normais de dezoito anos não pensam. Lembrando disso agora, até dou risada.

Bagunço o meu cabelo e bufo. Coloco as mãos na cintura enquanto coloco a bola no meio campo. Meu pé, ao contrário do resto de todo o meu corpo, sente a pressão sob a bola. Finjo não ligar.

Rennê é meu adversário. E assim que o apito soa e tento passar pelos zagueiros, ele é o primeiro a me dar um tranque. Seu sorriso se torna psicopata enquanto ele corre pelo campo. Levanto, e corro na mesma direção. Não vou deixar ele fazer esse gol.

Por sorte, minha velocidade é quase que o dobro da dele. Assim que o alcanço jogo a bola para fora sem muito esforço. Aos poucos vou me acostumando com o ritmo do jogo.

Consigo fazer dois gols, e só sei que fiz o meu papel, quando meu irmão dá pulos de alegria, junto com a loira.

No final do jogo, me sinto cansado, mas parece que ainda não consegui tirar o peso das minhas costas. Tá certo. Kate não sabe que estou aqui. Não sabe que quando falo de futebol, quero dizer quase que de imediato que tenho futuro com isso.

Assim que cruzo o gramado e tiro minha camisa úmida de suor, todos passam me cumprimentando, dizendo que eu joguei bem. Rennê fez questão de esbarrar em mim. Mas não foi só isso. Ele ameaçou contar para Kate sobre essa oportunidade, sobre o futebol. Fixo meus olhos nele. Dou um sorriso inacreditável e saio. Caminho ao encontro de Paul.

Jennifer - se é que é esse o seu nome mesmo - fica fazendo charme, diz que eu joguei bem e no final de tudo, praticamente se joga pra cima de mim, literalmente. A loira não só fingiu tropeçar como também me obrigou a segurar ela antes que a mesma caísse no chão. Paul só balançou a cabeça, como reprovação.

- Eth... Não acredito que você fez isso com a Kate. - Choraminga.

- Eu não fiz nada Paul.

- Segurar aquela menina é nada pra você? - Pergunta de uma forma surpreendente. Meu irmão é mais esperto do que eu imaginava.

- Hein! Eu não fiz aquilo por querer, ok?! Quando eu vi ela já tinha tropeçado.

- Eu a deixaria cair no chão. - Cruza os braços.

- Isso não é coisa que se faça com uma garota! - O repreendo.

- Ele tava filmando! - Fala entre os dentes, como que para ninguém mais ouvir.

- Peraí... o que?! - Fico confuso, mais a ficha cai quase que de imediato.

- O garoto de cabelo amarelo ali... aquele que te fez cair no começo do jogo Eth! - Me viro para o gramado, vejo Rennê cantando umas garotas e me sinto mais revoltado do que nunca.

- Fica aqui Paul, eu já volto! - Peço ao meu irmão, dando uma leve bagunçada no cabelo loiro dele.

Desço as escadas dos bancos, e vou na direção dele. A maioria dos avaliadores, técnicos e presidentes dos clubes já foram embora. Puxo Rennê pela gola da camisa e o guio até o vestiário. O coloco na frente de um dos armários com força.

- Você vai apagar aquele vídeo, e vai jurar pela sua alma que não vai contar nada à Kate sobre os jogos, tá me entendendo?

- Eu não prometo nada! - Levanta as mãos e solta um sorriso sarcástico e impetuoso. Coloco mais força contra o armário, e o seguro pelos ombros. Ranjo os dentes, mas aí, Mike aparece e faz eu soltar o merda.

- Você pode perder essa oportunidade única, por causa desse... - Ele aponta para Rennê - Ser idiota e inconveniente.

- Não importa Mike. Prefiro perder essa chance do que perder a Kate.

- Mas vocês não estavam brigados?

- Falou bem: "estávamos" - Dou um meio sorriso. Saio do vestiário, deixando Rennê com os ombros avermelhados da pressão contra o armário. Pego Paul e dirijo até em casa.

Chego em casa decidido a procurar a Kate na manhã seguinte.

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Oii! Cheguei com o capítulo no dia certo, depois de tanto tempo...
Comentem se estão gostando!

Beijos, Fra...

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