Capítulo Cinquenta e Um - Ilhabella (Parte VI) ~ Noite incrível/ Parte 2

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ETHAN HEITER:

Escuto as batidas na porta enquanto minha língua passeia pela sua boca, toco seu ombro e ela estremece.

- Porra. - Murmuro. - Nem no meu quarto eu tenho paz? - Grito para que, quem quer que seja, saiba que estou irritado com a interrupção. Puxo Kate para mais perto. Ela coloca um joelho de cada lado do meu corpo, e senta na minha virilha. Olho feio pra ela, que sorri sem jeito. - Você sabe que desse jeito nunca vamos sair daqui, não sabe? - Cochicho, agora mais perto.

- Ethan! O pessoal tá te chamando lá embaixo. Parece que vão fazer uma fogueira e eles querem ajuda. - Escuto a voz de Mary. Kate revira os olhos e pergunta muda 'O que ela está fazendo aqui?!' Respondo de volta um 'Eu não sei'. E por um segundo eu percebo que na verdade, eu sei. Estava com ela hoje à tarde, ajudando-a antes de encontrar Kate jogando vôlei na praia. Levanto parte do meu corpo até alcançar sua boca e depositar um beijo. Ela tira o corpo lindo de cima do meu, e eu faço biquinho mas ela não liga.

- Já vou. - Grito pra Mary enquanto visto minha bermuda, na torcida de que ela já tenha saído. Mas ela grita alguma coisa no corredor, alguma coisa que eu não faço ideia. Kate me encara sem saber o que fazer. Faço sinal para que ela fique no quarto até eu afastar Mary de lá, ela assente e então eu pego uma camiseta qualquer na minha mala e saio porta à fora. Mary está com o cabelo molhado e ainda está usando aquele seu biquíni azul marinho.

- Desculpa por bater mas, era importante. - Seus olhos começam a brilhar e eu sei que lá vem pergunta. - O que estava fazendo? - Olho para seus olhos e vejo que observa a camiseta na minha mão e meu peito nu. Eu dou um sorriso amarelo e visto a camiseta.

- Nada. Estava dormindo.

- Parecia bem atento pra quem estava dormindo... - Provoca, tentando ouvir uma resposta mais convincente.

- Acordo rápido. - Respondo, piorando a situação. Ela me olha sem jeito, certamente pronta pra rir. - Vamos? - Pergunto pensando em como a Lady está lá dentro sozinha.

Assim que desço todos os degraus, já consigo ver as chamas do fogo, de frente para o mar. Ainda não escureceu totalmente, então a vista está bonita demais.

- Trouxe seu violão? - Dá um sorriso.

- Dessa vez não. - Digo, e ela suspira.

- Gosto quando toca.

- Não gosto muito de tocar. - Admito.

- Mas para a Kate você toca né? - Fala tão baixo que quase não escuto. Percebo que aquilo saiu involuntariamente da sua boca e então eu ignoro.

Não gosto de vê-la meio mal. E isso é idiota, mas não sei o porque me senti parcialmente culpado por dar mais atenção à Kate do que a ela, que tem tentado ser legal.

- Mas se precisar, eu toco hoje. - Ela me encara e eu sorrio. Ela coloca o cabelo para trás da orelha e segue me acompanhando enquanto conta como foi o Rapel e pergunta se eu saí da praia porque estava com sono. Quero muito dizer à ela que na realidade era o contrário, mas não posso, então só sigo o script.

Assim que chegamos na praia, o rosto de Noah toma uma feição maliciosa e eu mostro o dedo do meio e faço uma careta.

- Rápido Heiter. Bem rápido. - Me provoca. Faço que não com o dedo e abafo uma risada forçada. E então eu vejo: Kate já está lá. O que é estranho, mas se for pensar por outro lado, ela deve ter saído logo depois da gente e deve ter pego o caminho mais curto, já que estava sem companhia.

E ela não só já está lá como também está se afastando ainda mais da nossa fogueira e do nosso grupinho no meio da praia. Está indo em direção às luzes dos restaurantes e dos quiosques e também às rochas.

Assim que me viro para segui-la e ver o que foi que aconteceu, Chloe e Mary me puxam para sentar perto da fogueira enquanto elas dançam no meio da nossa rodinha infeliz sem a garota da minha vida.

Consigo vê-la sentada, bem longe. Está encarando o mar e balançando as pernas quando as ondas batem na pedra. Lá está mais escuro e não consigo ver seu rosto.

Mary me puxa pela mão, e começa a tocar um monte de musicas sertanejas, então ela me arrasta pra cima e pra baixo, tentando me fazer dançar. Mas mesmo eu dando um sorrisinho, não consigo encontrar ânimo nem entusiasmo para dançar com qualquer outra garota que não seja a minha garota.

Assim que ela me solta em um rápido intervalo entre uma música e outra, os caras me chamam pra tocar. Reviro os olhos e digo à eles que já vou.

Viro na direção das rochas num canto direito da praia e caminho até elas. Isso me lembra quando fomos até Angra, há uns meses atrás que mais parecem anos. Sento-me ao seu lado e me sinto mal. O rosto dela está frio, sem qualquer expressão.

- Por que veio pra cá? Queria dançar com você...

- Quero ficar sozinha Ethan. - Ela puxa os joelhos contra-si e os envolve com os braços. Sinto inveja dos seus joelhos e percebo que estou ficando paranóico.

- O que aconteceu? - Pergunto sem entender nada.

- Nada, Ethan. - Não me encara, seu rosto está pálido e acho que é do frio que as ondas são capazes de trazer.

- Você não tá com frio? - Pergunto e pego sua mão, tirando-a do joelho. - Está congelando!

Minha mão, mesmo estando quente à ponto de estar suada, não consegue esquentar a sua. E me preocupo.

Ela tira a sua mão da minha e à coloca sob o ombro na expectativa de cobri-lo. Nesse momento passou na minha cabeça a imagem daqueles filmes antigos de péssima qualidade, onde os caras usam paletós e depositam sobre o ombro das garotas gentilmente. Percebo que estou só de camiseta e bermuda, e não tenho nada além do calor do meu corpo para esquenta-la, então, mesmo sem pedir qualquer permissão, a puxo para perto de mim, deitando sua cabeça no meu peito. Ela suspira e posso sentir sua respiração. Minhas mãos envolvem sua cintura e ela senta diante de mim.

A festa continua rolando lá, enquanto eu me sinto mais confortável perto dela, isolado dos outros.

^*^
Mais um capítulo! ;P


Beijos, Fran...

Dona Do Meu PensamentoOnde histórias criam vida. Descubra agora