Corro para abraçá-lo, mesmo sem entender o que ele estava fazendo ali, seu abraço era o que eu mais precisava no mundo.
-Stephen, como eu queria te ver. -falei, não querendo soltá-lo mais.
-Estou aqui, meu amor. -ele disse me apertando forte.
Até fecho os olhos para poder sentir melhor o momento. Ficamos por um tempo em silêncio, até que rompemos o abraço e decidimos sentar em minha cama.
-O que está fazendo aqui? -perguntei novamente, olhando seus belos olhos.
-Eu sei que pode parecer estranho. -ele disse. -É que meus irmãos parecem não ter mais emprego agora, eles estão felizes por você, mas estão tristes por não terem mais onde trabalhar. Eu me ofereci para vim até aqui buscar as coisas deles e acabei parando aqui. -explicou, parecendo sentir medo que eu achasse ruim, afinal, ele estava em meu quarto.
Coloquei minha mão em sua bochecha e a acariciei.
-Jamais eu pensaria alguma maldade de você. -falei, sincera olhando seu rosto. -Céus, eu queria tanto te ver, falar o que aconteceu, explicar.
-Eu li sua carta. -ele disse, segurando em minha mão.
-Não é o suficiente. -suspirei. -Stephen, diga a seus irmãos que eu prometo que eles vão trabalhar na corte. Quero Haidé como minha criada, quem sabe até como minha dama de companhia. -sorrio ao imaginar a felicidade de minha cunhada.
Stephen desviou seu olhar.
-Isabel, como isso foi acontecer? -perguntou, a voz trazia tristeza. -Você sempre disse que o sangue real que corria em suas veias não significava nada.
-E não significava. -afirmei. -Até ontem. Amor, eles poderiam ter como sucessor meu pai, mas se você leu a carta, sabe qual é o pensamento deles.
-Sim, eu sei. -voltou a me olhar nos olhos. -Mas, se antes era difícil ficarmos juntos, agora será praticamente impossível. -lamentou.
-Não, não podemos perder a esperança assim. -murmurei. -Stephen, eu vou arrumar uma posição pra você na corte também. Eu posso fazer você crescer e virar um nobre, tão nobre a ponto de se casar comigo. -sorrio, imaginando um futuro pra nós dois, uma vida feliz.
Ele apertou minhas mãos e olhou pra mim como quem não acreditava ser possível.
-Eu já sou nobre. -disse. -O problema é que, você sabe, eu sou bastardo e a fama de minha mãe não é muito boa.
Abaixei a cabeça.
A história da família de Stephen é mesmo um pouco complicada. Aysha, sua mãe, é nobre por família, não quis casar-se, pois queria aproveitar a vida de solteira, queria sua liberdade. Téon, o pai de Stephen, Haidé, Alfred e Odin, casou-se muito jovem, sempre foi de família pobre. Ele não amava sua esposa e nem aceitava que precisaria ficar com ela durante toda a vida, já que em Palacintian o divórcio só é aceito em casos extremos e ele apenas não querer, não era motivo suficiente para conseguir a separação. Téon e Aysha então se conheceram numa noite, num teatro, foi uma paixão avassaladora, apesar das diferenças, apesar de Téon ser apenas um servo e Aysha uma nobre. Para Téon, Aysha era o amor de sua vida. Ele traia sua esposa constantemente e Aysha sabia que ele era um homem casado, mas nunca importou-se com isso, nem com os boatos que o povo já começava a criar sobre os dois. Para ela, os encontros com Téon eram o suficiente para satisfazer a sua vida. Já que ele não tomaria a liberdade dela, até que ela engravidou. E aí todo aquele "amor", foi pro fundo do poço. Aysha não tinha coragem de abortar, mas sabia que ser vista como amante era horrível, porém manteria sua consciência um pouco mais limpa. Ela aceitou lidar com a sociedade, com os boatos, ela passou por cima de tudo e teve Stephen. Ela nunca ligou para sua reputação, para os boatos, mas sabemos que isso interferia sim no futuro de Stephen. Filho bastardo, de uma solteira com um servo.
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Palacintian
ChickLitO diferente nem sempre é bom. A riqueza nem sempre é uma maravilha. Usar uma coroa nem sempre é fácil. Reinar vai muito além de vestidos e sapatos bonitos, vai muito além de colocar uma coroa na cabeça. Reinar é governar um país e governar Palacint...