Capítulo três

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O rei morreu!

Deus, o Rei Heitor morreu!

Sem nenhum herdeiro, sem linha de sucessão. O que vai ser de Palacintian? Droga, começo a me desesperar e a pensar nos ataques que certamente acontecerão. Os ataques que irão deixar meu país fraco. E se eles conseguirem tomar Palacintian? Deus, que isso não aconteça.

-O que? -perguntei ainda para ter certeza de que eu não tinha entendido errado.

-O Rei Heitor morreu. -ela repetiu, olhando-me nos olhos, sua voz trazia tristeza, mas ainda assim ela estava calma.

Penso no que minha irmã tinha dito um pouco mais cedo. Como ela sabia? Quer dizer, no fundo a gente sabia que não estava tudo bem com o rei e que havia chances disso acontecer. Mas, ela foi específica quando disse que ele morreria a noite, naquela noite. E ele está morto! E eu não consigo nem imaginar o que pode acontecer com meu país.

-Já foi anunciado? Ele morreu que horas? -perguntei, os olhos arregalados.

-Não. Só nós sabemos. -ela respondeu só uma de minhas duas perguntas.

Franzi o cenho mais uma vez, confusa. Nós nem éramos próximas do rei, por que só nós sabemos? Não faz sentido. Por que tem acontecido tantas coisas que eu não sei as respostas? Por que ninguém conversa comigo?

-Como assim só nós? Por que só nós? -perguntei rapidamente, sem entender coisa alguma.

Ela suspirou e desviou meu olhar, parecia querer de alguma maneira me explicar, mas parecia não achar as palavras certas, parecia sentir medo de conversar comigo.

-Isabel, não posso te explicar nada agora. Precisamos ir para o castelo logo, no caminho eu te explico. -ela disse, depois de um tempo em profundo silêncio.

Hesitei um pouco, e pensei em agir como uma criança. Bater o pé e dizer que eu não iria até ela me explicar o que estava acontecendo. Mas, que escolha eu tinha? Se eu quisesse respostas teria que a obedecer sem questionar muito.

Concordei com a cabeça e seguimos para a sala, onde Ciara estava, sentada num sofá, com um casaco igual o meu, porém, sendo azul. Sua expressão confusa assim como a minha, seus olhos cansados, em suas mãos ela segurava a sua boneca preferida, Brice. Certamente Ciara também preferia estar dormindo.

Havia dois guardas reais na parte interna de minha casa, em frente à porta, que estava fechada.

-Vamos, Ciara. -mamãe a chamou, ela levantou com preguiça e caminharam de mãos dadas até a porta.

Os guardas olharam para mim e fizeram uma reverência. Olhei para os dois confusa, mas apenas segui andando. Quando minha mãe abriu a porta, havia mais quatro guardas no lado de fora. Uau, nossa segurança é mesmo muito importante. Eles nos guiaram até o carro, onde havia um motorista e um guarda sentados na frente. Os outros quatro guardas foram em outro carro e os dois que estavam dentro de minha casa foram em cavalos ao lado de nosso carro, que passava pelas ruas numa quilometragem lenta.

-Por que tudo isso? -Ciara perguntou antes de mim.

Mamãe olhou-me e engoliu em seco, enquanto eu e Ciara olhamos curiosas pressionando-a para nos dar alguma resposta.

-Por que a madrugada pode ser uma boa hora para chegar ao castelo. Provavelmente pela manhã vão saber que o rei morreu e não íamos conseguir nos mover até lá em segurança. -ela respondeu, acho que não era muito bem essa resposta que queríamos ouvir.

Cada vez que ela respondia, eu apenas ficava mais confusa. Ela nunca dá respostas inteiras ou coisas que me façam entender o motivo disso tudo.

-Por que precisamos de tantos guardas? -perguntei, afinal, das vezes que fui até o castelo, não lembro que nenhuma foi necessária tantos guardas assim.

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