Capítulo Trinta e Quatro - Conselhos e Whiskys do Jack

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(Quinta-feira, 15 de Outubro)

ETHAN HEITER:

- Posso dar a minha opinião?! - Jack puxa o copo para mais perto. - Você devia... - Faz uma careta idiota. -... Ir embora assim que a formatura acontecesse. Ia amenizar a cabeça da Kate, vai ver é muita pressão, sacou?! Imagina! Ela vai se mudar pra Califórnia pra se livrar dos pais, que loucura!

- Liberdade. - Tomo um gole do whisky e faço uma careta enquanto espero a bebida descer pela minha garganta como fogo. - Todo mundo precisa um dia.

- Até onde eu saiba você não contou pra ela ainda. - Provoca com um olhar meio bêbado.

- Não falei, e também não pretendo falar. - Respondo, e depois o vejo encarar a garota que serve as misturas mais esquisitas de bebidas, vagando para perto de nós.

- Lexi! Traz mais um whisky pro meu amigo aqui, acho que ele tá precisando. - Dá um tapinha nas minhas costas. Suspiro.

- Não vou passar uma eternidade pensando em como vai ser os próximos seis meses da minha vida enquanto bebo em um bar com você. - Digo na frieza.

- Nosfa, maguo! - Finge estar ofendido.

- É assim que você resolve os seus problemas?

- Com certeza. - Bebe mais um gole. - Depois de tanto afundar todas as merdas que acontecem na sua vida em um bom whisky, vai por mim: a bebida nem desce rasgando a sua garganta mais. É como se acostumar com energético com uns treze anos. Rápido e fácil, só precisa de prática com regularidade. Você ainda vai pegar o jeito. - Diz, como se eu quisesse me tornar um bêbado idiota, que bebe para esquecer os problemas da vida. Como se eu precisasse de um conselho experiente.

- Preciso voltar pra casa. Meu irmão tá me esperando pra jogar bola com ele... - Levanto do banquinho confortável e logo Jack me puxa pelo braço, claramente entregue à bebida.

- Vai por mim, você pode até achar que não está tão ruim quanto eu, mas a sua cara tá horrível, vai assustar o Paul. Imagina a cena: o irmãozinho exemplar entrando dentro de casa e se tornando a ovelha negra da família por ter bebido por uma garota. - Dá um sorriso pervertido embriagado.

Levanto as sobrancelhas.

- Não bebi por ela. - Dou as costas, cambaleando.

- Tem certeza?! - Jack grita enquanto vou em direção à saída. Fico instável no mesmo lugar.

- Isso não importa.

- Claro que importa! Daqui à alguns segundos você vai falar coisas sem sentido, começar a delirar, e ter visões eróticas com a Blank, e vai achar que qualquer garota dentro desse bar é ela, e vai por mim... - Ele nega com a cabeça. - Sexo com qualquer uma é estranho, vulgar e falso. Elas não vão substituir a Kate.

Penso com o pouco dos neurônios que ainda me restam. Dou um sorriso de verdade, coisa que não fazia à um bom tempo.

- Sabe, estou começando a me acostumar com a ideia de que você tem mais utilidade bêbado do que sóbrio. - Ele dá risada.

- Pode crê. - Levanta o copo, oferecendo-me mais um brinde. - Aos meus conselhos de bêbado, que funcionam mais melhor do que eu acreditaria ser verdade! - Lança me um olhar tonto.

- Você não acha melhor parar não?! Tipo, cara, você acabou de falar 'mais melhor'!

- Já falei coisas muito piores do que isso. - Leva o seu copo até a boca e toma até a última gota, batendo o copo na mesa em seguida, como um aviso à Lexi de que ele precisa de mais. Que ele quer mais do que pode suportar. - Não vai se juntar à mim mais uma vez?! - Faz uma cara de cãozinho abandonado.

- Cara, meu irmão ainda tá lá em casa, ele tem quatro anos e não merece me ver caindo e vomitando whisky, beleza?!

- Ele é seu irmão, não seu filho. Quando ele tiver a sua idade vai fazer a mesma coisa, Ethan. A natureza equilibra as coisas e não nos fazem diferentes nunca. Olha pra mim! Estou cometendo o mesmo erro que meu irmão cometeu, e mesmo sabendo o que aconteceu com ele, não consigo levantar esse meu traseiro lindo e sexy e ir embora daqui de alguma forma.

Assinto. Sim, Jack teve um irmão. Ele morreu de overdose. Mesmo a família de Jack sendo protetora, não parece que eles sobreviveram bem à triste e difícil fase da adolescência e das festas. E foi pensando em Jack, que tinha apenas 6 anos quando o irmão faleceu, que resolvi ir embora e resistir à um copo cheinho de tequila.

- Você tem razão. A "natureza" sempre vai equilibrar as coisas, mas ela não vai obrigar você a se tornar isso. Não quero isso pro Paul, então não serei o mal exemplo dele. - Digo, dessa vez saindo porta à fora do bar sem pestanejar.

Entro no meu carro e ligo o rádio. Penso se estou sóbrio o suficiente para dirigir. Com certeza hoje será um dia em que testarei a minha sorte ou o meu azar. O acaso ou a merda do destino. E a razão para eu querer chegar em casa, é a imagem de Paul na minha cabeça. Preciso me desculpar por ter sido tão rude com ele ultimamente.

Dirijo até chegar na esquina de casa. Estaciono o carro ali mesmo e caminho até o portão, entrando e sendo recebido de forma surpresa pela minha mãe.

- Por onde andou Ethan? - Pergunta.

- Tava... Jogando. - Minto.

- Ethan, você tá bêbado?

- Não! - Faço a típica cuspida de ar e nego. - Só preciso descansar um pouco. Avise ao Paul que mais tarde jogo com ele.

- Tudo bem. - Estranha enquanto me vê subindo as escadas agarrado ao corrimão. Adentro o meu quarto como um drogado à procura da maconha; na realidade tava tentando achar a minha toalha para poder tomar um banho e previnir uma futura ressaca horrível.

- Eth! Vem jogar? - Segura a bola enquanto pergunta.

- Sai Paul, outro dia eu jogo com você, hoje não vai dar. Vou tomar banho. - Cruzo a porta.

- Você não vai jogar comigo Ethan. Eu sei. - Seu tom de voz é assustador para um pirralho de 4 anos e então fico pensando na hipótese de estar magoando com insensibilidade. - Sabia que uma hora você iria voltar a ser chato!

E mais uma vez, penso na frase da criança como se devesse levar em consideração, já que são tão sinceras sempre. Puta que pariu, só me faltava essa.

^*^
Capítulo novo para vocês! ☺️
Jack é ou não é um ótimo conselheiro quando está bêbado? 😂

Beijos, Fran...

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