Psicose

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- Tessa, espere! - ouvi uma voz me chamar.

Virei-me. Baekhyun deu uma pequena corridinha, parando à minha frente enquanto abria um enorme sorriso.

- Que bom que nos encontramos de novo - ele ajeitou a mochila nos ombros.

- Uma hora ou outra isso iria acontecer. Moramos no mesmo prédio - sorri, tirando algumas mechas do meu cabelos que teimavam em cair sobre meu rosto.

- É verdade, você mora em cima de mim, não é mesmo? - ele sorriu, enquanto eu ficava vermelha, mas também sorria - Está indo para a Korea University?

- Sim, você também? - ele assentiu - Podemos ir juntos então.

- Era isso que eu iria propor - ele disse e começamos a andar lado a lado - Que curso você faz?

- Design - respondi, orgulhosa - E o seu?

- Medicina. Mas queria mesmo era fazer música.

- E por que não faz?

- Meus pais não aceitariam. - ele ficou momentaneamente triste, mas logo o sorriso fraco voltou aos seus lábios - Mas Medicina estava em uma das minhas opções também. Sabe, depois que eu me formar, eu posso fazer música.

Aquilo era mentira e estava óbvio.

- Mas não seria melhor você fazer algo que gosta? Sabe, não vale a pena fazer um curso só porque seus pais querem.

- Está tudo bem - ele sorriu e mudou de assunto - De que país você é?

- Brasil.

- Ah, samba! - Baekhyun começou a fazer uma dancinha engraçada, que era tudo, menos samba.

Comecei a rir, ao mesmo tempo em que franzia o cenho. Será que o pessoal de outros países pensa que saímos sambando pela rua?

- Pare com isso e vamos nos apressar. Não quero chegar atrasada - comecei a andar e Baekhyun rapidamente me alcançou.

Não demorou muito para que chegássemos à universidade: era um enorme e bonito prédio, grande o suficiente para se perder lá dentro. Subimos a escadaria em frente, seguindo diversos outros estudantes que também pareciam deslumbrados com a grandiosidade do local.

- Acho melhor eu procurar logo minha sala - falei, sorrindo para Baekhyun e já me afastando, pois estava muito ansiosa e não queria chegar atrasada.

- Espera - ele segurou meu pulso, me fazendo parar e olhar para ele - Vamos nos ver na hora do almoço?

- Se eu encontrar o refeitório, vamos sim - sorri, um pouco sem graça. Baekhyun ás vezes me deixava nervosa.

- Que bom - ele se aproximou, tirando uma mecha do meu cabelo que estava sobre meu rosto. Aquela proximidade e aquele gesto me fizeram ficar vermelha. Baekhyun deve ter percebido, pois sorriu - Nos vemos no almoço então.

Assim, ele saiu em busca de sua sala e eu fiz o mesmo, ainda pensando no que acabara de acontecer.

Depois de pedir muita informação e de entrar em diversas salas erradas, finalmente encontrei a certa. Sentei-me na fileira perto da porta, em uma cadeira ao lado de um cara bastante bonito: tinha cabelos e olhos escuros, lábios finos e sobrancelhas bem marcadas. O mais peculiar nele era sua expressão facial - não queria dizer nada, estava sempre incólume, inexpressiva. Me lembrava uma porta.

- Por que está me olhando fixamente? - ele perguntou, virando-se para me olhar e abrindo um sorriso.

- Por nada - senti meu rosto queimar. Havia olhado para ele por muito tempo.

Ele riu da minha reação.

- Meu nome é Oh Sehun. E o seu?

"O" Sehun? Por que ele se apresentou assim? Ele se achava o cara?

Franzi o cenho.

- Tereza, mas pode me chamar de Tessa. Por que você se apresentou com "O" Sehun?

- Porque é o meu nome - dessa vez ele parecia confuso.

- Claro - falei. A Coreia é um lugar estranho.

Neste momento, o professor entra na sala, apresentando-se  como Sr. Lee e começando a explicar sobre o que era o curso e todos os módulos que estudaríamos daqui por diante. Eu estava muito animada. Tentava ao máximo prestar atenção em cada palavra que ele dizia. Tudo estava indo muito bem.

E então tudo desabou.

A sala parecia se mover sob meus pés, como se estivesse tendo um terremoto, mas que apenas eu sentia. A voz do professor começou a oscilar entre grave e aguda, e tudo mudou de cor, ficando uma paisagem em negativo. Comecei a ouvir uma cacofonia de sons, como se milhões de pessoas estivessem sussurrando nos meus ouvidos. Uma falta de ar tomou conta de mim, como se alguém estivesse apertando meus pulmões, dificultando a passagem de ar.

Senti alguém apertar meu ombro e segurar minha mão. Era Sehun.

- Tessa, você está bem?

Olhei para ele, mas o rosto dele estava mudando de cor e oscilando, como uma paisagem abstrata. Um nó se formou na minha garganta. Eu ainda tinha consciência do que estava acontecendo, mas isso não iria durar muito tempo. Precisava sair dali. Não queria que soubessem que estava tendo uma crise psicótica.

- Estou... - minha voz quase não saiu. Engoli em seco, tentando novamente - Estou bem... Só... Preciso... To-tomar... ar...

- Quer que eu te acompanhe...?

- Não... Não, o-obrigada. - falei, me levantando e saindo o mais rápido possível da sala, chamando a atenção da minha turma inteira.

Mas eu não ligava, só queria sair dali. Comecei a andar pelo corredor, que parecia aumentar de tamanho a cada passo que eu dava e oscilava sob meus pés, fazendo-me tropeçar e segurar na parede ao meu lado. Fui deslizando até o chão, enquanto colunas nasciam do chão e raízes tomavam conta de todo o ambiente. E quando menos percebi, cipós surgiram da parede atrás de mim, prendendo-me e apertando meus pulmões, fazendo-me ter falta de ar. Os sussurros nos meus ouvidos agora eram gritos, que faziam minha cabeça querer explodir de tanta dor.

- Parem... Parem de gritar... Me soltem... - eu dizia, mas o cipós me prendiam com mais força e as vozes gritavam mais alto - Parem... Parem... Parem!

Comecei a gritar, sentindo lágrimas quentes descerem por meu rosto enquanto me debatia, lutando contra os cipós, tentando voltar a respirar normalmente. Tudo estava girando, mudando de cor e ficando cada vez menor e mais escuro. Sombras surgiram, contornando as colunas e vindo em minha direção, brincando com minha sombra projetada sobre o chão e parte da parede. Tudo parecia uma paisagem de alguma pintura macabra.

Mesmo com os cipós tomando conta do meu corpo, pude sentir algo me segurando pelos ombros, como mãos humanas. E então, no meu campo de visão, surgiu um rosto desfocado, mas que depois de um tempo pude reconhecer:

- Chanyeol? - consegui pronunciar, antes que tudo ficasse escuro.


Hey guys! *-*

Fortes emoções neste capítulo, hein? Será que era o Chanyeol mesmo ou apenas uma alucinação da Tessa? Não perca o próximo capítulo!

XOXO ^^

Delirium [Chanyeol]Onde histórias criam vida. Descubra agora