Capítulo cinco

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Para a minha sorte, logo a transmissão foi finalizada sem precisar que eu me pronunciasse. Claro, estava totalmente despreparada. Agora todos sabiam que eu, uma jovem de 17 anos era rainha. Eu não queria que o meu Stephen soubesse dessa maneira. Ele deveria saber por mim...

Todos se encaminharam para o salão, mas a Rainha Alicia quis ficar na Sala do Trono e eu por um motivo quis ver o que ela iria fazer ali. Ela nem notou minha presença e caminhou até o trono onde ela se sentou durante quatro anos. Era o momento perfeito para conversar com ela.

Aproximei-me em silêncio e a vi observar o trono, passando a mão por ele.

-Majestade? -chamei.

Ela virou-se e rapidamente se curvou. Sinto-me terrível por vê-la fazendo isso.

-A majestade é você agora. -ela disse, de uma forma gentil.

Eu não conseguia me referir à ela sem ser como rainha ou majestade. Chamá-la de Alicia era algo um tanto cruel, estranho.

-Sabe, ninguém mais a partir de hoje deve me chamar de rainha, majestade ou alteza. Muito menos você... Vossa Majestade. -ela disse, levemente inclinando a cabeça e em momento algum sendo rígida, apenas aparentava querer me dar um conselho.

Pressionei os lábios e desviei seu olhar.

-Eu sinto muito. -falei, da forma mais sincera. -Eu nunca tive intenção disso. Eu sempre desejei que a senhora e o rei tivessem muitos herdeiros.

Ela então aproximou-se de mim e observou-me mais de perto. Ela era de uma beleza tão grande. Ainda com o rosto vermelho e os olhos inchados pelo choro, ela conseguia ser intensamente bela.

-Vossa Majestade não tem culpa de nada. És tão jovem ainda. -ela disse e o mais estranho pra mim é ela referindo-se à mim como "Vossa Majestade".

-Será que essa juventude pode me atrapalhar? -perguntei, olhando em seus olhos castanhos.

-Não, querida. -sorriu. -Sua juventude é esperança para nosso país, sua juventude é algo bom.

Impressiona-me a forma de como ela é nobre, humilde. Parecia de maneira alguma me culpar pelo que aconteceu, mesmo que eu realmente não tenha culpa, achei que ela não gostaria de me ver tomar seu lugar.

Minha mãe logo adentrou pela sala, certamente procurando por mim. Olhei para Rainha... quero dizer, Alicia e sorrio antes de caminhar até minha mãe. Ela retribuiu o sorriso e eu fui até minha mãe.

-Eu preciso de meu celular. -falei olhando-a.

-Por que? -perguntou franzindo o cenho. -Você não precisa de mais nada da nossa casa, você não pode nem ir mais até lá, é perigoso.

-Quer dizer que eu não vou mais ir até nossa casa? -perguntei, confusa.

Minha mãe parou de andar e me olhou.

-Isabel, sua casa é aqui. -ela disse, olhando em meus olhos. -Você agora é uma rainha, não se esqueça disso.

Como eu poderia me esquecer?

Ela virou as costas e continuou a andar, suspirei e a segui até chegarmos num dos salões, onde estavam todos reunidos. O túmulo do rei estava ali no centro, seria enterrado em algum canto do castelo, eu acho. Eu não queria estar presente. Então avistei uma criada e a chamei, ela aproximou-se e curvou-se, logo me olhando afim de que eu fizesse o pedido.

-Você pode por favor me levar até meu quarto? -pedi educadamente.

Ela apenas concordou com a cabeça e caminhou na frente, eu a segui discretamente em silêncio até o quarto.

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