- Tessa, acorda! Ou você vai perder o voo!
Grunhi, remexendo-me na cama. Não havia despertador mais estridente e pontual do que a voz de sua mãe. A última coisa que eu queria no momento era acordar: ficara até tarde ontem conversando com meus amigos por telefone. Afinal, eu estava me mudando para o outro lado do mundo e a comunicação com eles iria se tornar difícil.
Embrulhei-me ainda mais com o lençol, tentando voltar ao delicioso sono em que estava, mas quando estava conseguindo, ouvi minha mãe gritar:
- Tessa, levanta agora ou eu vou aí com um balde de água e jogo ele na sua cara!
Carinhosa como sempre, pensei bufando e olhando para o teto branco do meu quarto, levantando-me em seguida. Arrastei-me até o banheiro, fitando um zumbi com terríveis olheiras e cara de quem seria capaz de dormir em pé. Teria que fazer minha melhor maquiagem para esconder esse cansaço. Tomei um banho gelado, perfeito para me despertar totalmente, vesti uma roupa que havia preparado no dia anterior e desci as escadas, indo em direção à cozinha.
Minha mãe já havia posto a mesa e já comia um pedaço de bolo de chocolate, cortando outro para o meu irmão Lucas, que bebia um suco de laranja. Sentei-me feliz, pois aquele era meu sabor favorito de bolo. Quando iria cortar um pedaço para mim, minha mãe deu um tapinha em minha mão.
- Tome seus remédios antes. - ela apontou para a bancada da cozinha, onde meu coquetel de pílulas já estavam preparadas junto com um copo d'água. Engoli tudo rapidamente e voltei a me sentar.
Coloquei um pedaço bem grande em meu prato e em poucos minutos, ele já havia sumido. Conversamos um pouco sobre minha ida para a Coreia para cursar a faculdade de design; minha mãe não parava de me dar conselhos:
- Tessa, tome bastante cuidado. Lembre-se: não confie em estranhos. E principalmente: lembre-se de tomar seus remédios na hora certa.
Ta aí um assunto que eu odiava falar: o fato de eu ter transtorno de bipolaridade. Isso havia sido e continua sendo um grande obstáculo na minha vida. Minha mãe quase não concordara com minha mudança para a Coreia. Tivemos que conversar diversas vezes com meus médicos para que eles concordassem e dessem os conselhos necessários.
- Tudo bem mãe - respondi, colocando mais um pedaço de bolo no prato.
- Só estou preocupada filha. Só quero o seu bem.
- Eu sei mãe. Mas agora vamos nos concentrar no fato de que agora eu sou adulta, posso me virar sozinha e estou me mudando para a Coreia. Vai ficar tudo bem mãe. Os médicos disseram que houve uma grande melhora no meu quadro.
- Alguns anos atrás eles disseram a mesma coisa, e mesmo assim você teve uma de suas piores crises.
- Isso não vai acontecer mãe. Vamos ter um pouco de pensamento positivo, sim? - falei esta última frase sem muita convicção. Eu mesma tinha bastante medo de ter um surto a qualquer momento. Mas não deixaria de ir para o país onde sempre quis ir por causa disso.
- Eu acho que vai dar tudo certo. - Lucas falou, olhando para mim. - Ela sabe se virar muito bem.
Sorri. Como sempre, Lucas estava me dando apoio. Ele sabia que meu sonho sempre foi ir para outro país. Minha mãe pareceu relaxar um pouco e logo Lucas mudou de assunto, começando a fazer piadas, que logo nos fizeram esquecer do assunto anterior. Tudo isso tirou um pouco a tensão que sentira durante toda essa semana, com a proximidade da viagem. A parte mais difícil era lidar com minha doença e deixar minha família e amigos para trás; agora teria que me virar sozinha. Tinha medo do que poderia acontecer, mas resolvi deixar esses pensamentos para lá e focar no fato de que iria para outro país, conhecer pessoas novas, ter minha própria vida.
Enquanto minha mãe lavava a louça do café da manhã, subi novamente para o meu quarto e com a ajuda de Lucas, trouxe minhas malas até a sala, colocando-as perto da porta. Olhei-me no espelho que havia ali perto e arrumei algumas mechas soltas do meu cabelo, em uma tentativa de me acalmar. Minha mãe pegou as chaves do carro e juntos, saímos para o jardim em frente nossa casa. No caminho, pude ver que estavam chegando algumas pessoas: eram meus amigos, que vieram se despedir. Corri até eles, abraçando-os fortemente, tentando segurar as lágrimas, porém sem sucesso. Prometi que manteria contato com eles e entrei no carro, não deixando de olhar para trás para vê-los uma última vez.
A viagem foi animada, ouvimos música e conversamos um pouco, no entanto, a proximidade com o aeroporto me fazia ficar cada vez mais nervosa. Respirei fundo diversas vezes, enquanto chegávamos e eles me ajudavam com as malas. Os minutos passaram rapidamente e logo chamaram o meu voo. Dei um abraço apertado em minha mãe e meu irmão e, suspirando e reunindo coragem, entrei no avião, rumo à minha nova vida e às surpresas que ela me reservava.
Olá pessoal! ^^
Espero que tenham deste primeiro capítulo! E aí? Quais surpresa estarão aguardando Tessa em sua nova vida na Coréia? Não perca o próximo capítulo!
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Delirium [Chanyeol]
Fanfiction"O que você quer?!", perguntei, olhando-o com raiva. "O que acha que eu quero?", ele respondeu, aproximando-se. Tessa está se mudando para a Coreia, onde cursará a faculdade de design. Isso é a realização de um sonho, pois ela sempre quis ir para ou...