Lúcio ainda lhe deu dois selinhos e então girou o corpo, ficando de frente para o volante, enquanto punha o cinto de segurança. O silêncio se instalou por alguns minutos, até ele adentrar o campus novamente, e parar o carro na lateral do prédio onde eles estudavam. Ela olhou pela janela, sabendo que teria que descer, mas antes, precisava entender como as coisas seriam.
— Então é isso. Acabou, né? — Indagou, sem olhá-lo.
— É — disse, mesmo que a contragosto.
— Tudo bem. — Larissa assentiu — Acho que, por enquanto, não dá para sermos amigos. Mas se precisar de mim, pode me mandar mensagem, tá?
— Obrigado, mas eu concordo com não sermos amigos. Isso só iria dificultar as coisas. — Lúcio murmurou, sem consegui olhá-la — E eu não acho bom para você, estar perto de mim. Eu sou um imã para confusão, e tenho receio que isso te prejudique de alguma forma.
— Como me prejudicaria? — Ela questionou confusa.
— Não sei explicar. — Ele moveu os ombros e virou o rosto para ela — Não posso falar muita coisa, mas eu sei que vou te fazer mal...
— Do mesmo jeito que você faz mal a você mesmo? — Larissa emitiu um suspiro, mas ele não respondeu. Desviou o olhar — Por que você se machuca desse jeito? — Indagou, e diante o seu silêncio, estalou a língua — Eu só quero entender, Bonates...
— É melhor não saber — respondeu ele, mantendo o olhar no volante.
A mão de Larissa foi até sua nuca, e acariciou, fazendo o rapaz se arrepiar. Ele virou o rosto para o lado, encontrando o par de olhos azuis lhe encarando.
— Por que você me trata com carinho mesmo eu não merecendo? — Ele indagou, agitando a cabeça para os lados.
— Não sei... — Ela disse com sinceridade e levou a mão até o cinto de segurança, soltando — Vou indo antes que eu perca a segunda aula...
Ela abriu a porta, colocando a bolsa em seu ombro, e desceu com os livros e cadernos na mão. Quando já havia dado alguns passos, Lúcio percebeu que o celular da garota havia caído sobre o banco, então o buzinou, para que ela o olhasse.
Larissa virou o rosto, pois sabia que era ele, e então o viu baixar o vidro e sacudir o aparelho. Quando ela se aproximou, ele fechou o vidro, então teve que abrir a porta para pegar o celular, mas para sua surpresa, o aparelho tocava e havia o nome do Fernandes na tela.
— Pode atender. Não se incomode comigo... — Lúcio disse mal-humorado, e ela realmente atendeu, e manteve-se com a porta aberta.
— Oi Alex! — Ela falou confusa.
— Oi Lari. Hã, você chegou à faculdade já? — Indagou — Eu te procurei e não te vi por aqui... Agora o Fernando falou que você saiu cedo e veio sozinha.
— Hã... É, eu vim andando e acabei me atrasando, mas já estou entrando. — Ela disse sem graça.
— Certo! Eu te encontro no pátio depois. Beijão.
— Tchau, Alex...
Ela apertou os lábios, e guardou o celular no bolso da calça jeans, enquanto Lúcio suspirava pesado.
— Obrigada.
— É melhor você ir... O Fernandes está preocupado. — Ele revirou os olhos ironicamente.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Em dose dupla
Teen FictionJúlio e Lúcio Bonates são irmãos gêmeos, que apesar de idênticos fisicamente, possuem personalidades bem diferentes. O primeiro é o sonho de qualquer garota: romântico, educado e carinhoso. Já o outro mantém uma reputação ruim. É prepotente, arrogan...