Na sexta-feira, durante o almoço, o clima estava estranho a mesa. Na quinta, o irmão mais velho não tinha aparecido para almoçar, e Fernando e Larissa foram andando para a faculdade.
Hector chegou para almoçar quase no mesmo horário que Mateus, e silêncio reinou à mesa. Fernando não dirigia a palavra ao irmão, desde o episódio com Paula, e Larissa se mantinha calada, para não causar mais briga.
— Alguma coisa aconteceu e eu não estou sabendo? — Hector olhou para cada um deles.
— Não... — Mateus murmurou — Estou cansado apenas.
— Você deveria dar uma diminuída nas saídas durante a semana. — O pai comentou — Você chega quase de madrugada e tem estágio cedo. Passa a tarde na faculdade e à noite no treino...
— É. — Ele se limitou a dizer.
— Quando voltam a treinar pelo clube? — Ele insistiu, dessa vez encarando o caçula.
— Mês que vem. — Fernando respondeu, e nesse momento, Mateus arrastou a cadeira e levou seu prato até a pia.
— Larissa, vou dormir um pouco. Só tenho aula às dezesseis horas — informou — Você consegue uma carona?
— Claro. — A loira assentiu, e ele saiu da cozinha.
— Foda-se como eu vou, né? — Fernando bufou uma risada indignada — Pai, eu poderia ter um carro, né?
— Você tem como bancar? — Hector ergueu as sobrancelhas e afastou a cadeira — Mateus tem a remuneração do estágio. Ele arca com as despesas, e gasolina. Faz a manutenção...
— Ok, já entendi. — O loiro resmungou — Vou ligar para o Júlio. Não sei que horas ele tem aula, mas sei que temos uma matéria juntos às dezoito.
— Eu acho que vou caminhando... — Larissa comentou para o irmão — Preciso pegar um livro na biblioteca antes da aula das duas.
— Toma cuidado. — Fernando pediu, e ela assentiu.
***
Mateus vinha pelo corredor, quando Fernando subiu as escadas, e encarou o irmão. O mais velho ia entrar em seu quarto, mas parou, e esperou que o outro se aproximasse.
— O que foi, Mateus? — Fernando perguntou impaciente.
— Agora, sem a Larissa por perto... — Ele murmurou — Vai falar sobre o lance da Paula?
— Ainda aquele beijo? — O loiro arqueou as sobrancelhas — Esquece isso.
— Me diz o porquê. — Ele pediu.
— Por que eu a beijei? Sério mesmo? Precisa de um motivo? — Ele indagou, e o outro continuou a lhe olhar — Eu senti vontade de beijá-la, Mateus. Fazia tempo que não nos encontrávamos, e ficamos conversando a noite toda, eu gostei do papo, me senti atraído... Mais alguma coisa? — Perguntou, cheio de ironia.
— Depois eu que não presto... — Mateus rolou os olhos, e virou-se entrando em seu quarto — E sou o único cafajeste aqui.
— E eu sou cafajeste? — Fernando questionou, seguindo-o.
— Foi idiota você beijá-la por pena.
— Eu já disse que não foi por pena... — O outro protestou, parando no meio do quarto — E se for, desde quando você se importa com ela? Ficou com outra, mesmo sabendo que ela estava lá.
— E eu não deveria ficar por qual motivo? — Mateus deu uma risada debochada — Não tenho nada com ela. Nem interesse...
— Não está parecendo. — O loiro murmurou, agitando a cabeça para os lados e deu as costas para sair, mas então parou — Mateus.
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Em dose dupla
Genç KurguJúlio e Lúcio Bonates são irmãos gêmeos, que apesar de idênticos fisicamente, possuem personalidades bem diferentes. O primeiro é o sonho de qualquer garota: romântico, educado e carinhoso. Já o outro mantém uma reputação ruim. É prepotente, arrogan...