Delirium [Chanyeol]

Luz no fim do túnel

Chanyeol's POV *on*

Tessa estava péssima. Assim que ela abriu a porta, todas as minhas suspeitas se confirmaram: vestia um pijama que parecia não ter tirado faz tempo, seu cabelo castanho estava desgrenhado, como se não tivesse sido penteado há dias, seus olhos estavam vermelhos e inchados, ainda um pouco molhados, indicando que ela estava chorando, além de estarem cheios de olheiras, o que me dizia que não dormia há dias. Seus lábios estavam feridos, como se Tessa os tivesse mordido, e suas unhas estavam roídas.

Descaso consigo mesma. Exatamente como minha mãe fazia em suas crises de depressão.

Mesmo estando preocupado com o estado dela, abri meu melhor sorriso após perguntar se podia entrar. Lembrava-me que nas crises de minha mãe, eu e meu pai tentávamos transmitir o máximo de positividade e conforto para ela. Era isso que iria fazer com Tessa.

Chanyeol's POV *off*

Após perguntar se podia entrar, Chanyeol sorriu. E devo admitir, era um belo sorriso, do tipo que podia contagiar todos em volta. Mas no estado em que estava, nem aquilo me faria sentir melhor.

Não respondi àquela pergunta, apenas suspirei, fazendo um gesto para que ele entrasse. Chanyeol andou devagar, analisando o pequeno quarto.

- É praticamente o meu quarto, só que com suas coisas - ele riu, virando-se para mim.

- O que veio fazer aqui, Chanyeol? - suspirei, apertando o cobertor que me cobria como um manto.

- Tessa... - ele se interrompeu olhando para as pílulas espalhadas sobre a mesa - Pra que tantos remédios?

- São os remédios que tenho que tomar... - falei, quase em um sussurro, abaixando os olhos.

Chanyeol ficou calado por um tempo, olhando para a quantidade de remédios que estava em cima da mesa. Ele parecia perdido em pensamentos, como se estivesse lembrando de algo.

- Entendo... - ele falou finalmente.

- O que você entende Chanyeol? - ele olhou para mim - Nada! Não entende nada! - explodi - Você pensa que entende, mas não entende! Você diz que quer me ajudar, mas ninguém pode me ajudar! Ninguém Chanyeol! Você sabe como é se sentir um lixo todos os dias? Não ter ânimo para nada, nem para comer? Você sabe como é pensar em morte desde o momento em que você acorda até o momento em que você dorme? Você sabe?!

Não percebi quando as lágrimas começaram a cair, mas no final da frase, elas já inundavam meu rosto. Chanyeol me observava atentamente, mas não parecia assustado. Seu olhar era de quem compreendia.

Então ele fez algo que me surpreendeu. Ele me abraçou.

Fiquei sem reação. Ninguém nunca tinha me abraçado durante uma crise. Nem mesmo minha mãe. Ela me dava todo o carinho do mundo, mas sempre mantinha distância. Mas Chanyeol, esse cara que mal me conhecia, havia quebrado essa barreira. Deixei-me afundar no peito dele, chorando veementemente enquanto Chanyeol passava a mão por meus cabelos. Seu cheiro suave de colônia masculina preencheu minhas narinas, fazendo com que eu tivesse uma estranha sensação de conforto. Era impressionante o fato de que o garoto que antes me irritava, agora me confortava no meu pior momento. Ele era a última pessoa que eu esperava que fizesse isso.

Ficamos assim abraçados, sem dizer nada, por um tempo que pareceu uma eternidade. Chanyeol esperou pacientemente que eu parasse de chorar e isso foi realmente reconfortante. Todas as minhas emoções foram postas para fora, expostas como se eu fosse um quadro macabro de algum pintor maluco.

- Me deixa te ajudar Tessa... - Chanyeol sussurrou, ainda me abraçando e passando a mão por meu cabelo.

Suspirei, afastando-me dele e enxugando as lágrimas em meu rosto, enquanto sentava na cama. Chanyeol sentou-se ao meu lado, fitando-me intensamente. Parecia verdadeiramente preocupado.