O Sol foi-se à muito e apenas ficou
Neve, gelo e frio no mundo que restou.
Que triste sina!
Deambular sozinho, para sempre perdido,
Sem ter algum destino onde cair.
Sem casa nem lar, nem mulher nem filhos,
Sem voz que ouvir, voz para falar,
Somos almas perdidas para sempre condenadas
Sozinhas andar.
O Sol foi-se à muito e apenas ficou
Neve, gelo e frio no mundo que restou.
Onde estão as figuras do passado?
As maneiras, as saudações?
Oh que triste sina!
Que mundo gelado!
De quem é a culpa?
De quem é o castigo?
Oh que dor!
O Sol foi-se à muito e apenas ficou
Neve, gelo e frio no mundo que restou.
Nada resta a não ser pedra,
Erva seca onde antes se ergueu
O sonho de ser grande que morreu
Antes de se ser Homem.
Nada resta a não ser pó,
Cinzas do que ardeu
Do futuro que foi seu
Antes de se ser Homem.
Nada resta, nada resta
Nem sobra um palmo de testa
À criança que não se fez Homem.
-JM