Capítulo 5 - parte 2 (em revisão)

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Igor ergueu os olhos, sorrindo, e disse para Ezequiel:

– Ez, eu sei o que aconteceu ou, pelo menos, acho que sei. A minha filha não desapareceu, ela fugiu com os aldeãos para os salvar do extermínio e o segredo está nesse livro e neste diário.

– O quê? – perguntou o sábio, saltando do banco e voando para cima do amigo. – Deixe ver isso.

Ezequiel foi de tal forma eloquente para ver o que havia no diário da neta que quase atropelou o amigo, quando estendeu a mão para pegar o caderno. O que aconteceu ao sábio quando encontraram o livro já meio que tinha sido esquecido e, por isso, nenhum dos dois esperava o que ocorreu a seguir, ainda mais que o efeito demorou um pouco a chegar à compreensão dos dois, em especial do Ezequiel, que foi o mais afetado porque, quando ia alcançar o manuscrito da neta, um raio violeta e intenso saiu do caderno e atingiu-o em cheio, fazendo o sábio voar longe em meio a um trovão não muito alto mas um tanto assustador para quem não esperava. Atordoado, o velho estava caído do outro lado do pequeno recinto e Igor, de olhos arregalados, olhava ora para ele, ora para o livrinho.

Praguejando muito, Ezequiel levantou-se e o amigo não se aguentou mais, irrompendo em uma gargalhada homérica e descontrolada. Quanto mais olhava a cara zangada do sábio, mais ria da situação.

– Qual é a graça de fazer isso? – perguntou ele, irritado.

– Quem? Eu? – Igor encolheu os ombros, secando os olhos que tinham lágrimas de tanto rir. – Não fui eu que fiz isso, Ez. O livro está com alguma proteção muito poderosa. Sugiro que não tente tocar nele.

– Morgana fez isso? – perguntou incrédulo. – Ela não faria isso com o próprio avô.

– Bem, posso jurar que não fui eu – insistiu Igor, voltando a ficar sério. – Logo, só pode ter sido ela.

– Por quê? – questionou.

– Não faço ideia – respondeu Igor. – Mas deixe que leio para o senhor.

Igor começou a ler e Ezequiel fez uma cara de espanto. Aproximou-se dele e olhou de longe para a página. Esfregou os olhos e olhou de novo, até que disse:

– Pare, Igor.

– O que foi? – perguntou o jovem mago, erguendo os olhos para o amigo. – Aconteceu alguma coisa?

– Acontece que não escuto nada – explicou, contrafeito. – Vejo a sua boca se movendo, mas os meus ouvidos não captam uma única palavra do que foi dito. E tem mais: quando olho para o livro de longe, as páginas estão em branco. A sua filha deixou nele um feitiço demasiado poderoso. Tente explicar com as suas próprias palavras.

Igor obedeceu e Ezequiel ouviu em silêncio. Quando o amigo terminou de falar, ele disse:

– Eu já ouvi falar da lenda de Avalon – encolheu os ombros e sorriu –, da mesma forma que muita gente na Terra e aqui na Cidadela, mas jamais julguei que pudesse haver um fundo de verdade nisso. Você acha que ela levou todo mundo para a Bretanh... quero dizer, Inglaterra?

– Vou continuar lendo o diário da Morgana e em breve saberei tudo o que aconteceu – respondeu, preparando-se para retomar a leitura interrompida.

– Isso explica o motivo de eu ter chegado lá e não haver nada a não ser ruínas queimadas – comentou, mexendo na longa barba branca. – Bem, vá lendo o livro que eu pretendo terminar de estudar aquele ali.

Igor sorriu e voltou para a sua leitura, cada vez com mais vontade de ver a filha.

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O Mago e a Sacerdotisa de AvalonOnde histórias criam vida. Descubra agora