Olheiras de cansaço que sugam a vida que temos,
Horas que voam que nos roubam a juventude,
Momentos e memórias perdidos nas águas do tempo,
Vitórias e falhanços esquecidos,
Mas todas as manhãs vestimos um belo fato
E colocamos no rosto a máscara de todo o ano
E rimos, choramos, falamos, como se o Sol fosse novo
E a velhice mocidade
Mas no fundo, debaixo do tecido e do plástico
Somos todos seres sozinhos, abandonados, ignorados
E por isso falamos e queremos ser ouvidos
Procurando a aceitação de tudo e de todos.
Tocam os sinos da despedida,
Choram as mulheres e as crianças,
A caixa de fósforos sai da igreja para na cova entrar
E quando se olha no registo,
Nada há para reportar,
Porque a viagem foi fútil e superficial
E no caminho nada se fez
E mesmo que se tivesse feito,
À hora de chegada nada sobrava.
Deus é cruel, o Universo também o é,
E o Tempo é sacana, mas nada se pode fazer.
-JM