Rubro como sangue

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A noite ficara mais escura. Literalmente.

Chanyeol ainda estava deslumbrado com as estrelas brilhantes no céu, mas meus olhos não paravam de observar o perigo iminente: os homens que nos seguiam, que pareciam multiplicar em um piscar de olhos. O Goshiwon onde eu e Park morávamos ainda estava um pouco longe e eu sentia o desespero tomar conta de mim.

Apertei a mão de Chanyeol, que imediatamente olhou para mim, franzindo o cenho. Ao ver minha expressão, seu rosto assumiu uma feição preocupada.

- Tessa, o que foi?

Eu estava com tanto medo que mal conseguia falar.

- T-Tem uns caras estranhos nos seguindo... - gaguejei e ele imediatamente parou e olhou para trás.

Fiz o mesmo fitando os homens, que assim como nós, haviam parado e nos observavam por baixo de seus capuzes. Chanyeol olhava naquela direção com uma expressão confusa no rosto.

- Tessa, não tem ninguém ali... - ouvi-o dizer.

- O quê? Você não está vendo esses caras bem na sua frente?

- Tessa, só tem nós dois aqui - ele me olhou preocupado - Você está bem?

- Claro que eu não estou bem! Tem um monte de caras estranhos parados bem ali, prontos para fazer alguma coisa com a gente! - berrei, sentindo o desespero tomar conta de mim. Comecei a puxar Chanyeol pelo braço - Rápido, nós temos que ir...

- Tessa - Park não se moveu, mesmo que eu o estivesse puxando - Você tomou seus remédios hoje?

Franzi a testa por um momento, como se estivesse processando a pergunta. Eu havia tomado? Lembro-me apenas de ter comprado os remédios.

- Não... Eu acho que não tomei... - soltei o braço dele - Mas o que importa isso agora?!

Chanyeol não respondeu, apenas ficou me olhando com uma expressão preocupada. Atrás deles, os homens estranhos começaram a andar na nossa direção. Meu coração começou a bater acelerado e eu puxei Park novamente pelo braço.

- Rápido Chanyeol, nós temos que sair daqui! - continuava a puxá-lo, mas ele não saía do lugar.

- Tessa...

- Rápido! - eu estava desesperada. A noite escurecera, as estrelas perderam o brilho e a largura da rua parecia diminuir a cada instante. Tínhamos que chegar ao nosso prédio o quanto antes.

- Tessa! - Chanyeol chamou firme, me fazendo parar e segurou meus ombros em seguida, olhando-me nos olhos - Você confia em mim?

- O quê? Mas que pergunta é essa agora? Nós temos que sair daqui...

- Você confia? - ele me cortou e eu assenti com a cabeça depois de um tempo - Eu te garanto que esses homens não vão nos fazer mal, está bem?

- Como você pode saber...

- Eu apenas sei - ele passou um braço em volta do meu ombro - Vamos, você precisa tomar seu remédio.

Não sabia por que era tão importante naquele momento que eu tomasse o remédio, mas não falei nada. Recomeçamos a andar e senti o chão oscilar sob meus pés, enquanto tinha a sensação de estar sendo observada por mil olhos. Então, ouvi um grito, tão alto e estridente que fez com que minha espinha gelasse. Olhei para trás e vi que os homens ainda nos seguiam, mas desta vez, estavam com facas ensanguentadas nas mãos.

O quê...? , pensei, antes de voltar a olhar para a frente e em seguida para baixo, o que fez com que minha respiração parasse com a visão que estava tendo: a rua toda estava alagada de sangue e eu pisara em uma poça, que manchara os meus tênis de vermelho vivo. Parei onde estava e Chanyeol parou também, me observando. Instintivamente levantei minha mãos e soltei um grito ao vê-las: elas estavam sujas do líquido rubro, tanto que pingava pelos meus dedos.

Delirium [Chanyeol]Onde histórias criam vida. Descubra agora