Ele encarou-me e por algum motivo percebeu que eu não queria explicar, pelo menos, por agora.
-Cindy, temos de denunciar as pessoas que te fizeram isso...-concluiu preocupado.
-Não.-disse assustada.- Não, por favor. Não vamos fazer isso... Imploro-te.- pequenas lágrimas começaram a aparecer no canto dos meus olhos.- Nem contar ao Alex.-conclui.- Não podemos...-uma lágrima cai mas eu limpo-a rapidamente e tento recompor-me.
-A decisão é tua. Não vou insistir para que me contes o que aconteceu mas foi bastante mau para não queres contar a ninguém e isso preocupa-me.
-Apenas não quero, Liam. Não te preocupes.
Depois de um longo suspiro, questionou-me.-Então, o que vamos dizer ao Alex?
-O que ele quer ouvir.- fui rápida a responder-lhe. Ele levantou uma sobrancelha e eu continuei.- Que estava com o Harry.
-Mas...-hesitou em continuar.- Vocês já estão bem?-questionou.
-Longe disso...-fiz uma pausa.- Mas é a única explicação que ele vai achar aceitável.
-Não me parece. Mesmo sem negócios, a família do Harry vem frequentemente cá jantar como já deves ter reparado, por isso, eles vão perceber que foi uma mentira.
-Liam, nós simplesmente fingimos que entretanto nos chateamos e está resolvido.
-Desculpem interromper mas acho melhor eu ir.- murmurou um pouco constrangido Niall ou Noah ou lá o que é. Admito que é um pouco mau não me lembrar do nome dele, sendo que, já me salvou uma vez e agora tentou de novo.
-Ok. Obrigada por tudo, Niall. Boa noite,descansa que bem precisas.- fizeram um comprimento com as mãos.- Oh, eu deixei o meu carro em tua casa..-comentou.
-Então, vem comigo.- respondeu-lhe.
-Não te importas, Cece?-questionou-me preocupado.
-Não, claro que não. Até porque Alex ia questionar-se o porquê de entrares em casa ao mesmo tempo que eu caso acordasse.- ele deu-me um sorriso fraco e cansado e de seguida deu-me um beijo na bochecha.
-Até já.-murmurei. Eles começam a afastar-se.- Niall!- chamo e ele virou-se. Ao menos não me enganei.- Obrigada. Estás sempre lá quando preciso.- ele abre um sorriso do tamanho do mundo e depois responde "sempre às ordens".
Caminho para dentro de casa e tento não acordar ninguém mas as dores que tenho na perna estão a matar-me e começo a praguejar. Estava tão dormente com tudo o que está a acontecer que o meu corpo nem me fazia lembrar que tenho uma ferida enorme na perna.
Quando chego ao meu quarto dispo-me e vou tomar banho. A água quente relaxa o meu corpo mas quando toca na minha ferida, faz arder. Um pequeno grito saí da minha boca mas faço de tudo para ninguém ouvir.
Não sei como mas ainda vou fazer o Josh e Harry pagar por isto.
Depois do banho, desinfetei a minha ferida e vesti o meu pijama. Tentei ligar a Harry várias vezes mas ele não atendeu. Decidi, então, deixar uma mensagem de voz.
" Harry, apenas liguei para te informar que caso o Alex pergunte onde estive, eu vou dizer que estive contigo. Espero que mantenhas a mentira para não desconfiarem de nada."
De seguida, deitei-me e tentei ficar à espera de Liam, no entanto, estava tão cansada que o sono venceu-me.
Harry P.O.V.
-Toma.-disse Louis entregando-me uma cerveja e sentando-se ao meu lado no sofá da sua sala.
-Acho que vou precisar de algo mais forte que isto.-murmurei exausto. Dou um golo e é como que a dor de saber que ela está com ele criasse um caroço na minha garganta impedindo-me de engolir.
-Toma.-voltou a repetir mas desta vez entregando-me um charuto já feito.- Apenas erva. Aproveita, mano.- deu-me uma palmada nas costas e voltou para a sua cozinha preparar alguma coisa para comermos.
Louis mora apenas com a sua irmã Lottie. Os seus pais morreram quando Louis tinha 15 anos e Lottie 12 anos. Desde então tinham morado com os seus avós que eram adoráveis para eles, no entanto, quando Louis tornou-se maior de idade decidiu que queria viver sobre o seu próprio teto. Lottie não quis que ele fosse sem ela então ela passou a viver com ele sob a sua custódia.
Acendi o charuto e dei a primeira passa. Comecei a tossir imenso. Parece que o meu corpo rejeita tudo exceto o pensamento de Cindy com Josh. O que é uma merda autêntica. Eu estou uma merda autêntica. Eu sou.
Deixei-me cair no sofá ficando deitado. Pequenas lágrimas começaram por cair mas depois não consegui conter mais e comecei a chorar como uma criança que se perdeu da sua mãe. A verdade é que é bastante semelhante, sendo que, as crianças que choram por esse motivo é porque têm medo de nunca mais encontrar o amor da sua vida. Eu sinto-me exatamente igual.
Será que alguma vez serei capaz de voltar a estar com ela? Será que ela me vai perdoar? Foda-se, quero lá saber se ela me perdoa. Eu quero é que ela esteja bem... Bem longe dele.
O meu telemóvel começa a vibrar mas eu não quero saber. Continuo a chorar até que o meu telemóvel para de repetir aquele som irritante em cima da mesa. Será que era ela? Levantei-me rapidamente e peguei nele. Era ela. Vejo que tem uma mensagem de voz e abro-a.
"Harry, apenas liguei para te informar que caso o Alex pergunte onde estive, eu vou dizer que estive contigo. Espero que mantenhas a mentira para não desconfiarem de nada."
A sua voz estava tão fraca, tão frágil, tão não-Cindy. Onde é que está a minha menina forte? Fui eu que a quebrei?
Atiro com o meu telemóvel com força para o chão e grito "Foda-se". Louis vem a correr ter comigo.
-Ei.-murmura abraçando-me.-Está tudo bem.
-Não está. Não está. Não está.- continuava a sussurrar baixinho. Aos poucos ia-me desfazendo mais um pouco enquanto chorava, tal como papel quando se molha.
Acho que estou a dar em doido.
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Unlikely World
Teen FictionNum mundo onde a injustiça predomina e uma simples rapariga que apesar de tímida tem uma personalidade forte, sofre de bullying e tem constantes problemas com o pai por o odiar, tudo causado por ter sido abandonada por ele quando pequena, ela vai te...