Capítulo Setenta e Quatro - Formatura

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(Sexta-feira, 5 de Dezembro)

KATE BLANK

Era o nosso último dia como turma. A zoeira já tinha sido feita no nosso último dia de aula: preparamos uma pegadinha para os calouros. Rimos muito quando latas de tintas caíram "do céu", fazendo todo mundo, inclusive a gente, ficar tomado de tinta.

Eu me arrumava na frente do espelho na companhia de Carol e Natasha.

- A gente tem que usar muito brilho! - Carol fala, ansiosa e observando a mala de roupas que havia trazido para avaliar qual seria o vestido ideal para ir. Reviro os olhos passando um gloss, enquanto ela põe dois vestidos na frente do seu corpo e se encara no espelho.

Natasha parece desanimada. Faz pouco tempo que comentou que o vestido que planejara usar na formatura, passou a não entrar mais. Embora quem não soubesse da história ainda não podia dizer com clareza que ela estava um pouquinho mais gorda que o habitual.

Ela dá um sorriso fraco enquanto ajeita um colar maravilhoso em seu pescoço.

- Temos que fazer a melhor maquiagem do mundo também! - Carol continuou. - Preciso que Brian olhe pra mim e se arrependa de todas as outras garotas com quem ele tentou me esquecer! - Eu pigarreio.

- Ah correção: ele tentou te esquecer, mas não conseguiu. Meu irmão já admitiu que você é a garota mais bonita com quem ele já esteve... - Argumento em defesa de Brian. Ela faz um beiço enquanto parece avaliar o que acabei de falar.

- É... Tudo bem.

- O que Kate está tentando dizer é que: - Sasha tenta ficar isso na cabeça de Carol - Você não precisa fazer isso por ele. Tem que fazer por você!

Escuto vozes no corredor. Brian parece gritar com Zilda, e o quarto logo fica em silêncio absoluto para que possamos escutar qualquer coisa.

- Por que não me conta caralho? - Escuto-o dizer. Zilda parece emotiva, parece chorar de raiva.

As garotas me encaram e eu, embora me sinta responsável por descer, saber o que está rolando e, se necessário interferir, não acho que nesse momento essa seja a melhor solução.

A gente espera as coisas se acalmar, e também acabamos por escutar o som das portas da casa batendo com força.

- O que pode ter acontecido? - Um delas pergunta.

- Não faço a mínima ideia. - Respondo sincera.

Mais tarde, quando finalmente conseguimos terminar de nós arrumar, descemos as escadas e encontramos com Brian. Ele vestia um paletó simples, uma camisa social e uma calça. Deu um sorriso fraco quando nos acompanhou até o carro.

Mike encontrou com Natasha e os dois entraram de mãos dadas. Achei bonito isso tudo. É uma forma antecipada deles de dizer aos pais: "estamos bem, mas nos desculpe por estarmos fugindo por amor". Nenhum dos dois estavam seguros de que seria o melhor a fazer. Nem se conseguiriam. Estavam nervosos quanto a isso, até porque seria uma mudança e tanta. Em um dia você é uma garota que estuda e vai para a casa de praia do próprio namorado, ou melhor, num dia você é só parte de uma amizade colorida e de repente você se vê perdendo a inocência de forma romântica e acaba engravidando.

Carol percebeu que Brian estava estranho e parecia impaciente. Chacoalhava o pé o tempo todo e batia de leve na própria perna. Eu achei aquilo estranho demais.

Avistei depois de algum tempo, Ethan Heiter. Desde que o conheci, imaginei em segredo como seria vê-lo usando um terno.

Fazia alguns dias que eu não o via, mas Mike me contou que seu treino para jogar futebol no exterior, lhe rendeu um tornozelo todo machucado e por isso, para sua recuperação, ele preferiu fugir de uma das últimas semanas de aula.

A gravata estava desarrumada e quase me aproximei para ajudá-lo. Cheguei até a virar em sua direção. Mas Mary foi mais rápida, e lançando me um olhar de disputa e ódio, foi até ele. Ele percebeu os meus movimentos e chegou a abriu a boca, mas não foi capaz de dizer nada. O peguei trocando olhares comigo, enquanto Mary ajeitava sua gravata e trocava sorrisos. Meu estômago se revirou, mas eu tinha que permanecer forte.

Ele me encarava como se quisesse me comer viva. Como se sua chama de desejo por mim nunca havia mudado, nem com todas as nossas idas e vindas, e algo me dizia que ele queria que aquele sentimento permanecesse, não queria se livrar do peso na consciência de ter me perdido, parecia querer se torturar por tê-lo feito.

E naquele momento, quando ele passou a mão pelo cabelo loiro, como sempre faz quando fica nervoso, eu o vejo pedindo para que Mary solte sua gravata e o dê alguns segundos. Ele caminha na minha direção e eu permaneço ali. Meus pés fixos no chão, imóveis.

- Pode me ajudar com isso? - Pergunta dando um leve sorriso. Não sou capaz de devolver a mesma expressão, mas movimento minhas mãos trêmulas na direção de sua gravata e à ajeito. - Obrigada.

Assinto, dando um passo para trás e sorrindo bem fraco. Ethan me encara como se lhe tivesse faltado ar.

- Kate. - Segura a minha mão, me impedindo de ir.

-Ethan? - Pergunto sem entender, alternando entre nossas mãos e seu rosto.

- Você tá gelada... - Diz, tocando meus dedos.

- Você sabe o porquê...

- Sei. - Engole em seco. - É que eu não sei o que te dizer. Não sei como concertar a merda que eu fiz. Mas eu juro. - Ele se ajoelha diante de mim e todo mundo começa a olhar e cochichar na nossa direção. Mary parece furiosa observando a cena. - Eu juro que eu não sabia o que caralhos eu estava fazendo. Eu tinha bebido demais, Kate. Diz que me perdoa. Eu não suportaria a ideia de te ver com outra pessoa, não suporto a ideia de não te ter pra mim...

- E-eu... - Fecho os olhos para pensar numa solução, lembrar de tudo o que já havia concluído mentalmente antes. Crio coragem para encara-lo e sentindo uma lágrima escorrer, me permito dizer: - Eu sinto muito... - Afasto meus dedos lentamente dos seus e, despedaçada, dou as costas indo em direção ao banheiro.

<>^*<>^*<>
Esses dois ein?!
Será que ainda voltam à ficar juntos? 🙃

Beijos, Fran...

Dona Do Meu PensamentoOnde histórias criam vida. Descubra agora