Capítulo VIII

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Alice não conseguia respirar, as mãos frias de Lucy pressionavam sua traqueia.

- Alice? – Ela ouviu Max chamar por seu nome e o ouviu dar os primeiros passos para descer do segundo andar. Lucy arregalou os olhos.

- Vamos dar oi para o seu amiguinho? – A mulher com o rosto de caveira largou Alice, que respirou profundamente, puxando o máximo de ar que seus pulmões podiam suportar.

- Deixe...deixe ele... – Alice tentou dizer, mas o ar ainda lhe faltava até que por fim, ela gritou: - Max!

Lucy olhou para trás, fuzilando-a, seus seios rosados sendo iluminados pela luz da tarde que entrava pelas janelas verticais.

- Alice? – Indagou o garoto na beirada da escada, dando de cara com a mulher.

- Olha... até que você é bonitinho. – Ela sorriu.

Alice se apoiou nos braços e se levantou, jogando seu corpo contra o da mulher, derrubando-a no chão.

- Corre! – Berrou a loira para Max, que não conseguia se movimentar. Seu corpo paralisou.

- Vai se arrepender disso! – Então Lucy segurou os fios do cabelo de Alice e bateu a cabeça d agarota contra a parede repetidas vezes, até que ela perdesse a consciência.

Alice sentiu seus pulsos pertos por uma corda exageradamente apertada. Sua respiração estava pesada. Aonde ela estava sendo levada? Lucy a havia colocado dentro de um saco cinzento e agora a arrastava por algum lugar feito de cascalho, que machucava as costas da garota. A mulher com o rosto de caveira deveria ter uma força admirável já que conseguia arrastá-la com a mão direita enquanto arrastava Max com a esquerda.

Seu coração estava acelerado e a garota tentava raciocinar em meio ao desespero, que parecia silenciar seus lábios. Alice mexeu os braços e sentiu uma corda prender sua garganta. Ela não a havia sentido antes. Outro movimento do pulso e a corda se apertou ainda mais, fazendo-a tossir. O que era aquilo?

Alice sentiu seu corpo queimar. Arder. A garota mexeu a perna e a corda também se apertou, começando a tirar-lhe o ar. Alice virou a cabeça como um reflexo e, assim, a passagem do ar foi interrompida, deixando seus pulmões sedentos por oxigênio em poucos segundos.

Ela arregalou os olhos. Não podia gritar. Não conseguia se livrar daquela corda maldita. Então, como se Lucy atendesse suas preces, ela jogou o saco para longe, fazendo a garota rolar e a corda se apertar uma última vez em seu pescoço e, em frações de segundos, desaparecer completamente.

- Gostou do brinquedinho, garota? – Lucy sorriu para ela. Alice esfregava o pescoço com as duas mãos, retomando o fôlego, sentindo o local, onde a corda estivera, dolorido e áspero. – Eu costumo usá-lo para minhas preliminares. – A mulher gargalhou e andou até ela, soltando o saco que trazia Max. O garoto não parecia ter tido problema algum com a corda.

Alice tentou soca-la assim que ela se aproximou, mas caiu com os cotovelos ao chão, sentindo um choque doloroso percorrer seu corpo. O terreno era duro e infértil. Árvores negras, finas e cruéis estavam por todo o lugar. A loira olhou mais para frente, sentindo o calor emanando, distante, de uma enorme fogueira. Naquele instante, ela sabia que tinha de sair dali. Ela tinha que sair da Floresta dos Condenados.

- Você é corajosa, garota. Gosto disso. – Lucy correu e agarrou, segurando-a pelo pescoço e erguendo-a a centímetros do chão. – Mas eu não sou seu inimigo aqui. – A mulher com rosto de caveira e sem nenhum resquício de timidez lançou Alice para o lado direito, fazendo-a rolar e bater contra uma árvore. Lucy sorriu, exibindo seus belos dentes esbranquiçados.

Voodoo Doll - O DespertarOnde histórias criam vida. Descubra agora