M-48 Contos

Pra você (Inédito)

Prólogo

Chovia tanto que minha visão ficou completamente embasada, mas eu ainda o via. Meu coração apertou, era o fim do nosso relacionamento, ele procurou por isso e completamente pagou por uma causa e consequência. Eu não ligo, vivi 15 anos da minha vida muito bem sem ele, sobrevivo a isso. Afinal, o que são 5 anos de relacionamentos?
Guardei, sem ter porquê, nem por razão ou coisa outra qualquer, além de não saber como fazer, pra ter um jeito meu de lhe mostrar... No fim, nem eu mesma saiba como tudo simplesmente se desfez assim.
Ele ainda permanecia parado, olhando-me, esperando que eu fosse correr para os seus braços, mas não dessa vez. Virei para o caminho oposto ao dele e comecei a andar e assim permiti-me chorar, deixando minhas lágrimas salgadas se misturarem ao doce da chuva. Jamais imaginei que nossa luta chegaria ao fim. O caminho a principio foi convidativo, atrativo, sedutor e eu estava disposta a fazer isso dar certo, ele também estava e eu sou grata a isso. Guardarei cada sorriso, abraço, beijo e caricias, mas hoje, preciso sentir mágoa, rancor e até mesmo infelicidade de ter estado ao seu lado, somente assim serei capaz de superar e guardar o que um dia foi bom.
***
Tentei entrar em casa sem fazer qualquer barulho, meu pai dormia cedo por isso tinha absoluta certeza que já estava adormindo em seu quarto. Tirei as botas encharcadas e o casado igualmente molhado os deixando jogados no canto próximo a porta. Abri a porta do meu quarto calmante e prendi a respiração quando a mesma se abriu fazendo um leve rangido. Meu quarto estava exatamente como o deixei, cama por arrumar, meias fora do cesto de roupas sujas e livros por limpar, a única coisa diferente era um livro de couro com um bilhete em cima de sua capa.
Aproximei-me da minha penteadeira e passei o indicador pelo bilhete dobrado.
-Estranho – Sussurrei apanhando-o entre os dedos e o abrindo logo em seguida. Era a letra de meu pai.
'' Eu sei o que está acontecendo entre o Pedro e você. Não me pergunte como sei pois apenas sei.
Eu prometi a sua mãe que eu lhe entregaria o diário no momento certo e enfim ele chegou. Sei que deveria ter lhe dado ele pessoalmente, mas não levo jeito com palavras ditas, prefiro escrevê-las, assim me expresso melhor. Sou calado e pensativo e você sempre me perguntou o porquê disso, talvez ai, neste livro de capa exótica você descubra. Sei que jamais consegui passar e explicar o quão sua mãe foi importante em minha vida, achei melhor ela mesma te contar a nossa história. Leia com calma, eu guardei o melhor para você, o nosso amor. ''

Sequei algumas lágrimas que insistiam em cair, apanhei o diário, sentei-me em minha cama e o abri.

De vicalberic