- Max?! – Alice chamou ao entrar na casa. Tudo parecia perfeitamente organizado. Teriam os guardas chego exatamente na mesma hora que eles?
- Vamos checar o andar de cima. – Knight anunciou como numa forma de convite, subindo os degraus de dois em dois.
Alice passou pela sala para alcançar a escada, observando o sofá no qual adormecera dias atrás. Queria se deitar, descansar a cabeça, colocar Poetry num lugar seguro e sentir suas costas estalarem enquanto uma onda de prazer percorria seu corpo, acompanhado de um bocejo, um gole d'agua e o leve fechar das pálpebras. Mas seus sonhos poderiam ser perigosos. Ela sabia que, se dormisse naquele momento, sonharia com Knight, vendo-o quebrar o pescoço de Vincent. E se aquela visão tivesse sido um alerta? Mesmo com a raiva queimando dentro de seu corpo a respeito de Lucy, a garota ainda se lembrou do que ela dissera: o seu inimigo está mais próximo do que pensa. Alice achara que ela se referira a Alistair, logo que descobrira seu plano. Mas e se não fosse o homem que ela matara seu verdadeiro inimigo? E se fosse Knight, que agora caminhava rapidamente pelo corredor, abrindo as portas dos quartos.
Ela entrou no quarto principal, sentindo o cheiro do perfume de Alistair ainda no ar daquele aposento. A cama estava desorganizada, sinal de que ou Max mudara de quarto – a opção mais improvável – ou então Steffan havia entendido a frase "fique à vontade" ao pé da letra.
- Não consigo encontra-los. – Knight voltou de forma brusca, fazendo a garota recuar. Ele franziu o cenho.
- Vou checar os outros lugares. Veja se encontra algo.
Apenas depois de vê-lo descendo as escadas, Alice relaxou, sentindo as lágrimas rolarem por seu rosto novamente. Como ela poderia pensar que ele poderia matá-la? Para que sua mente se desligasse, Alice decidiu acreditar que ele não era seu maior perigo, o que era, de fato, verdade. O Conselho era muito pior. Uma ameaça. Um câncer que se alastrava pelas ruas e todos os becos do mundo paralelo.
A garota andou até o quarto em que lembrava-se ser o de Max, vendo as janelas abertas, o vento bagunçando as cortinas beges que não estavam ali antes. Ela colocou Poetry sob um baú que descansava na frente da cama, esta organizada. Algo rolou atrás da garota, fazendo-a virar, os cabelos acompanhando seu movimento, um amontoado de fios loiros formando uma onda.
- Max? – Ela chamou por ele e, de repente, dois corpos se materializaram na sua frente, Steffan com uma camisa social aberta e os cabelos desgrenhados ria descontroladamente, as costas coladas no chão. Max caiu por cima dele, os olhos baixos e preocupados, tossindo. Parecia engasgado. Alice andou até Steffan, agarrando-o pelo pescoço, vendo suas risadas serem interrompidas pela falta de ar em seus pulmões.
- O que você fez com ele? – Ela gritou e, de repente, Knight apareceu na porta do quarto.
- Eu o salvei. – Ele disse por entre uma abertura de ar, ocasionada pelo relaxamento do aperto de Alice.
- Max. – Alice resolveu ignorar Steffan, ajudando o rapaz a se levantar. Ele usava uma camisa de mangas curtas preta e uma calça jeans azulada. – Onde conseguiu essas roupas?
O garoto apontou para Steffan.
- Nós precisávamos de ajudar e você saiu por aí comprando roupas!? - Alice o atacou com suas palavras.
- Não sei se você sabe, fofa, mas a classe vem em primeiro lugar. Que lugar nos aceitaria se parecêssemos mendigos maltrapilhos? Ou então se parecêssemos... – Ele olhou para ela antes de acabar a frase.
- Voodoo Dolls. – Ela completou. – Conheço o ditado. – Ela cuspiu a frase, engolindo em seco, a fúria em seus olhos se misturando com a dor e frustação.
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Voodoo Doll - O Despertar
AventuraO que você faria se pudesse caçar as trevas que existem em seu próprio ser? Alice Lovett sabia que não deveria existir, afinal, existia apenas porque alguém não a desejara. Os humanos chamam o procedimento da origem de Alice de aborto, mas ha duas...