E se o Tempo parasse uma vez na viagem
Da vida que não pára?
E se a vida parasse uma vez na viagem
Do Homem que não sabe parar?
De nada serve parar a máquina,
De nada serve viver na máquina,
De nada serve ser máquina.
O Tempo nem a vida nem o Homem param.
O amor nem o amigo nem a família param.
Para a frente são empurrados
Pela barreira da máquina
Que nos persegue e nos força
A correr.
Corremos, sim, corremos
Para a cova.
Vivemos a correr:
Corremos na escola, corremos na vida
Corremos no trabalho, corremos no amor.
Corremos para o fim porque somos empurrados
Pela máquina que nos faz viver.
E no fim de nada serve correr
Porque chegam outros que correm como nós
Que nos apagam o nome
Que nos tiram a vida pouca que tivemos.
E no fim de nada serve correr
Porque a máquina é inútil
Assim como tudo nela.
E por isso deito-me no chão e sou empurrado
Pela máquina que me quer matar.
Não corro, de nada serve o esforço.
Por isso limito-me a ver a paisagem
A contar as árvores e os rios
A cantar com os pássaros e
A nadar com os peixes.
Vivo enquanto sou empurrado
Porque correr é cansativo.
-JM