Preocupada com os fatos que pareciam sair de controle como cada vez mais incursões hostis dos invasores, Gwenhwyar retornou ao poço sagrado. Olhando para as pequenas ondas da água, pressentiu o transe aproximar-se.
No dia anterior, sentiu um distúrbio no equilíbrio e não foi a única. Kenneth e mais duas aprendizes procuraram-na para comentar o assunto. A sua maior preocupação era se essa perturbação fora provocada pelas criaturas das trevas ou se algo novo ocorreria, talvez a chegada do druida guerreiro, que seria a melhor coisa que poderia ocorrer para Avalon.
A visão chegou de rompante e arrebatou-a dos seus devaneios quase como que um choque e tornou a ver o estranho, desta vez envolto em uma luz verde e com a mulher da primeira visão junto, mais uma vez sem vislumbrar o seu rosto. Assistiu o curto combate e o desfecho fatal para as criaturas. Depois, ambos começaram a correr e ela notou que era para o bosque sul.
A visão foi curta e decisiva, mas agora ela sabia que os distúrbios do equilíbrio eram consequência da chegada de um estranho e não se tratava de outra previsão, um estranho mais poderoso que as criaturas, muito mais poderoso que todos eles juntos e o seu povo precisava dessa ajuda para não ser exterminado porque também viu uma horda de pelo menos trinta daqueles monstros que se preparavam para marchar contra a cidade. Não estava certa de que as duas visões eram contemporâneas, mas não podia arriscar. Mandou uma das meninas alertar Kenneth para o perigo iminente e chamou a sua melhor sacerdotisa.
– Yilda. – A jovem mulher aproximou-se e ajoelhou-se aos seus pés.
– Sim, mãe – disse ela. – Sinto preocupação em si.
– Há preocupação, minha filha – respondeu a sacerdotisa mãe, sempre calma. – Mas também há muita esperança e eu vou atrás dela. Se algo me acontecer, Yilda, cabe a si assumir como suma sacerdotisa e conduzir todo o nosso povo.
– Mas eu ainda não estou pronta, senhora – disse a mulher, de olhos arregalados. – Não sei se serei capaz de ocupar esse cargo.
– Eu também não estava pronta quando minha mãe se foi e acredito que minha mãe pensava o mesmo quando Morgana desapareceu combatendo o inimigo, mas não temos escolha, filha. Lembre-se, de falar com Kenneth e avise da nova invasão que deverá ser hoje. Já o mandei chamar. Caso me aconteça algo, diga-lhe... não, ele sabe, mas aconselho que o chame no casamento sagrado dos próximos fogos, mas escolha um menino para a Deusa. Precisamos da mais druidas fortes.
– Sim, senhora, assim farei – respondeu a sacerdotisa –, mas prefiro que a senhora volte e continue sendo a nossa mãe.
– De qualquer forma, minha filha – replicou –, muita coisa vai mudar nos próximos dias. Até breve, se a Deusa assim desejar.
Montada no cavalo mais veloz que tinham, Gwenhwyar obrigou o animal a galopar de forma alucinada para chegar ao bosque sul o mais rápido que conseguisse. Assim que alcançou a orla, amarrou o cavalo a uma árvore e embrenhou-se na floresta, correndo sem parar.
― ☼ ―
– "Salve, irmã maior" – disse uma das criaturas. – "Sentimos a sua falta e estamos felizes que tenha retornado, mas não devia ter trazido um surdo-mudo à nossa presença."
Igor ouviu o estranho diálogo telepático da criatura, concluindo que se referiam a ele, mas aguardou a neta falar.
– "Salve, povo do Bosque Sul" – disse ela. – "Este homem é meu avô e o mais poderoso de todos nós. Ele vai ajudar contra as criaturas."
– "Então, vamos encontrar a rainha-mãe porque só ela pode autorizar surdos-mudos no nosso meio."
Achando que era hora de se manifestar, Igor disse, usando telepatia:
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O Mago e a Sacerdotisa de Avalon
FantasyA aventura não acabou... (sinopse temporária) Pouco menos de dois anos depois do seu maior desafio, Igor vasculha a biblioteca principal do Mundo de Cristal e encontra um recinto secreto com a pista que pode elucidar o caso do sumiço repentino de...