Realidade

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~*~ 18:00 Horas / Sexta-Feira ~*~

A azulada estava jogada na cama tentando criar coragem para ir a patrulha e ter de encarar Chat Noir.

Não havia sido o primeiro sonho com ele, eles já trabalhavam juntos como heróis a muito tempo, e os hormônios da adolescência já haviam feito ela reparar no parceiro. E desde a primeira visita mais "provocativa" do felino ela sonhou com ele todas as noites. Mas aquele tinha sido tão real, tão intenso, tão bom que ela simplesmente passou o dia inteiro pensando nele. O fato de que estaria completamente sozinha na noite de aniversário de casamento de seus pais apenas a fez ter fantasias ainda piores.

Seu celular fez barulho anunciando que estava na hora de ir, mesmo assim a mestiça continuou deitada e apenas cobriu o rosto com o travesseiro.

- Marinette, - a pequena joaninha sentou sobre a barriga dela, - está na hora da sua patrulha.

- Eu não vou hoje Tikki. - Sua voz abafada pelo tecido. - Eu vou mudar de país... Tem tantos heróis novos, eles vão dar um jeito em tudo!

- Marinette, nenhum deles tem o poder da Ladybug, não adiantaria tantos heróis sem a líder deles, sem alterar pessoa capaz de purificar os akumas. - A pequena Kwami falou em tom de repreensão, e logo depois deixou a voz num tom mais carinhoso. - Não fique assim Mari. Vá para a patrulha, talvez conversar com Chat te acalme.

"Acalmaria, se não fosse ele o problema" pensou a menina. Soltou um suspiro pesado se levantando da cama e se transformou. Foi rapidamente para o ponto de encontro deles, assim que chegou se sentou ao lado do gato no telhado da casa que sempre se encontravam.

- Boa noite My Lady. - Falou Chat Noir, com o sorriso de sempre e depositando um beijo nas costas da mão dela.

- Boa... Boa noite Chat. - Falou ela, virando o rosto para que ele não visse suas bochechas queimarem.

Ele colocou a mão no rosto dela e a fez virar o rosto em sua direção. Olhou bem para ela e colocou o braço sobre seus ombros, aproximando o rosto para sussurrar em seu ouvido.

- Está corada Bugboo. Quer mais que apenas um beijo na mão?

- Você está muito abusado hoje gato, - irritou-se e retirou o braço dele se seus ombros de maneira brusca. - Vamos fazer logo essa ronda.

Se levantou já lançando seu ioiô, deixando para trás o gato rindo, já certo de seu segredo. Andaram pelos prédios de toda a cidade e o único problema que tiveram foi uma briga de adolescentes, a qual eles separam e mandaram os arruaceiros para casa.

Ladybug terminou antes e foi para a Torre, como combinado. Enquanto esperava o parceiro se debruçou sobre os ferros da estrutura e começou a observar a cidade. Não importava quantas vezes fizesse isso, Paris nunca perdia o encanto e a beleza.

Sua mente vagou para Adrien, ela havia sido rude com ele e, como o bom melhor amigo que era, ficou preocupado e encheu seu saco para dizer o que a deixou tão irritada. Ela lembrou da época em que não havia como não se apaixonar por ele, e o quão grande foi seu choque ao descobrir que, apesar das várias qualidades, ele tinhas seus defeitos.

Havia um lado em Adrien que não aceitava muito bem um não, principalmente se ele viesse de uma garota para quem ele havia se declarado, afinal, quem diria não ao maravilhoso e perfeito Adrien Agreste? Havia um lado nele que parecia querer alguém que o desafiasse frequentemente. Tão parecido com Chat Noir às vezes, e tão diferente de Luka. Ela se perguntava o motivo de simplesmente não estar apaixonada pelo garoto de cabelos azulados, mas o coração não obedece a razão, afinal. Deixou um suspiro escapar.

- Pensando em mim, My Lady? - Aquela mesma voz rouca cheirando a hortelã que a tirou do sério em seu sonho estava ali, perto o suficiente para que ela pudesse sentir em seu pescoço. Engoliu em seco, respirou fundo e decidiu nem se mover.

- Pensando no crush e em como ele com certeza não é você. - Ela mentiu, ele riu, sua respiração batendo contra a nuca dela a fazendo se arrepiar. As vozes em sua cabeça brigando entre se virar e beijar o gato enlouquecidamente ou ir embora no mesmo instante.

- Não há concorrência páreo para mim, - segurou a cintura dela, - eu já te enlouqueci não é My Princess. - Sussurrou no ouvido dela.

Ela travou, sua respiração travou e seus músculos enrijeceram. Pensou em tentar negar, mas havia certeza demais na voz do gato e já não sabia se seu corpo a obedeceria se ela ficasse mais tempo naquela situação com ele. Então ela fugiu. Não por covardia, mas por saber que naquele momento ela estaria suscetível a fazer uma besteira com Chat Noir, principalmente com as cenas de seu sonho rodeando-lhe a mente. Marinette sabia que não resistiria mais a ele, Chat Noir era um babaca as vezes, mas era um babaca gostoso e que sabia perfeitamente o que estava fazendo. Então ela lançou seu ioiô como nunca havia feito antes e "voou" até sua casa como se sua vida dependesse disso.

~*~

Assim que chegou em seu quarto começou a trancar todas as janelas e entradas. Nem mesmo desfez a transformação. Sabia que não era certo fugir daquele jeito, sabia que passaria a mensagem errada, mas precisava sair daquele lugar, sair de perto de Chat.

Terminou de trancar tudo deixando o quarto num breu quase total, respirou fundo e finalmente voltou ao normal.

- Isso tudo é medo de mim? Ou está tentando me manter preso aqui com você?

Ela se virou lentamente, como se o dono daquela voz fosse algum tipo de monstro. E lá estava Chat Noir, sentado confortavelmente na cama dela com as pernas cruzadas, os braços escorados para trás na cama, os olhos verdes cintilando no quarto quase que no total escuro e aquele lindo sorriso convencido.

- Como? - Sussurrou confusa, ela era mais rápida. Sempre foi mais rápida! Ele riu da confusão dela.

- Eu sempre deixei você ganhar, - deu de ombros. Levantou indo até ela, que ia para trás ao passo que ele se aproximava. - Mas hoje não deu pra fazer isso.

Ela bateu as costas na parede e ele colou o corpo no dela, segurou seus braços ao lado do corpo antes que ela pudesse empurrá-lo.

- Como? Como descobriu? - Ele riu contra o pescoço dela a fazendo arrepiar.

- Na verdade era bem óbvio. Me sinto um idiota por não ter percebido antes, mas depois que comecei a suspeitar foi fácil ver a verdade - era isso então, por isso ele a visitava. Seu coração doeu um pouco.

- Era por isso que vinha me visitar? - A irritação apareceu em sua voz mesmo ela tentando esconder. - Porque sabia que eu era Ladybug? Por isso todos os joguinhos e provocações?

- Está com ciúmes de você mesma? - Perguntou irônico. - Mas não, eu vinha aqui para ver Marinette, se quisesse ver Ladybug eu teria marcado um encontro enquanto você estava transformada. E não adianta negar eu sei que você iria. - Abriu mais uma vez o sorriso convencido que ela secretamente adorava.

- Então por que fez tudo isso? O que você quer Chat? - Falou cansada daquilo tudo.

- Eu quero você Marinette. Quero muito e quero agora.

Minha Dona | marichatOnde histórias criam vida. Descubra agora