Capítulo VII

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O garoto mantinha os olhos baixos.

Eles haviam saído pelos fundos, conforme Max os guiara. Sempre com poucas palavras. Sem expressão. Alistair os guiou assim que saíram do prédio de Bastry, já invadido pelos guardas do Conselho. Agora, eles estavam numa casa de madeira, típica de regiões litorâneas, porém ali não havia mar algum. A área em que estavam era chamada de Os Campos, onde o terreno era linear, sem nenhum buraco sequer, como se a erosão não pudesse tocá-lo.

A casa tinha três andares, contando com o sótão. Alistair se desculpou, dizendo que havia tempo que não visitava a casa, o que justificava a poeira e algumas teias de aranha que foram encontradas.

Alice ainda não entendia o que sei-lá-quem via nas Voodoo Dolls. Elas sempre estiveram ali, renegadas da sociedade. Agora o Conselho as queria mais perto deles e um louco colocou preço na cabeça de cada uma delas.

- Eu não consegui saber o local. – Alistair respondeu à pergunta de Knight. Os homens estavam na cozinha. Knight tinha os braços apoiados sobre um balcão empoeirado. A casa tinha inúmeras janelas, que iam do piso de linóleo até o teto.

- Então não temos nada. – A voz de Knight estava, como sempre, carregada de desprezo.

- Não é verdade... – Ele olhou para Alice, percebendo que ela os observava. – Talvez tenhamos mais do que pensamos...

Alistair convencera Alice de conversar com Max. O garoto, nos poucos momentos em que falara com a loira, dissera que ajudava Bastry em algumas situações – uma delas era quando o homem vestido de púrpura precisava analisar um mapa e não conseguia. Ela deduziu que, talvez, o garoto soubesse aonde ficavam as bruxas.

- Max... – Alice chamou, a voz serena para não o assustar.

O garoto ainda olhava seus pulsos. Ele estava livre. Não havia corrente alguma prendendo-o. Ele levou a mão com um gesto suave até o pescoço, acariciando a pele rosada.

- Max... – Ela chamou novamente, os olhos verdes do rapaz focalizaram-se nos dela. – Preciso que nos ajude...

Ele não respondeu. Os lábios estavam secos e os olhos piscavam lentamente.

- Preciso que me diga onde estão as bruxas. – Finalizou Alice, sentando-se ao lado do garoto, na frente da lareira da sala de estar. O sofá que estava na frente deles era mil vezes mais tentador do que o chão em que sentaram.

- Foi...foi um erro...

Alice se surpreendeu ao ouvir os nuances principais da voz dele.

- O que foi um erro, Max?

- Foi um erro... – Ele a encarou – foi um erro salvá-la...

Naquele momento, o garoto agarrou um pegador de brasa do lado esquerdo da lareira e a atacou. Alice desviou do objeto pontiagudo, gritando por instinto. Ela caiu de costas. O garoto subiu em cima dela.

- Foi um erro... meu erro... – o tom de voz de Max assumiu certa melancolia. – Ele vai me machucar de novo... – Uma lágrima começou a escorrer da bochecha do rapaz. – Ele vai... – Nesse instante, Vincent apareceu, agarrando-o pelos braços, lançando-o para trás, fazendo com que o pegador de brasa tombasse.

- Não precisa machucá-lo. – Ela avisou ao ver Kight segurando-o, levando-o para um quarto no piso superior.

- Não vou machucá-lo, apenas vou garantir que ele não mate ninguém! – Retrucou ele, subindo os degraus com firmeza.

Voodoo Doll - O DespertarOnde histórias criam vida. Descubra agora