Capítulo 14 - parte 2 (em revisão)

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Todos os celtas, fossem eles druidas, sacerdotisas ou comuns, estavam aglomerados na praça central. Todos eles olhavam para o mesmo lugar um pouco à frente, prestando toda a atenção no líder de todos os magos.

Com toda a calma, Igor ia falando sobre os invasores e como planejava as defesas dos Avalonenses. Por um segundo parou de falar e juntou as mãos que começaram a aparentar possuir um leve brilho. A seguir, o jovem mago abri-as na diagonale foi afastando os braços o mais que pôde. O brilho das mãos, intensificado com o movimento, deu lugar a um enorme telão tridimensional que mostrava a região deles como se fosse um videogame superavançado, deixando quase todos estasiados com a façanha, até mesmo Valdo, que estava acostumado à alta tecnologia. Colocou-se ao lado da tela e apontou uma região específica.

– Cem de vocês – começou por dizer, coordenando as tarefas de todos –, precisarão de juntar pedras grandes, o máximo que puderem, e colocarão em vinte grupos a cerca de cem passos da floresta, mais ou menos por aqui. Façam cada grupo ficar a uns dez passos grandes um do outro. A seguir, farão o mesmo cinquenta passos para trás e assim sucessivamente. As pedras devem ficar enfileiradas para facilitarem a ação.

Enquanto falava e apontava, as imagens correspondentes surgiam na tela, mas nenhum deles, nem mesmo os druidas e sacerdotisas, entendia o que ele desejava com as pedras. Ninguém, contudo, desejava interromper de tão hipnotizados que estavam. Igor olhou em volta, concentrando a atenção nos mundanos e continuou:

– Outro grupo de cem homens vai arranjar uns dois mil quilos de madeira, seiscentos de ferro de qualquer tipo e colocarão em vinte grupos, junto às pedras da frente. – Mal terminou de apontar, mais uma vez as imagens materializaram-se.

– Para que servirá isso? – perguntou Shayla, curiosa e não aguentando mais a expectativa. – Não imagino o que você pretende fazer!

– Vou construir uma arma antiga – respondeu Igor –, mas que tem bastante eficiência: uma catapulta.

Estalou os dedos, e a imagem começou a se movimentar, com a madeira e o ferro metamorfoseando, dendo lugar a vinte catapultas. Devagar, surgiram homens manipulando as estranhas máquinas e, ao mesmo tempo, o mago fez surgir uma horda de invasores na orla da floresta. A seguir, os aldeãos viram-se a manipular a arma e as pedras voando em direção ao inimigo. Fascinada, a multidão começou a aplaudir e Igor achou muito curioso que eles conhecessem esse gesto. Decidiu que, quando voltasse, procuraria a origem do aplauso.

– Bem – disse o mago, voltando ao foco –, eu quero que cada cidadão, seja homem, mulher ou criança e que não estiver envolvido em outras atividades, arrume o máximo de frutos de casca dura e ocos, ou caixas de algum tipo. Dentro, deverão colocar uma mão cheia de pedras pequenas, pedaços de pregos ou ferros pontudos, qualquer coisa desse tipo e, depois, encher com areia e misturar bem. Nós vamos fabricar o que se chama de granadas. Também vamos precisar de algo muito fino com um fio de areia dentro e enrolado, que possa ser cortado em pedaços e que não perca a areia. Além disso, quero que arrumem cinquenta barris pequenos ou médios, coloquem pedras e encham de areia que deverão ser colocados a vinte passos da floresta a uma distância de cinco passos grandes cada um.

– Por último, eu quero que consigam muito óleo fervente em cabaças que possam ser atiradas pelas catapultas – disse ele, sorridente. Virou-se para a imagem e ela pareceu animar-se, criando vida e mostrando um filme da provável batalha onde gramadas eram arremessadas intercaladas com as catapultas e, ao mesmo tempo, com ataques dos magos. – Este será o primeiro bastião de combate. Enquanto vocês os atacam, nós, com os nossos poderes, vamos atacar pelos dois flancos e à distância para não perdermos a força, enquanto Gwydion fará combate do ar, sozinho ou com um de nós nas costas. Agora, vão e apressem-se que não sabemos quando será o ataque. Quanto mais preparados estivermos, maiores as chances de vencermos. Os druidas e sacerdotisas devem ficar aqui para definirmos os dois grupos que atacarão, um em cada flanco.

Todos começaram a aplaudir de novo e a dar risadas de esperança. A população saiu para acatar os pedidos do Igor enquanto ele reunia os magos, procurando saber a extensão dos dons de cada um. A primeira a demonstrar os seus poderes para o grupo foi Morgana que fez um pequeno poço de lava no chão sem qualquer esforço. Quando ela ergueu uma barreira de proteção, Igor sorriu porque a cor era verde, a mais poderosa delas exceto pela sua nova invenção. Mal terminou a demonstração, Igor colocou-a do seu lado direito.

Eduarda fez o mesmo, mas a sua barreira era azul, mais fraca. Igor também colocou a esposa ao lado da filha. Shayla foi a seguinte a demonstrar seus dons e era muito mais fraca. Igor colocou-a junto à mãe. Em seguida foi Kenneth que ficou à esquerda e Gwenhwyar que seguiu o mesmo destino. Com isso, foi selecionando dois grupos cujos poderes, somados, seriam equilibrados. No final, sobrou Valdo e ele olhou para o amigo.

– Valdinho, sei que ainda não dominas grande coisa dos teus dons, mas também sei que tu és um sujeito dedicado desde que te conheço. Temos dois grupos. À minha direita, Morgana e Eduarda controlarão aquela turma, enquanto Kenneth e Gwenhwyar controlarão esta apoiados por mim. Pelas provas demonstrativas, estamos em equilíbrio de forças; por isso, prefiro que tu escolhas com quem lutar.

– Eu e Dudinha lutamos muito bem juntos, Igor, sem falar que tenho alguma facilidade para me comunicar com Nealie que também está lá, então – disse, colocando-se ao lado delas –, eu escolho este lado, se não te importas.

– Combinado – disse Igor, esforçando-se para evitar rir com a alusão à sacerdotisa e quase falhando. – Morgana e Eduarda, vocês comandam esse grupo e atacam no flanco direito enquanto nós atacamos pelo esquerdo. A missão dos magos é atacar à distância e dar apoio aos mundanos, combinado?

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O Mago e a Sacerdotisa de AvalonOnde histórias criam vida. Descubra agora