Em dose dupla

Capítulo 6

Após quase duas horas de aula, Lúcio saía da sala, para encontrar com o irmão no pátio comum, quando esbarrou em Larissa, que estava no corredor, vindo do banheiro, distraída com seu celular. Os dois apenas trocaram olhares, e após revirar os olhos, ela seguiu seu caminho, lhe ignorando.

Lúcio continuou a andar, indo até a mesa onde Júlio e Igor estavam com mais dois amigos do time de Handebol da faculdade. Ele se sentou no tampão de uma mesa, ao lado do irmão, que conversavam sobre o início dos treinos naquele semestre.

— Olha, os treinos geralmente começam no segundo mês de aula, mas os testes para equipe são umas semanas antes. — Igor explicou — Bom é que você já está preparado. Veio do campeonato dos clubes e está no pique.

— Nem precisaria de teste... — Lúcio murmurou prepotente, fazendo outro rapaz dar uma risada.

— Quem fala muito, quase não faz... Vamos ver se é bom mesmo? — Alex Fernandes debochou de Lúcio.

— O Bonates foi o maior pontuador do nosso time. — Júlio defendeu o irmão — Ele é bom mesmo.

— Nossa! Estou impressionado. E ansioso para te ver em quadra, amigão. — Fernandes falou desdenhoso, dando uma risada irônica, que fez Lúcio suspirar.

— Ah mauricinho, cala tua boca... — Lúcio exclamou impaciente — Se quiser esperar para levar uma surra na quadra, senão, a gente resolve isso agora mesmo.

— Ui, que medinho... — Fernandes gargalhou, enquanto seu amigo se colocava em sua frente, e pedia para ele parar.

— Cara, dá um tempo... — Júlio desceu da mesa e parou em frente ao irmão — Não consegue ficar sem arrumar confusão? Que merda!

Fernandes encarou Lúcio uma última vez e se afastou dali com seu amigo Martins, enquanto Júlio tornava a se sentar ao seu lado, com a feição bem emburrada. Igor fez algum comentário, distraindo o amigo, mas que Lúcio nem prestou atenção.

Seus olhos estavam vidrados no outro lado do pátio, onde Larissa estava com dois rapazes. Eles se sentavam em uma mesa e comiam, enquanto conversavam sobre algo engraçado, já que um deles ria. Ele não queria, mas seus olhos não despregavam dela, assim como aconteceu na aula. Nesse mesmo instante, o olhar dela foi de encontro ao seu, e dessa vez, ambos sustentaram até que um sorriso da loira, o quebrou por inteiro.

— Que merda! — Ele resmungou, abaixando a cabeça, e ficando irritado consigo mesmo por não conseguir se afastar da garota.

— O que foi? — O irmão indagou.

— Nada. Coisa minha... — Ele bufou e levou a mão até seus olhos, esfregando-os.

— Hã, a Ana. — Igor informou, e o olhar de Lúcio foi rapidamente ao amigo.

— O que? Ana? Onde? — Ele perguntou assustado.

— Teu celular. A Ana está ligando... — informou, indicando o aparelho sobre a mesa, entre ele e o irmão.

— Ah sim... — Lúcio disse aliviado, e pegou o aparelho, recusando a ligação.

— O que foi? Não vai atender? — O irmão indagou.

— Ela está mandando mensagem desde cedo... Estou sem paciência para ela. — O moreno comentou, impaciente e desceu da mesa, pegando a mochila e colocando nas costas — Vou procurar minha próxima aula. A gente se fala depois.

— Lúcio... — Júlio o chamou assim que ele começou a andar, e então o gêmeo se virou — Vocês estão bem?

— Sei lá. Acho que sim. — Ele deu de ombros, desdenhoso.