Em dose dupla

Capítulo 1

Era sábado à noite e Paula acabava de sair do banheiro da casa de Larissa, enrolada em uma toalha, enquanto a outra estava em frente a sua penteadeira, se maquiando. O som alto da casa da frente tocava uma música conhecida de ambas, e logo a morena começou a cantarolar, enquanto pegava a roupa que vestiria naquela noite.

— O Ale mandou mensagem — disse Larissa, referindo-se a um dos amigos que a levariam para sair naquela noite.

— Hum? O que houve? — Paula indagou.

— Ele vai se atrasar. O pai dele precisou do carro.

— Será que isso não é desculpa por ele não querer mais ir? — A morena franziu a testa e viu a amiga lhe encarar.

— Por que ele não iria mais querer ir? — Larissa perguntou, confusa, e a outra deu de ombros — De qualquer forma, vamos de uber. Não vou desperdiçar essa noite... Você já sabe que a partir de amanhã as coisas ficarão complicadas.

— Aí, nem acredito que teus irmãos irão morar aqui. — Paula disse em tom de comemoração, fazendo a outra revirar os olhos.

— Nem eu... — murmurou em desânimo — Ainda não estou psicologicamente preparada para lidar com o Mateus em tempo integral.

— Você fala isso, mas sofria sempre que acabavam as férias e eles voltavam para o alojamento... — A morena argumentou.

— Sofria sim, ué, eles são meus irmãos, e morar longe deles é difícil, mas ser tratada como criança aos dezoito anos, não é nada legal, Paula. Você sabe como o Mateus é.

— Ele é gostoso. — Paula comentou, apertando os lábios, e acabou fazendo Larissa rir.

— Você não cansa dele, hein? — Disse em meio a risada — Achei que essa paixão iria acabar na adolescência.

— Não acaba e nem fica pouco. — Ela piscou, fazendo graça — Será que, com ele morando perto, role alguma coisa entre a gente?

— Com o Mateus acho difícil... Ele não gosta de mulher muito mais nova — argumentou a loira — Mas o Nando é da tua idade, poderia tentar com ele.

— Não quero o Nando, quero o Mateus. — Paula falou manhosa.

— Só porque ele é mais difícil. — Larissa revirou os olhos e se levantou da cadeira, dando espaço para a amiga se maquiar.

— Não mesmo. É porque ele é alto, gostoso, loiro e de olhos verde. Só por isso... Nada demais — disse irônica.

— Pessoal aqui da frente está animado, hein? — A loira comentou, abrindo uma brecha da janela, vendo uma movimentação na casa a frente.

— Só sei que estou curtindo o som deles... — Paula comentou — Aliás, essa casa não estava à venda?

— Estava. Acho que compraram...

***

Após quase trinta minutos de espera dentro de casa, Larissa e Paula desceram e foram para calçada da casa da loira, esperar por Alexandre, que disse logo estar chegando para buscá-las. A movimentação na casa vizinha estava intensa, e Paula ainda mais curiosa, já que era possível ver jovens no ambiente.

— Você não faz questão de saber quem são os vizinhos? — Ela perguntou ao notar Larissa distraída com o celular.

— Hum, não... — A loira deu de ombros — Nunca tive muito contato com os antigos, então tanto faz. O Ale disse que vai demorar mais uns minutos. Foi pegar o Bruno — disse, suspirando pesado.

— Alexandre é enrolado demais, caramba! — Paula exclamou — Aposto que se dissesse que você estava sozinha, ele vinha correndo.

— Ah, Paula, não começa... — resmungou Larissa.