Dona Do Meu Pensamento

Capítulo Quatro - Tia Morgan

( Quinta-feira, 29 de Junho )

KATE BLANK:

Tia Morgan chegou na segunda. Chegou de surpresa. Nós nos damos super bem e não deu nem uma hora de sua chegada e fomos parar perto da lareira na sala de estar, contando as coisas uma para a outra.

Não sei ao certo se tia Morgan (ou Morgana como é o seu verdadeiro nome), foi estrategicamente chamada pelos meus pais ou se ela veio por conta própria, porque ao contrário dos meus pais, ela se importa um pouco comigo.

- Como vai o seu namoro com o filho do casal que é sócio dos seus pais?! - Pergunta enquanto toma um gole da sua xícara de chá.

Há detalhes importantes à respeito de Morgana Pffrit Blank, que poucos sabem, mas como eu me dedicava a conversar com ela desde pequena, acabei por descobrir: ela não é esnobe. Ela é uma mulher com seus 45 anos, bonita, madura e elegante. Sua postura é consequência das aulas de etiquetas exercidas desde cedo e da sua antiga profissão (ela era uma modelo brilhante). Quando ela fez 18 anos, foi chamada para sair do país. O seu primeiro grande trabalho foi na França, e depois disso, ela foi de país em país para modelar, o que a possibilitou um ótimo vocabulário de idiomas diferentes. Ela não concorda muito com os pensamentos dos meus pais, mas como uma boa atriz, finge estar sempre do lado deles, e quando está apenas comigo diz que me entende. Atualmente Morgan é dona de uma agência de modelos estadunidense.

Olho disfarçadamente para os dois lados e minha tia me entende, aproximando-se para me ouvir:

- Eu não tenho mais nada com Noah. - Falo baixo. Ela fica boquiaberta.

- Me diga que você não está gostando de uma outra pessoa!? - Assinto. - Quem é?

- O nome dele é Ethan Heiter, e ele é incrível! Você precisa conhecê-lo... - Ela fica me observando por um bom tempo antes de dizer:

- Pelo jeito você está "apaixonadinha", pela primeira vez de verdade! - Se estão se perguntando se até ela, que mora longe, sabe de parte da minha vida, sim! Ela é a minha confidente número um, pois sei que em hipótese alguma ela contaria algo para os meus pais.

Assinto como resposta

Continuamos conversando sobre coisas aleatórias até que ela me pede pra subir no meu quarto, porque o que ela tem para me dizer "ninguém pode saber disso" ou "é confidencial". Eu fiquei lembrando das possíveis condições que uma pessoa pode estar quando diz isso. Se eu não à conhecesse pensaria que ela iria me contar que cometeu um homicídio, de tão preocupante foi o seu tom de voz.

Subimos até o meu quarto e trancamos a porta do mesmo, ela se sentou em uma poltrona e eu me sentei na ponta da cama.

- Querida, eu sei que os seus pais estão tentando botar nas suas mãos a empresa. - Fala, enquanto cruza as pernas de um jeito intelectual. Eu olho para os meus sapatos. - Ei!? Sabe do que mais eu sei? - Balanço minha cabeça negativamente - Eu sei que não é isso que você quer.

- Eu não tenho escolha. - Continuo cabisbaixa. Enquanto Morgan espera pelo silêncio absoluto.

- Você tem uma escolha, Kate! - Levanto meu olhar para a ver sorrindo. Logo, a sua postura é desmoronada quando ela se ajoelha no chão diante de mim. - Mas me escuta: ninguém, ninguém mesmo, pode saber disso! - Seu tom de voz volta a ficar sinistro e eu consigo sentir faíscas de medo.

- Ao menos me diga: por que?

- Pode não funcionar se você contar antes da hora.

- Que tipo de plano é esse que você tem?! - Meu tom de voz fica tão baixo que mais parece um sussurro. Ela dá um risada baixa e ordena:

- Esteja aqui no dia 5 de Julho, no dia seguinte ao seu aniversário.