Hemily estava sentada na mesma nuvem de sempre, ouvindo a mesma música de sempre enquanto observava os humanos andarem de uma lado para o outro sobre a terra. Eram mais ou menos dez casais por dia que ficavam juntos graças a moça, e talvez até pareça chato juntar pessoas, ainda mais quando são o oposto uma das outras, mas Hem não achava isso - As pessoas merecem ter um amor verdadeiro- Dizia a si mesma.Quando seria a vez da moça de ter um par? Talvez até um que partilhe das mesas asas brancas que ela, que use a flecha do amor da mesma maneira desengonçada e que faça duas pessoas que sentem ódio uma pela outra se amarem simplesmente por detestar a violência verbal e física.
Hemily quer um par.
Mas Hemily é sozinha.
- Tem um casal para unir Hemily - Diz o anjo mor do amor - Terry e Adam.
- Eu posso resolver isso - A moça diz.
- Acha que não fará nada de ruim? - Insiste o anjo - Posso mandar outro.
- Eu não farei nada Sam.
O anjo mor lhe deu a flecha do amor, lhe deu o arco e a confiança. Hemily retornaria para terra à procura de Adam e Terry, os dois passariam o resto da vida juntos logo após a primeira flechada e então, como sempre, ela retornaria para casa.
- Boa sorte Hem - Diz Sam.
No fundo ele sentia pena pela solidão da moça, pela tristeza de seus olhos e pela dor que sentia toda vez que lhe diziam que era importuna quanto ao amor. Afinal, quem gosta de um cupido? Ainda mais aqueles que te fazem se apaixonar e depois vão embora te deixando sozinho com a dor de um relacionamento novo.
- Obrigada Sam - Fala animada.
Suas asas batem, até a pouco tempo estiveram sozinhas escondidas sob a pele das costas, Hemily passava as tardes arrancando as penas enquanto esperava uma nova missão, mas nos últimos dias quase nunca havia.
Hemily cantava baixinho para espantar a dor.
Quando chegou na cidade do novo casal o sol já estava se pondo, as luzes dos postes já inundavam as ruas e os homens deixavam suas casas para irem até as boates noturnas da cidade. Foi então, que em uma das vezes que olhou para os lados a procura de um rapaz jovem e de olhos castanhos que encontrou, era até gracioso de o admirar, era Adam.
O rapaz estava fumando um cigarro enquanto admirava as mulheres, seus olhos brilharam assim que um grupo de garotas cruzou a sua frente, eram todas de mesma idade, pele clara e cabelos loiros.
Eram belas.
Terry estava ali, usava um vestido de gala preto e o cabelo loiro beirava os ombros modelados, e era sim o oposto de Adam, ela era uma das mais ricas e cobiçadas mulheres da cidade, filha do dono das maiores extensões de terra da região. Ele era filho do empregado de uma fazenda, homem humilde, mas que não tinha a atenção de quem queria.
Opostos.
Hemily acertou a flecha no rapaz, o mesmo balançou a cabeça como se não entendesse algo e depois franziu a testa para a mesma.
Terry havia desaparecido, era a vez dela.
Adam olhava fixamente para Hemily.
Hemily para os grupos de garotas.
Nada de Terry.
- Ei, moça - Gritou.
Hemily deixou o olhar cair sobre o rapaz, não sabia o que fazer. Ele tinha se apaixonado por ela? Por que sorria enquanto caminhava em sua direção?
- Moça? - Gritou mais uma vez.
Hemily não poderia se apaixonar, cupidos não podiam, eles eram imunes ao amor.
E Hemily só queria amar.
Quando se deu conta já estava correndo, as flechas reservas disparando em todas as direções, acertando todos os seres vivos e os dois gêneros do mesmo. Duas garotas se beijavam na esquina da rua de trás, um homem e uma mulher sorriam um para o outro perto de uma árvore e dois homens caminhavam de mãos dadas sobre o gramado do parque.
Hemily permanecia sozinha.
A pobre menina cupido deslizava pelas ruas com lágrimas nos olhos, os cabelos quase brancos esvoaçando com o vento, os lábios roxos pelo frio.
Ela não podia amar.
Entrou em uma boate, várias pessoas quase nuas dançavam coladas uma nas outras.
Hemily não podia amar.
Apertou a flecha nas mãos e cravou nas costas de um homem.
Ele se apaixonou.
Mas Hemily não podia amar.
Por isso correu e assim que encontrou abrigo pensou por alguns instantes na vã tentativa de ser feliz e de ter alguém, e em um ápice de coragem puxou a última flecha que trazia nas costas e enfiou no peito.
Cupidos não podem amar humanos.
Hemily morreu.
- Ela não nasceu para o amor - Adam alcançou a moça minutos depois - Mal sabia ela que eu também era um cupido.
Mal sabia Hemily que também podia ser amada.
♡♡♡
Conto feito em homenagem a minha música preferida e ao meu cantor preferido.
#Eu não nasci pro amor, de CamdoNicolas
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M-48 Contos
Historia CortaNova fase do Projeto Montag!! O nosso Projeto conta com um livro de poesias, que contém 83 poesias dos fundadores do projeto, e um livro de Bastidores, que contém entrevistas com os mesmos, contando suas inspirações, e histórias de vida. Agora damos...