Dona Do Meu Pensamento

Capítulo Quatorze - Dia 5

Descemos para tomar café, devidamente apresentáveis (vestidos - Ethan conseguiu uma roupa de Lize para mim, já que meu vestido não era muito casual),deixando o nosso filhotinho brincando em cima da cama. A mãe de Ethan estava na cozinha e dispensou minha ajuda, alegando que eu era a 'convidada' sempre. Pela primeira vez durante todo esse tempo, dou de cara com o pai de Ethan na sala de estar, lendo o jornal de ontem.

Quando ele sente a nossa presença, fecha o jornal rápido e dá um sorriso amarelo.

- Bom dia! Como vai? - Me cumprimenta com um aperto de mão.

- Bem e o senhor?

- Bem... - Ele faz uma pequena pausa. - Só não me chama de senhor! - Riu, acabei por rir junto.

Ethan fita o chão enquanto converso com seu pai. Assim que seu pai o puxa para a conversa, Eth fica um pouco mais desconfortável que antes e não imagino o porquê.

- Me apresenta a sua namorada, filho?

-Tudo bem... Bom pai, esta é Kate, Kate este é meu pai Liam. - E assim fico sabendo o nome dele.

Não demora muito e Henry desce as escadas com pressa.

- Já estou indo! - Grita apressado. Quando levanta seus olhos e dá de cara com os meus pronuncia - Bom dia Kate!

Ele encosta na maçaneta da porta e seu pai faz os neurônios dele se acalmarem.

- Onde você acha que vai, Henry Heiter?

- Pai, eu tenho que passar na casa da minha namorada e convida-lá para ir no parque comigo hoje à tarde.

- Que parque, Henry? - A voz de Ethan volta a ecoar, fico calada.

- Um parque de diversões que se instalou aqui em São Paulo. Andam dizendo que é legal e... Sei lá. Queria fazer as pazes com a Renata. Briguei com ela ontem. - Solta a grande bomba do dia.

- Ihhhh... - Paul desce as escadas da casa, fazendo muito barulho. Ele ainda está de pijama e faz questão de arrastar o cobertor que agora o está enrolando, como se ele fosse um burrito. - Se a Jenny e eu brigássemos, eu nem sei o que eu iria fazer da vida. - Diz de forma desengonçada, como se tudo bem ter uma namorada aos quatro anos de idade. Claro que todos nós caímos na risada.

Helena aparece e manda Henry, ao menos, tomar café conosco. Ethan foi enviado em uma missão esplêndida de acordar Lize.

- Me desejem sorte. - Diz e faz uma cara sem muita vontade.

Ethan volta um tempo depois, e Lize só desce após passar trinta minutos, com seu cabelo escuro bagunçado atirado pro lado direito. Liam pigarreia, cobrando da filha um bom dia.

- Ah! Bom dia pai. Bom dia Paul. Bom dia Henry. - Ela passa os olhos e me encara surpresa, observa a minha roupa, depois troca olhares e sorrisinhos com Ethan. - Bom dia Kate! Você tem bom gosto!

Dou um sorriso e devolvo o bom dia. Pisco o olho para ela, que parece entender tudo.

- Não vai me dar bom dia? - Grita Helena da cozinha.

- Bom dia! - Devolve no mesmo tom de voz.

- E eu? - Ethan olha entristecido e fingindo ficar magoado.

- Pra ti eu não dou. Tu foi me acordar. - Ele faz beiço e logo depois aceita a condição.

Na mesa, fui muito bem acolhida. Para ser sincera, mais do que na minha própria casa.

Me despedi com muito carinho de todos, subi e peguei meu Barney, enfiei o filhote dentro de uma caixinha de papelão, escutei Paul se despedir de Barney, junto à caixa joguei meu vestido da noite anterior (o mesmo se tornou um cobertor e tanto para o cachorrinho) e peguei uma carona de Ethan até em casa.

Acordamos tarde demais para ir para a escola e por isso resolvemos faltar hoje.

Assim que piso na calçada, Yuri me lança um olhar estranho. Sei o que isso significa. Seus olhos gritam impacientes: "seus pais não irão gostar Kate" "Sabe que nessa casa cachorros são proibidos, Kate" "Seu pai tem alergia à eles Kate!". Mas ao invés de todos os gritos frustrantes dentro dele, sua boca falou sem pestanejar algo como:

- Bom dia Srt. Blank. Como foi a noite de ontem? - Fico surpresa por vê-lo sorrir. Nunca na minha vida havia visto Yuri sorrir. Sua pele negra, deixa ainda mais bonito seus dentes entrarem em vigor junto com o sorriso.

- Bem. Mas já lhe pedi, não precisa me chamar de Srt. Blank, Yuri. - Agradeço e retribuo o sorriso.

- Sua tia está lhe esperando. Disse que assim que você chegasse era para ir falar com ela. - Eu deixo a caixa de papelão à vista dele, e ele logo se apaixona pelo cachorrinho escondido no meio do meu vestido preto, que antes fora um presente deslumbrante, e que agora não passa do mais novo cobertor do Barney. 

- Se precisar que alguém o esconda quando seus pais voltarem, pode contar comigo! - Diz alegremente, enquanto o acaricia. Dou uma piscadela e adentro a mansão Blank.

- Oh, Kate! Como foi a noite? - Zilda está com as duas mãos juntas, como se estivesse rezando, mas invés disso, está apenas esperando a minha resposta tão significantemente apaixonada.

Sinto muito em decepcionar as pessoas, mas não tenho culpa se elas esperam muito de mim.

- Boa. - Isso é tudo o que digo, sem nenhum Spoiler do capítulo de ontem. Zilda me pede para tomar conta do filhotinho, depois de vê-lo e ficar encantada, e então o deixo com ela. Subo as escadas e quando chego no meu quarto, dou de cara com titia Morgan. 

- Surpresa! - Diz e me entrega seu presente. Agradeço à ela.

Mania das pessoas da minha família de curtir o dia do meu aniversário e somente no dia seguinte entregar-me os presentes.

Quando abro fico boquiaberta. É um vestido azul delicado e feito para uma festa.

- Você me disse que queria conversar, certo. - Tiro o meu sorriso do rosto, e deixo uma voz perturbada sair.

- Certo. - Senta com finésse na ponta da minha cama. Engole em seco e então foco minha atenção toda nela. - Há uma semana, mais ou menos, eu lhe disse que você tinha uma opção além de assumir a empresa, não disse?

Sinto um mal pressentimento, e fico com medo de responder em voz alta. Só consigo assentir.

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Dessa vez cheguei com capítulo no dia certo! 🙃😜😘

Beijos, Fra...