Capítulo IV

153 35 15
                                    



Knight estava agindo estranho. Alice sabia disso. Por que de repente ele quisera ajuda-la? Tamanho interesse repentino deixava a garota hesitante. Ele a guiava por entre os alojamentos de forma rápida e ágil, não deixando que eles fossem vistos.

Algo em tudo aquilo provoca um fervor no peito de Alice. A garota sabia que não importava o que eles fossem fazer, aquilo seria errado. A atração pelo o que era errado sempre fora inevitável na vida dela.

- Por que estamos aqui? – Ela indagou ao se deparar com uma grande porta de madeira de um chalé com teto de palha.

- Temos que pegar algo.

Knight estava tão hesitante e cauteloso a cada movimento que fazia que Alice acabou achando graça. O que havia de tão perigoso naquele chalé?

- O que tem aqui?

Ele pediu silencio.

- Knight, o que tem aqui?

- Cale a boca! – Ele se virou, fazendo um movimento com a mão direita que fez a garota dar um passo para trás. Knight levou o indicador até o meio dos lábios da garota e ficou fitando-a, os olhos arregalados. No mesmo momento, uma velha surgiu do lado esquerdo do chalé.

A velha era corcunda e usava um manto azul-marinho. Seu nariz de gancho sobressaia as inúmeras rugas que tomavam seu rosto. Alice arqueou as sobrancelhas ao ver os olhos brancos da mulher. Ela era cega, mas parecia rápida. As mãos esqueléticas tinham as unhas bem cortadas e alinhadas. Ela continuou a andar, deixando-os para trás.

- Ela é a guardiã do chalé. – Knight sussurrou, indo na direção da grande porta de madeira, abrindo-a, provocando um leve rangido que chamou a atenção da velha, mesmo já estando distante. Alice tinha razão. A velha era ágil e veloz. – Entra logo! – Knight a agarrou pelo braço e a puxou para dentro, encostando a porta. Ele tentava controlar sua respiração.

O chalé em si não era lá grande coisa, com inúmeras prateleiras empoeiradas e inúmeros livros. O piso era de madeira e inúmeras estantes estavam dispostas nos dois lados do lugar, deixando-o estreito e um tanto claustrofóbico.

- O que viemos pegar aqui? - Ela indagou.

Ele não a respondeu.

- Por que está me ajudando?

- Meu deus, você não consegue calar a boca!?

- Só quando você me responder o que quero saber. Você me odiava e agora está me ajudando, por quê?

Knight bufou, vencido.

- Primeiramente, eu não gosto de você, só porque estou te ajudando não significa que isso mudou. Segundo, eu não gosto de Alistair. Ele me tirou algo que talvez eu nunca venha a recuperar.

- O que ele...

- Fique quieta. Você queria respostas, então agora vai ouvi-las.

Alice engoliu em seco.

- E terceiro, estamos procurando uma espécie de frasco. O frasco em si é transparente e o líquido de dentro é acinzentado, porém tem uma aparência metálica. Agora, pare de ser tão mimada e me ajude a encontrar esse merda.

A garota não disse mais nada, apenas abaixou os olhos e começou a procurar pelo frasco. Havia, numa das estantes, um livro aberto ao lado de um punhal com uma bainha feita de couro. Ela era linda e captou os olhos de Alice.

- Hey – ele chamou – o que está fazendo aí parada?

- Eu só...

- Não toque em nada.

Voodoo Doll - O DespertarOnde histórias criam vida. Descubra agora