Sozinho num planeta velho e cansado,
Olhando o céu nocturno cheio de estrelas,
No meio das ruínas de uma civilização,
Os olhos do novo choravam.
"O Universo é vazio, cheio de um nada que é tudo,
Que não deixa passar o som, nem o vento, nem o fogo,
Por ele apenas passa a luz, que está condenada a deambular
Perdida e abandonada como tu."
Não havia mais ninguém, nem algo, nem sopro,
Apenas rocha fria e cinzas negras.
Não havia mais som, nem cor, nem cheiro,
Apenas a memória de um passado glorioso.
"Os deuses não vivem entre nós,
Moram num planeta distante e por isso não se importam
Com a dor, o sofrimento do Homem,
Por isso ninguém te salvará."
Os olhos fecharam-se de cansaço, imaginou um outro mundo,
Aquele da sua infância, do verde e saudoso,
Mas quando os abriu tudo continuava igual,
E sentiu as palavras do velho sacerdote:
"Um dia, quando o Universo se apagar,O tempo continuará sem parar, e tudo ficará negro e vazio.
Não haverá mais estrelas, nem planetas, nem vida, nem morte,
Apenas um vazio cheio de nada, uma recordação passada,
Que também ela irá desaparecer,
Porque os Homens morrerão, e as pedras cairão, e não haverá mais ninguém,
Nem mais nada para ver. Um dia, quando o tempo parar,
O Universo vai ficar imóvel por dentro, apático,
E continuará a deambular no espaço branco que o rodeia.
Os deuses morrerão porque não há Homens,
E só depois o Universo desaparece,
Porque o que não é visto, não existe."
E percebeu, ele já não existia.
-JM