Capítulo 18

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-Qual foi a parte que não percebeste que tens de tratá-lo bem e à família dele também.-perguntou irritado aproximando-se de mim.

-Sim , claro que vou tratar bem o Harry, porque ele fez com que eu quase fosse violada.-disse ironicamente e ele arregalou os olhos quando ouviu o que disse.- Alex eu não me lembrava dele mas do nada lembrei-me e eu estou com muita raiva mesmo.

-Quando é que isso aconteceu?-perguntou.

-Naquela noite que eu fui sair e voltei tarde.- encolhi os ombros. Nota mental:parar de encolher os ombros.

-Mas não é isso que está em questão. Tu mandas-te o Robert para um lugar nada bonito e lá cima minhas dito que querias que ele tivesse a cara partida.- ri por ele não ter dito "merda".

-Mas era exatamente o que eu queria.-disse e revirei os olhos.

-Já chega , Cindy. Estou farto das suas infantilidades. Estás a arruinar o negócio.-disse agarrando no meu braço e arrastando-me para uma espécie de sotão que não sabia da sua existência até agora. Trancou a porta e atirou-me para o meu do chão.

-Que é que vais fazer?-perguntei assustada quando o vi a retirar o cinto.

-Eu estou farto de ti.-disse e aproximou-se de mim com o cinto na mão.Não, isto não pode acontecer.

Imagens de quando era pequena passaram pela minha cabeça. Ele com um cinto na mão exatamente como agora mas tinha um aspecto mais novo, aproximou-se de mim e começou-me a bater tal como agora começara.

As dores eram insuportáveis, as físicas, mas não era por isso que chorava pois as psicológicas estavam-me a matar por dentro. Como é que ele foi capaz de me bater? Sim, eu pergunto no passado pois lá eu tinha uns 2 anos. Era tão pequena e estava a sofrer nas mãos daquele psicopata.

Levantei-me apesar de ele me continuar a bater. Como consegui? Não sei. Simplesmente estava farta pois não sabia se o meu cérebro estava-me a pregar partidas mostrando-me aquelas imagens por isso confrontei-o.

-Foi por isto que foste embora?-perguntei e ele paralisou.-Foi por me bateres quando tinha uns 2 anos que sais-te de casa?-aproximei-me dele.

-Tu...tu...tu lembras-te?- perguntou.

-Foi por isso, não foi?- perguntei e ele assentiu.-Explica-me tudo o que aconteceu.-disse e ele engoliu em seco.

-Eu e a tua mãe estavamos noivos e sem querer ela engravidou e por isso não chegamos a casar pois não conseguimos tratar do casamento. Depois de nasceres começamos a ter muito trabalho a cuidar de ti e a trabalhar nos nossos empregos e mais uma vez não conseguimos tratar do casamento. Chegou uma altura que eu fartei-me e comecei a discutir com a tua mãe pois amava-a muito e queria casar com ela e comecei a dizer que foi por tua culpa que não nos casamos. Uma vez , ela tinha ido trabalhar e eu fiquei em casa a cuidar de ti só que em vez de cuidar de ti comecei a bater-te com um cinto por estar farto de ti.-disse e parou para respirar.

-Continua.-disse e depois quexei-me com as dores. Ele olhou para mim com um olhar arrependido e murmurou um "desculpa". Sorri mesmo com lágrimas nos olhos.- Eu sei que não te importas.-reclamei baixinho e ele não ouviu.

-A tua mãe chegou a casa e viu aquilo, ficou tão mal, ela estava a chorar tanto por ti. Expulsou-me de casa e a partir daí não tenho nada porque vocês eram a única coisa que eu amava e estraguei tudo.- disse e comecei a ver lágrimas nos seus olhos.-E continuo a amar.-sussurrou desta vez.

-Mas se continuas a amar por que é que me fazes isso?- perguntei num tom de voz elevado.

-Porque durante estes anos a única coisa que eu gostei de fazer ou ter foi isto, um monte de negócios a funcionar. E agora que chegas-te, eu estava tão concentrado nisso que não me preocupei contigo.-respondeu no mesmo tom de voz. Comecei a chorar, durante estes anos todos eu preocupei-me em ter um pai mas agora não sei o que pensar porque eu não sei se alguma vez o vou considerar pai.- Desculpas?-perguntou.Suspirei.

-Eu tenho medo que isto se volte a repetir.-admiti. Ele aproximou-se de mim e abraçou-me.

-Isso nunca mais vai acontecer.- sussurrou e eu abracei-o forte de seguida queixando-me por causa das dores.

-Eu desculpo.-sussurei.

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