Nasceu o Pai de uma explosão,
Dilatou-se e formou-se o ser,
Passou a existir onde antes havia nada,
Criou-se o negro do branco e o branco do negro.
A sopa da vida arrefeceu e expandiu-se,
Apareceu a estrela, o planeta, a vida,
Mas o negro ficou, e o vazio que enche o Pai,
E o frio e o silêncio que o caracterizam.
Ciclo da vida, é como tudo funciona,
Nascer e morrer, subir e cair, para a frente e de volta ao inicio.
Um dia nascemos e no outro morremos,
E tal como nós morrerá o Pai.
Universo, não tens medo da morte?
Não tens medo de ser esquecido?
Não tens medo do que vem depois?
Dizem que deixamos de existir, de ser.
A morte em si não mete medo,
O que assusta é a mudança,
O desconhecido, a aventura.
Tens medo disso, Pai-Universo?
Talvez quando morreres tudo desapareça,
Ou talvez nasça um novo Pai-Universo.
Talvez nada exista, porque se não existia
E se desaparecer, é porque nunca foi real.
E tu, Deus-Tempo? Tens medo da morte?
Não, tu és imortal, mesmo que o Pai morra
Tu continuarás aqui até ao fim,
Brincando com o que houver.
Os ciclos são tristes, porque no fim tudo volta ao mesmo,
Porque tudo é circular, porque tudo é em vão.
As rectas são bonitas, vão sempre em frente,
Não se desviam, não começam nem acabam.
O fim é inevitável, a vida pode ser assassinada antes de nascer,
Pode ser exterminada durante a luz e esquecida durante a noite.
Um dia, eu, tu e o Pai-Universo, iremos todos morrer,
E depois, seja o que Deus-Tempo quiser.
-JM
![](https://img.wattpad.com/cover/88860490-288-k967720.jpg)