(Quinta-feira, 15 de Outubro)
ETHAN HEITER:
- Posso dar a minha opinião?! - Jack puxa o copo para mais perto. - Você devia... - Faz uma careta idiota. -... Ir embora assim que a formatura acontecesse. Ia amenizar a cabeça da Kate, vai ver é muita pressão, sacou?! Imagina! Ela vai se mudar pra Califórnia pra se livrar dos pais, que loucura!
- Liberdade. - Tomo um gole do whisky e faço uma careta enquanto espero a bebida descer pela minha garganta como fogo. - Todo mundo precisa um dia.
- Até onde eu saiba você não contou pra ela ainda. - Provoca com um olhar meio bêbado.
- Não falei, e também não pretendo falar. - Respondo, e depois o vejo encarar a garota que serve as misturas mais esquisitas de bebidas, vagando para perto de nós.
- Lexi! Traz mais um whisky pro meu amigo aqui, acho que ele tá precisando. - Dá um tapinha nas minhas costas. Suspiro.
- Não vou passar uma eternidade pensando em como vai ser os próximos seis meses da minha vida enquanto bebo em um bar com você. - Digo na frieza.
- Nosfa, maguo! - Finge estar ofendido.
- É assim que você resolve os seus problemas?
- Com certeza. - Bebe mais um gole. - Depois de tanto afundar todas as merdas que acontecem na sua vida em um bom whisky, vai por mim: a bebida nem desce rasgando a sua garganta mais. É como se acostumar com energético com uns treze anos. Rápido e fácil, só precisa de prática com regularidade. Você ainda vai pegar o jeito. - Diz, como se eu quisesse me tornar um bêbado idiota, que bebe para esquecer os problemas da vida. Como se eu precisasse de um conselho experiente.
- Preciso voltar pra casa. Meu irmão tá me esperando pra jogar bola com ele... - Levanto do banquinho confortável e logo Jack me puxa pelo braço, claramente entregue à bebida.
- Vai por mim, você pode até achar que não está tão ruim quanto eu, mas a sua cara tá horrível, vai assustar o Paul. Imagina a cena: o irmãozinho exemplar entrando dentro de casa e se tornando a ovelha negra da família por ter bebido por uma garota. - Dá um sorriso pervertido embriagado.
Levanto as sobrancelhas.
- Não bebi por ela. - Dou as costas, cambaleando.
- Tem certeza?! - Jack grita enquanto vou em direção à saída. Fico instável no mesmo lugar.
- Isso não importa.
- Claro que importa! Daqui à alguns segundos você vai falar coisas sem sentido, começar a delirar, e ter visões eróticas com a Blank, e vai achar que qualquer garota dentro desse bar é ela, e vai por mim... - Ele nega com a cabeça. - Sexo com qualquer uma é estranho, vulgar e falso. Elas não vão substituir a Kate.
Penso com o pouco dos neurônios que ainda me restam. Dou um sorriso de verdade, coisa que não fazia à um bom tempo.
- Sabe, estou começando a me acostumar com a ideia de que você tem mais utilidade bêbado do que sóbrio. - Ele dá risada.
- Pode crê. - Levanta o copo, oferecendo-me mais um brinde. - Aos meus conselhos de bêbado, que funcionam mais melhor do que eu acreditaria ser verdade! - Lança me um olhar tonto.
- Você não acha melhor parar não?! Tipo, cara, você acabou de falar 'mais melhor'!
- Já falei coisas muito piores do que isso. - Leva o seu copo até a boca e toma até a última gota, batendo o copo na mesa em seguida, como um aviso à Lexi de que ele precisa de mais. Que ele quer mais do que pode suportar. - Não vai se juntar à mim mais uma vez?! - Faz uma cara de cãozinho abandonado.
- Cara, meu irmão ainda tá lá em casa, ele tem quatro anos e não merece me ver caindo e vomitando whisky, beleza?!
- Ele é seu irmão, não seu filho. Quando ele tiver a sua idade vai fazer a mesma coisa, Ethan. A natureza equilibra as coisas e não nos fazem diferentes nunca. Olha pra mim! Estou cometendo o mesmo erro que meu irmão cometeu, e mesmo sabendo o que aconteceu com ele, não consigo levantar esse meu traseiro lindo e sexy e ir embora daqui de alguma forma.
Assinto. Sim, Jack teve um irmão. Ele morreu de overdose. Mesmo a família de Jack sendo protetora, não parece que eles sobreviveram bem à triste e difícil fase da adolescência e das festas. E foi pensando em Jack, que tinha apenas 6 anos quando o irmão faleceu, que resolvi ir embora e resistir à um copo cheinho de tequila.
- Você tem razão. A "natureza" sempre vai equilibrar as coisas, mas ela não vai obrigar você a se tornar isso. Não quero isso pro Paul, então não serei o mal exemplo dele. - Digo, dessa vez saindo porta à fora do bar sem pestanejar.
Entro no meu carro e ligo o rádio. Penso se estou sóbrio o suficiente para dirigir. Com certeza hoje será um dia em que testarei a minha sorte ou o meu azar. O acaso ou a merda do destino. E a razão para eu querer chegar em casa, é a imagem de Paul na minha cabeça. Preciso me desculpar por ter sido tão rude com ele ultimamente.
Dirijo até chegar na esquina de casa. Estaciono o carro ali mesmo e caminho até o portão, entrando e sendo recebido de forma surpresa pela minha mãe.
- Por onde andou Ethan? - Pergunta.
- Tava... Jogando. - Minto.
- Ethan, você tá bêbado?
- Não! - Faço a típica cuspida de ar e nego. - Só preciso descansar um pouco. Avise ao Paul que mais tarde jogo com ele.
- Tudo bem. - Estranha enquanto me vê subindo as escadas agarrado ao corrimão. Adentro o meu quarto como um drogado à procura da maconha; na realidade tava tentando achar a minha toalha para poder tomar um banho e previnir uma futura ressaca horrível.
- Eth! Vem jogar? - Segura a bola enquanto pergunta.
- Sai Paul, outro dia eu jogo com você, hoje não vai dar. Vou tomar banho. - Cruzo a porta.
- Você não vai jogar comigo Ethan. Eu sei. - Seu tom de voz é assustador para um pirralho de 4 anos e então fico pensando na hipótese de estar magoando com insensibilidade. - Sabia que uma hora você iria voltar a ser chato!
E mais uma vez, penso na frase da criança como se devesse levar em consideração, já que são tão sinceras sempre. Puta que pariu, só me faltava essa.
^*^
Capítulo novo para vocês! ☺️
Jack é ou não é um ótimo conselheiro quando está bêbado? 😂Beijos, Fran...
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Dona Do Meu Pensamento
Teen Fiction" Sinto seu perfume cada vez mais próximo de mim. Suas mãos acariciam os meus braços, enquanto sua boca distribui beijos suaves pelo meu pescoço, me fazendo relaxar quase que imediatamente. Estamos sob a luz da lua e de toda a cidade, de certa forma...