Alice ainda estava paralisada.
Como era possível que Vincent estivesse ali? Seu rosto cheio de respingos de sangue se misturando com seu suor era tão real quanto os batimentos doloridos do coração de Alice. A garota sentiu a machadinha esquentar em sua mão. Talvez houvesse mais um traidor entre eles.
Ela começou a correr na direção dele, mas antes que pudesse alcança-lo, Lena se jogou sobre ela, segurando-lhe a cintura enquanto rolavam pelo chão. Alice se apoiou nos braços, procurando pela machadinha que escapara de seus dedos. A loira gritou e, com um socou, lançou Lena para o lado. A mulher de pele escura se ergueu rapidamente, pulando sob Alice.
- Não o mate! – Lena implorou para a garota enquanto segurava seus ombros contra a terra. – Ele não está aqui para nos machucar!
Alice rangeu os dentes, os olhos destorcidos pela fúria que emanava de sua respiração.
- Você não precisa matar, Alice! – Algumas lágrimas rolaram do rosto da mulher, seu cabelo trançado estava chamuscado e as mãos dela relaxaram ao redor dos ombros da garota. – Já acabou. Está tudo terminado...
Então, Alice socou-lhe a garganta, tirando o ar de seus pulmões, vendo-a tentando recuperar o folego enquanto Alice apanhava sua machadinha, apontando-a para Lena.
- Por que não me contou? – Suas narinas dilataram.
- O que?
- Por que não me contou que Vincent estava aqui!? – Ela berrou para a mulher, desarmada e numa posição defensiva, os braços tremendo na frente do corpo, as mãos espalmadas.
- Você o conhece?
Alice franziu o cenho e apertou sua mão ao redor do cabo de madeira.
- Não fazia ideia, Alice. – As lágrimas de desespero ainda se faziam presentes nos olhos de Lena. – Eu juro que não sabia.
- Falamos que éramos do refúgio. Contei sobre a morte de Alistar! – Alice ergueu a machadinha. – Você podia ter nos contado, mas não o fez.
- Alice... – Ela tentou impedi-la de continuar, mas as palavras voavam dos lábios dela tão ávidas quanto uma fera.
- Você me mostrou o acampamento! Me mostrou a ala dos feridos! Vincent estava lá! – Os gritos de Alice abafaram os passos de Vincent. – Me de um bom motivo para que eu não te mate aqui e agora. – Ela pediu, os olhos marejados e mão ainda firme.
- Ela me salvou, Alice. – Vincent surgiu ao lado dela, as mãos ainda endurecidas e com um tom arroxeado, decorado com tons de vermelho.
A garota se virou, a machadinha agora apontada para ele.
- E você... o que está fazendo aqui?
- Como é? – Ele indagou.
- Você está aqui, agora! – Alice sentiu as lágrimas pulando de seus olhos, como se saltassem em direção a um lago. – Mas aonde você esteve quando eu precisei!? Quando Endy precisou!?
Alice arremessou a machadinha para longe, sentindo os movimentos de seus braços com uma textura grosseira, uma mistura de suor e sangue seco. – Merda! – Ela caiu sentada, as pernas sendo levadas até o rosto. – Você não estava lá... Endy está morta... eu não pude fazer nada...apenas a assisti morrer.
Vincent se ajoelhou ao lado dela. Usava um casaco marrom e um par de calças feitas de trapos.
- Sinto muito. – Ele colocou a mão sob o ombro dela quase de forma receosa, como se ao tocá-la aquilo pudesse fazer com que sua mão ardesse em chamas.
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Voodoo Doll - O Despertar
AdventureO que você faria se pudesse caçar as trevas que existem em seu próprio ser? Alice Lovett sabia que não deveria existir, afinal, existia apenas porque alguém não a desejara. Os humanos chamam o procedimento da origem de Alice de aborto, mas ha duas...