Capítulo 3

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— Bom, não tenho namorado, mas sim, eu saí e não avisei a ninguém — seus ombros moveram-se, e ela tentou ser o mais desdenhosa possível.

— Então quem quer que seja que estava nesse celular, vai ficar bravo se descobrir que você está em uma festa na casa dos teus vizinhos? — Ele entortou a cabeça, analisando-a, e ela rolou os olhos, se divertindo.

— Não, ele não vai descobrir que estive aqui... — Larissa retrucou — E onde estamos? — Disse, olhando para trás, notando uma tv instalada, assim como um sofá no fundo — Teu quarto?

— Mais ou menos... — Lúcio deu de ombros — Eu tenho um quarto lá na casa, mas gosto de ficar aqui.


Ela ouviu sua resposta, e deu-lhe as costas, seguindo para dentro do ambiente. Continuou a observar o local, vendo que era um sofá cama, e a tv, havia um vídeo game, frigobar, uma estante com livros, uma mesa com cadeira e uns fios, indicando que provavelmente ali haveria um notebook e um ventilador no teto.

— Muito legal... — Ela comentou com sinceridade — Você dorme aqui?

— Hã, mais aqui do que lá. — Lúcio explicou, indicando a casa — Pelo menos desde quando nos mudamos.

— Quando vocês chegaram? Não vi essa mudança... — Larissa perguntou.

— Meu pai veio antes. Nós estávamos fora da cidade... — Ela falou, e depois franziu a testa — Por que você quer saber?

— Curiosidade, ué... — Ela deu de ombros — Não posso querer saber?

— Pode, mas não significa que eu estou disposto a te responder. — Ele respondeu de forma ríspida.


Larissa se calou,pois aproximava-se da estante de livros, onde também havia alguns boxs dedvds. Ela analisou todos que estavam ali, surpreendendo-se em como seus gostoseram parecidos. Ele cruzou o ambiente e foi até o sofá, jogando-se, enquanto aobservava. O silêncio se instalou por alguns segundos, até que ela caminhou atéo sofá, colocou sua bolsa ali em cima e olhou para o frigobar. Assim que sua mão tocou na porta, para abri-lo, ele gritou.

— Ou! — Seu corpo se levantou, e sua mão fechou a porta que ela abria — Você é bem abusada, hein?!

— Ué, estou apenas olhando... — Ela disse com a voz baixa, constrangida pelo seu jeito — Não precisa ser grosso!

— É melhor você sair daqui... — Lúcio bufou, demonstrando-se impaciente, mas Larissa não respondeu, porque estava perdida em suas feições.

— Vocês são muito idênticos... — comentou de repente, ignorando o que ele havia dito.

— Talvez por sermos gêmeos, né? — Ele retrucou irônico.

— Sério? Não pensei nisso... — A loira disse mais irônica ainda — Até porque, ele é bem legal e você um babaca...

— Ah, garota... Não me enche! — Lúcio estalou a língua, mas antes que prosseguisse, o som do celular dela voltou a tocar.


Ela ergueu o aparelho, vendo a foto de Alexandre na tela. Além disso, havia notificações de mensagens dele, perguntando por ela, mas Larissa não havia visto. Assim que atendeu, ela nem precisou falar nada, pois ele foi mais rápido.

— Estou na frente da tua casa. Cadê vocês? — Ele perguntou confuso.

— Estamos indo.


Larissa desligou, e tornou a olhar para Lúcio.

— Meu amigo chegou. Preciso ir... — Informou — Ah, e obrigada por me trazer aqui para atender aquela ligação...

— Bom, você quase invadiu, né? — Ele disse com sarcasmo, fazendo-a rolar os olhos, mesmo que achasse graça — Mas... Não foi nada. Espero que não tenha problema...

— Eu também espero.

— E, hã, você pode não falar para ninguém que esteve aqui? Principalmente para o meu irmão... — Ele coçou a nuca, enquanto apertava os lábios ao esperar sua resposta.

— Claro. Não falo nada, mas por...

— Sem "mas". É só não falar. Qual o problema de manter a boca fechada? — Ele lhe interrompeu, arqueando as sobrancelhas, indignado com seu provável questionamento.

— Eu não gosto de mentiras. — Larissa argumentou, fazendo-o rir.

— Não? — Ele questionou, mediante aquela risada — Quem estava mentindo agorinha para o namorado, que não é namorado?

— Você é ridículo... — A loira resmungou, agitando a cabeça para os lados — Não sei por que ainda estou aqui falando contigo.

— Nem eu... — Lúcio deu de ombros — Então tchau.


Grunhindo, ela foi em direção a porta, abriu e saiu apressada. Lúcio soltou um suspiro, e foi em direção ao sofá, quando deparou-se com sua bolsa ali em cima. Rapidamente, ele pegou e saiu apressado, achando que pudesse encontrá-la para lhe devolver, sem que aquilo lhe causasse problema.

Assim que abriu a porta, esbarrou com ela, também pronta para entrar. Seus corpos se chocaram, e a mão dele foi, automaticamente, para sua cintura, enquanto a dela apoiou-se em seu peitoral. O perfume de Lúcio exalou mais forte com toda a proximidade, de forma que o coração de Larissa acelerou.

— Desculpa. — Ela pediu — Esqueci minha bolsa.

— Aqui. — O rapaz entregou, após dar dois passos para trás.

— Obrigada! — Disse aliviada e após um sorriso fraco, ela deu-lhe as costas, mas parou e o olhou — Aliás, como é teu nome?

— Para que você quer saber? — Ele cruzou os braços e ergueu o queixo, de forma presunçosa, mas na verdade, só queria esconder o nervosismo devido ao esbarrão.

— Ué, por que não? E se eu precisar de outro favor? — Larissa franziu a testa. 

— Ué, por que não? E se eu precisar de outro favor? — Larissa franziu a testa — Eu te digo o meu se você disser o teu. — A loira tentou jogar como ele, mas o rapaz apenas sorriu.

— Tchau... — Lúcio deu passos para trás, pronto para entrar — Vizinha.


A loira ficou parada ali por uns segundos, piscando freneticamente, enquanto ainda sentia seu corpo formigar diante ao toque. O perfume ainda estava impregnado em seu olfato, e o coração permanecia descompassado. Tudo aquilo era muito estranho para ela, que não se envolvia com ninguém há algum tempo, porém, não dava para negar que o gêmeo a deixou mexida.

Lúcio escorou-se na porta e ficou com os ouvidos atentos, esperando ouvi-la se afastar. Quando os passos da loira evidenciaram que enfim ela havia saído dali, ele retirou o celular do bolso, confirmando o que já imaginava. Todas as ligações que recebeu enquanto esteve com a loira, era de Ana, sua namorada.

Cinco ligações em torno de trinta minutos. Ele respirou fundo antes de retornar, pois sabia toda briga que aquilo geraria. O namoro já durava sete meses, e eles estavam juntos desde quando Lúcio havia entrado para a mesma faculdade que ela estudava. Porém, devido um acidente, ele teve que mudar de faculdade, e ambos estavam tentando manter aquele relacionamento quase a distância.

Ana cursava faculdade de dança, e fazia parte de uma companhia de balé, o que tornava seus dias bem ocupados, assim como os dias de Lúcio, que eram divididos entre a faculdade, cujo ele tinha bolsa para jogar Handebol e o time profissional de Handebol pelo qual ele e o irmão eram contratados.

Em dose duplaOnde histórias criam vida. Descubra agora