Uma noite com jupiter

5 0 0
                                    

É triste quando se ama cada parte de uma pessoa e nenhuma delas é sua.

Ao descobrir que te amava, parte de mim não almejava um final feliz, e em contrapartida, não conseguia esquecê-lo. A nostalgia segurava as rédeas sobre mim e passei a constantemente rever nossas fotos juntos, passeando meus olhos pelos álbuns do seu perfil no Facebook. Perguntava-me se era masoquista, pois, a sensação de te stalkear ao som de "Back to black" me causava a mesma intensidade de dor que a provocada por um corte superficial.

Eu era capaz de me imaginar no lugar dela em sua vida, em cada texto que declarava seu amor por ela e lia em voz alta trocando "Marise" por Gabrielle e sei que vai rir se eu contar que fazia montagens com as fotos dos dois substituindo o rosto dela pelo meu e que toda noite eu colocava um filme romântico, deitava-me em minha cama e abraçava um de meus travesseiros imaginando que era você em meus braços.

Não me julgue. Eu não estava louca, e sim apaixonada, o que convenhamos que quase não tem diferença.

Aos poucos, minha paixão foi se tornando uma doença. Conferir nosso histórico de conversas diárias que tornaram-se raras, não ter coragem de te mandar um "oi" quando te via online e fingir que não te via passando ao meu lado no corredor contrubuíram para deixar-me deprimida, isolar-me de minhas amigas e em parar de comer, ao extremo. Certo dia, eu acordei e minha fúria entrou em colapso. Você me deixara de lado por ela, jogara fora a amizade invejável que tínhamos e estava me matando.

Ao me acalmar, decidi dizer a mim mesma que te deixaria ser feliz.

E surpreendentemente, naquela mesma noite você surgiu à minha porta; mais magro, os cabelos desgrenhados e seus olhos estavam inchados e vermelhos olhavam-me como se eu fosse sua última esperança. Rompendo o silêncio, disse:

- Ajude-me.

Eu poderia ter batido a porta na sua cara e já formulava meus gritos e palavrões. Tinha total razão e direito para tal feito, mas tudo o que fiz foi amar você e te abracei o mais forte que pude, encostando minha cabeça na altura de seu umbigo por conta de sua altura gigantesca.

- Sempre estarei com você. - Lembro que falei, porque não queria mais te soltar.

Mais tarde, te tive atado aos meus braços, só pra mim. Não chegamos a fazer amor, porém, valeu a pena cuidar de você. Eu queria te ver feliz de novo mais do que tudo, sentir meu coração palpitar pelo seu sorriso, ou ainda ouvir o jeito alegre com que você falava. Era incrível o poder que tinha para suavizar o que tocava.

Assim que você se recompôs e decidiu ir, meu coração apertou. Precisava adiar sua partida, e para isso, tinha uma distração perfeita que complicaria tudo, mas a idéia de que você sairia por aquela porta e jamais saberia só piorava meu estado e me fez, quando recostada à sua barriga, confidenciar-te.

- Eu te amo.

Você me olhou nos olhos e tomando-me em seus braços, me beijou após carregar-me no colo até a cama. Entre incontáveis carícias e juras de amor me vi completamente amada e amando a pessoa certa. Estava onde deveria estar.

- Não imaginava que poderia me sentir assim de novo. - Disse, beijando minha testa entrelaçando sua mão esquerda à minha.

Mais que ninguém, eu sabia a quê se referia, porque também me sentia assim.

Te beijei chorando sem parar, tanto pelo calor do momento quanto porque ainda tinha fé de que você iria ficar e desejava que ficasse. Fazia planos mentalmente e até já inventava o nome dos nossos filhos acredita?
     
Contudo, eu não poderia te prender aqui por tempo indeterminado uma segunda vez. E você se foi, deixando a lembrança de quando éramos jovens. De ter experimentado o mais puro e verdadeiro amor, este que até hoje mora em meu coração.

- De Gabi, para meu Júpiter.

#Se o céu me ouvisse, de Hugotg89

M-48 ContosOnde histórias criam vida. Descubra agora