Capítulo dois

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Três anos se passaram desde a festa. Três anos que não foram de muitas mudanças significativas.

Stephen não era um tarado que se aproximou apenas para se aproveitar da minha ingenuidade. Ele acabou fazendo com que eu gostasse dele, apesar da maneira rápida que ele quis que tudo acontecesse.

O rei continua sem herdeiros e isso está afetando ele, as pessoas veem que ele está ficando cada vez mais preocupado. Há boatos até que ele está doente, já que não foi mais visto publicamente. Isso tem tornado Palacintian cada vez mais fraca. A rainha tem assumido muitos papéis que quem deveria estar fazendo era o rei, as pessoas não estão se agradando muito com isso, já que na verdade, ela é apenas uma rainha consorte, isso faz com que aos olhos de alguns, ela seja apenas um enfeite ou uma produtora de herdeiros, coisa que não tem acontecido. Ou seja, todos temem o futuro de nosso país.

Voltando ao Stephen, ele e eu ainda nos falamos e meio que... namoramos. Escondido. Ele me revelou alguns de seus segredos. E é claro que eu não ousei tocar minha boca na dele até que soubesse algumas informações sobre ele. Eu não sou tão tola assim.

Um de seus maiores segredos é que ele não é nobre, na verdade, ele não é nobre por inteiro. A história dele é muito diferente da que ele me contou na festa de três anos atrás. E é bem mais complicada.

Ele não é primo de Haidé, minha serva. Na verdade eles são irmãos, meio-irmãos. Quero dizer, Stephen é bastardo. Isso me surpreendeu muito quando ele me contou. Mas, eu gosto tanto dele. Ele me contou muitas coisas sobre ele e preciso dizer que ele já passou por diversas coisas ruins e superou tudo, isso fez com que eu gostasse mais ainda dele. Claro que, tem sido difícil manter isso em segredo durante todo esse tempo. Minha mãe tem pressionado meu pai para que ele arrume algum nobre para eu me casar. Já tenho 17 e aos olhos dela, eu deveria estar pelo menos em um noivado.

Cada vez que ela fala em um nobre eu sinto frio na barriga e vontade de dizer "eu já tenho um compromisso", mas sei que se eu comentasse qualquer coisa sobre Stephen agora, ela iria enlouquecer. Por isso, a cada vez que ela diz algo sobre esse assunto, eu apenas desvio e finjo não me importar. Tem sido a melhor solução.

-A cidade está um alvoroço. -meu pai nos surpreendeu ao passar pela porta.

Ele tinha ido até o centro da cidade para comprar algumas coisas, mas quando olho pra ele, vejo que não tinha nada em suas mãos.

-O que houve? -perguntei, o olhando.

Ele parecia um pouco assustado.

-Há boatos de que o rei foi levado às pressas para um hospital. -ele respondeu e arregalamos os olhos. -Parece que um guarda comentou com alguém e esse alguém comentou para muita gente. O pobre guarda já foi morto.

Sinto pena do guarda. Com certeza era algo que tinha que se manter em segredo e ele comentou para a pessoa errada, acabou pagando pela língua de outro. Acho tão injusto ter que tirar a vida de um pobre guarda apenas por ter comentado isso, uma vida que se foi.

-Então é verdade! -minha mãe exclamou, preocupada.

Estávamos todos reunidos na sala de estar, papai tirou seu casaco e sentou-se no sofá.

-Pobre Rei Heitor. -ele lamentou. -Ele não pode partir agora.

Ninguém escolhe a hora de partir, isso é óbvio. Creio que mesmo assim o rei estaria fazendo muito esforço para sobreviver. Ele precisava deixar pelo menos um herdeiro, já era o suficiente. Ele estava apenas há quatro anos reinando. Como o nosso segundo rei poderia nos deixar tão rápido assim?

-E se for apenas um boato? -perguntei esperançosa de que o guarda podia estar errado, ou se estivesse certo, poderia ser algo bobo.

-Se fosse um boato, o guarda ainda estaria vivo. -minha mãe respondeu me olhando.

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