Capítulo 13 - parte 1 (em revisão)

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"O estudo da metafísica consiste em procurar, num quarto escuro, um gato preto que não está lá."

Voltaire.


Caroline virou-se para Ezequiel, pensativa:

– Sinto mais de um caminho para chegar lá – disse, apontando três direções. – Neste aqui, mais próximo, preciso abrir um portal para alcançá-lo, já os demais eu não sei porque não estão tão perto. O que sugere?

– Eduarda foi por ali – disse ele, apontando o primeiro caminho –, e Igor por esse que você apontou. Talvez devêssemos tentar o segundo.

– Por um lado faz sentido, mas, por outro, podemos arriscar a não encontrar nenhum dos dois – comentou a inglesa, pensativa.

Ezequiel não respondeu de imediato. Pesou a sua ideia com relação ao pensamento da garota, até que concluiu:

– Entendo o seu raciocínio, filha, mas vamos para uma ilha que não deve ser tão grande assim, e, se aconteceu alguma coisa aos dois, a probabilidade de sermos apanhados de surpresa diminui de forma bem drástica.

– Tem razão, então vamos – deu um beijo no marido e virou-se, tomando a dianteira. – Cuidado para não escorregar que estamos quase que em cima da água.

Andaram por bem vinte minutos, precisando ter o máximo de cuidado porque o nevoeiro que ela tinha visto descer já tomara todo o lago, tornando a visão quase impossível. Como estavam longe da estalagem e de qualquer lugar habitado, Ezequiel acabou fazendo um pequeno feitiço para dissipar as brumas em um raio de dez metros, ao mesmo tempo que a companheira fez uma pequena esfera de luz com um brilho pálido para não ser vista ao longe. A noite estava tão escura e silenciosa que nem se ouvia um grilo. O único barulho esporádico era o leve farfalhar das folhas quando a brisa fria roçava nelas e uma que outra onda minúscula do lado. Por conta disso, por mais que tentassem fazer silêncio a andar, seus passos ecoavam com força em meio a tamanha quietude.

Pensando na atmosfera lúgubre em que estava, aliado à baixa temperatura do ambiente, Caroline não reprimiu um arrepio. A primeira sensação de mudança que teve, foi que o terreno passou a ficar seco e formado por pequenos seixos, além de fazer um aclive muito suave. A segunda sensação foi que perdia o foco e, por isso, parou logo de andar.

– Ezequiel, o portal foi fechado por alguém – concluiu ela, procurando sentir as ondas e recuando uns metros. – Aqui é o ponto máximo.

– Vamos pegar outro caminho? – perguntou ele.

– Não, eu vou abrir a passagem aqui mesmo.

– Então espere – pediu o sábio. Ergueu as mãos e desceu-as sobre si mesmo. Num simples passo, passou a envergar as suas vestes e a bengala transformou-se no bordão. Virou-se para a feiticeira, sorriu e disse. – Agora estou pronto. Afinal preciso de estar apresentável caso minha netinha esteja mesmo viva e aí.

Caroline deu uma risada, abanando a cabeça.

– Bem que Igor me tinha dito que o senhor é bastante... digamos... muito espirituoso.

– Sujeitinho fofoqueiro, não acha, Saci?

A resposta do dragão foi um resmungo mental seguido de uma risada. Caroline sacudiu a cabeça de novo e sorriu. Concentrou-se e fez o movimento de mãos para abrir a passagem que se descortinou à frente deles. Do outro lado era dia, talvez o amanhecer porque a luminosidade estava baixa. O par olhou-se e avançou, seguido por Saci.

Quando passaram o portal, sentiram logo um forte mal-estar e Caroline apenas teve força para fechar a passagem antes de cair tonta no chão.

– Ai, minha Deusa – exclamou Ezequiel agarrado ao bordão para não cair. – Que diabo é este mal-estar todo?

O Mago e a Sacerdotisa de AvalonOnde histórias criam vida. Descubra agora