Seus pés ardiam.
Alice corria de forma veloz, saltando de buracos e desviando de galhos que tentavam agarrar seu rosto. O homem roliço estava cada vez mais perto do acampamento, da onde vozes grosseiras e risadas emanavam como uma sinfonia barbara. A loira saltou, conseguindo agarrar um dos pés do homem, observando-o cair, seu peso sendo passado para o braço de Alice, que reclamou, fazendo a garota grunhir.
- Você! – O homem a olhou com nojo e fúria. – Você tem que morrer! – O homem tinha cabelos tão loiros quanto os dela, com olhos castanho-escuros e uma barriga pesada, que pressionava Alice contra o chão enquanto suas mãos agarravam sua cabeça. – Você não vai me impedir!
Alice sentiu o chocar de sua cabeça contra o chão, a figura do homem encima de seu corpo começando a distorcer-se. Mais uma batida. Ela sentiu ânsia. Ela sabia que tinha de sair dali ou, então, todos morreriam.
- Meus homens atacarão hoje, garota. Você está acabada... – O roliço dizia enquanto Alice escorregava seu braço para o lado direito, alcançando um galho pontiagudo, cravando no ombro do homem; um erro causado pela sua tontura, já que havia tentado mirar no pescoço dele. – Vadia!
Ela socou-lhe o rosto antes que o homem pudesse atacar-lhe novamente. Alice girou seu quadril, acertando seu queixo protuberante que fez os dentes dele tremerem. Ela montou em suas costas, derrubando sob os gravetos, ouvindo praguejar algo.
- Por que está fazendo isso? – Ela indagou.
Não houve resposta.
- Quem mais está com você!? – Ela gritou para ele.
- Todos nós...
Alice franziu o cenho, os olhos ardendo enquanto as mãos apertavam o rosto dele contra a terra.
- Todos nós estamos contra você...
Alice dilatou as narinas e sentiu seus músculos se contraírem.
- Você irá morrer. – O homem riu, a terra decorando seu lábio inferior. – Assim como todos aqueles que tenta proteger.
- Não! – Ela gritou com toda sua força enquanto batia o rosto dele contra uma rocha que não estava longe deles, quase como se já soubesse que seria usada. – Não! Não! Não! – Por fim, havia sangue espirrado pela rocha outrora cinzenta, enquanto pedaços do rosto dele se infiltravam no chão. Alice tombou para trás. – Não... – Ela levou as mãos ao rosto e, depois, as passou pelos seus cabelos lisos, tentando não chorar ali, ao lado do homem que acabara de matar.
Ela virou seu rosto para a direita, deixando que seus ouvidos a guiassem. As risadas haviam parado. Alguns gritos começavam a se fazer presente. Estava começando. Alice tinha de fazer algo.
Passando pelos galhos frios e duros, Alice alcançou o acampamento a tempo de ver um homem tendo sua garganta destroçada, seu sangue brilhante voando de as garganta, ao lado de uma criança, que chorava desoladamente. Seu assassino se levantou, a faca que utilizara bebendo do sangue do homem enquanto este a levantava, pronto para tirar a vida de uma menininha de cabelos presos com duas chuquinhas.
Com um grito, Alice derrubou o homem, dando uma janela de tempo para que a menininha se levantasse e corresse. Ela sentiu seus braços rolando contra a terra fofa. Alice se levantou, os braços empurrando o homem para longe enquanto os olhos buscavam por uma faca.
O homem tinha uma testa marcada por rugas, um nariz de batata e bochechas avermelhadas, uma barriga redonda e mãos firmes. Alice se preparou para o próximo ataque, mas antes que fizesse algo, Knight apareceu, agarrando o pescoço do homem, quebrando-o, seus ossos estalando por entre os gritos.
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Voodoo Doll - O Despertar
PertualanganO que você faria se pudesse caçar as trevas que existem em seu próprio ser? Alice Lovett sabia que não deveria existir, afinal, existia apenas porque alguém não a desejara. Os humanos chamam o procedimento da origem de Alice de aborto, mas ha duas...