Capítulo Cinquenta e Sete - Ilhabela (Parte XI) ~ Jack sóbrio

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KATE BLANK:

Depois que Jack levantou, estávamos prestes a sair para tomar café junto com o resto da turma. Ethan fez questão de se afastar de mim quando todos acordaram.

- Ethan, a gente sabe que vocês tão juntos caralho, não precisa esconder.

- Não estamos juntos - Rebate.

- Vocês são bem aqueles casaizinhos de merda que não admitem que estão juntos, preferem dizer que é uma amizade colorida a se assumir. - Mike fala. Ethan dá uma risada sem graça alguma e eu resolvo me defender:

- Olha quem falando Mike! Você e a Natasha nunca foram lá um exemplo de casal assumido. - Dei nos dedos. Mike ficou vermelho e Natasha pegou um copo de água.

- Tá, beleza. - Disse Sasha, tentando descaradamente fugir de assunto. - Como que a gente vai fazer para sair daqui sem ninguém nos ver?

- Não vão. - Jack fala. Olho para ele, seus olhos não estão como sempre estão. Normalmente sua pupila está mais dilatada por conta da bebida, e suas palavras são mais enroladas, inconvenientes e desprovidas. Acredite se quiser, as palavras do Jack bêbado, com certeza te deixam melhor do que as do Jack sóbrio.

- Pelo amor de Deus Jack, vai beber! - Ethan implora, e todos nós damos risada, menos o próprio Jack.

- Não quero, Heiter.

- O que aconteceu com você? - Quis saber Mike.

- Nada. Só não quero ficar bêbado hoje.

- Você nunca se importou em estar bêbado. - Retruca Natasha.

- Até perceber que a minha vida toda é uma mentira! - Eleva um pouco a voz, cansado dos nossos argumentos. - Eu tô sempre bêbado, já repararam? Sabe de quantas coisas eu me lembro? Poucas, muito poucas. Sabe todas aquelas festas, todas as garotas, todos os rolos no meu apartamento...? Eu não lembro de quase nada. E isso basta para tentar fazer com que eu fique sóbrio. 

- Não é isso Jack. Você tá assim porque certamente levou um fora. - Natasha diz. Jack fica calado, abaixa a cabeça e então percebo que está chorando. Só então eu vejo o quanto Jack é vulnerável.

- Jack... - Me aproximo.

- Não Kate! Não quero que me console!

- Jack, eu não falei por mal, eu tava até brincando, eu...

- Você falou a verdade Natasha. Só isso. - Resmunga.

- Me deixa falar sozinha com ele? - Peço para todos. Jack fica imóvel, no mesmo lugar (sentado em cima de sua cama). Eles se levantam e saem do quarto. - Jack, me escuta: eu não sei o que essa garota fez com você, não sei o que ela te disse, mas eu só sei que ela não sabe o que está falando. Ela não te conhece o suficiente pra saber o quão maravilhoso você é.

- Foi à alguns dias já Kate. E não é o que ela me disse que me preocupa. É pior: eu não lembro dela. Não lembro do rosto dela. Sonho todas as noites com o seu corpo, com o seu cheiro, mas toda a vez que tento saber seu rosto, ele é um borrão. Eu tô com medo... - Fica em posição fetal, e sinceramente eu não sei se começo a rir ou se choro.

- Jack, você tem medo do que?

- Medo de estar apaixonado por uma garota e não lembrar nem do seu rosto. - Pego seu rosto entre as mãos.

- Não precisa ter medo. Se for pra acontecer você vai encontrá-la de novo. Vai saber que é ela.

- Eu quero encontrá-la. Já fiquei com tantas garotas mas nunca, em toda a minha vida, nunca sonhei com uma delas.

- Você, lembra de alguma coisa sobre ela?

- Ela tem uma marca de nascença nas costas, perto da nuca. Me lembro de afastar seu cabelo dali e beijar aquela marquinha. - Ele dá um sorriso bobo. Penso em revirar os olhos mas sei que não será muito legal se eu fizer isso.

- Onde você a viu?

- Aqui na praia.

- Ah. Ela não é de São Paulo?

- Na realidade ela pode ser de qualquer lugar do mundo Kate.

- Eu prometo que vou te ajudar. - Coloco minha mão sob a sua.

- Obrigado. - Dá um sorriso com ar de pervertido. Seu cabelo ainda está bagunçado, seus olhos me parecem desconhecidos, mas o seu sorriso ainda é o mesmo.

Saímos do quarto e encontramos Mike e Natasha sentados na escada e Ethan escorado na parede olhando fixamente para a chave do quarto, na tentativa de se distrair. Resolvemos enfim descer para comer.

- Me passa a manteiga? - Pedem assim que sentamos junto à mesa com todos.

- Claro. - Dou um sorriso amarelo e alcanço à Cecília.

- Como foi a noite de vocês cinco? Pergunta Rennê, com um olhar estranho. Ethan bufa baixinho do meu lado. Os dois não se suportam.

- Foi ótima. - Responde Mike, não se ligando do que de fato Rennê estava insinuando. Noah foi o primeiro a rir e Mike se ligou. - Foi ótima porque vimos Netflix.

- Então quer dizer que passaram mesmo a noite juntos? - Pergunta Mary, parecendo... Furiosa?

- Não é da conta de vocês. - Mike deu de ombros. Até que estou começando a gostar desse novo Mike foda-se.

- Tem razão. É da conta da professora... - Fala Mary. Por que ela está tão insuportável?

- Meu Deus, não vou dedurar vocês por causa disso. Relaxa aí Mary. - Noah a acalma.

- Eu não prometo nada. - Fala Rennê levantando os braços. Reviro os olhos quando vejo Ethan cerrando os punhos.

- Melhor fazer alguma coisa divertida. Vocês não acham? - Resolvo interferir.

- Que tal explorar aquela trilha que leva à um canto distante da praia? - Sugere Chloe.

- Curti. - Iam entra surpreendentemente na conversa. Olho ao redor e reconheço o vazio.

-  Cadê a Caroline? - Pergunto aflita.

- Não a vi essa manhã. - Diz Cecília.

- Ué, ela não era colega de quarto de vocês? - Pergunta Mary com ironia. Ela já está me deixando irritada.

- Vocês mesmo disseram que ela tinha ido numa balada. - Ethan me lembra.

- Mas e se aconteceu alguma coisa com ela além de uma simples ressaca?

- Vamos até lá... - Sugere Natasha e eu concordo.

- Eu vou com vocês. - Mike se prontifica, Ethan ia abrir a boca, quando eu o encaro e ele volta a se calar. Enquanto me distancio percebo que Mary se sentou ao seu lado na mesa do café.

^{}^
Oii!
Outro capítulo 💕
Espero que tenham gostado! 🤗



Beijos, Fran...

Dona Do Meu PensamentoOnde histórias criam vida. Descubra agora